Introvertendo 52 – Vida após a morte

Filosofias de vida, crenças e/ou reflexões, já escolheu a sua? A incerteza sobre a existência de vida após a morte intriga a humanidade ao longo da história. Neste episódio, nossos podcasters tentam explorar de forma pessoal este tabu que envolve ciência, filosofia, religiões e culturas, além de alguns autores interessantes que se debruçaram sobre o tema.

Participam desse episódio Marcos Carnielo Neto e Tiago Abreu.

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Transcrição do episódio

Tiago: Olá pra você que escuta o podcast Introvertendo que é esse espaço pras autistas que reclamam sobre a vida e o universo. Meu nome é Tiago Abreu.

Marcos: Meu nome é Marcos e hoje a gente vai falar sobre filosofia de vida.

Tiago: Ou se você preferir, vida após a morte. Aqui nós vamos falar sobre as nossas reflexões, também as discordâncias que a gente tiver com relação a esse assunto.

Bloco geral de discussão

Marcos: Vida após a morte! Eu acho que essa pergunta já vem aparecendo na mente humana desde os primórdios até antes da civilização surgir, porque eu acho que até os homens da caverna pensavam nisso e o questionamento da mortalidade é algo que passa na mente de todo ser humano, em algum ponto da vida, pro ser humano racional, pelo menos. Essa pergunta tão importante na filosofia, que é o questionamento da nossa mortalidade, é o que a gente vai tentar discutir hoje a partir dos nossos pontos de vista, principalmente do meu. Eu, como autista, passo muito tempo na minha própria mente, pensando sobre existência e sobre a vida. Então, eu tive muito tempo pra pensar sobre uma filosofia de vida complexa e eu gosto de filosofia também, eu gosto de estudar, alguns filósofos ressoam comigo extremamente bem e esse episódio a gente vai discutir sobre tudo isso.

Tiago: Só queria dizer que a única certeza que eu tenho é que sete palmos da terra me esperam (a menos que eu seja cremado).

Marcos: Joguem minhas cinzas no mar por favor.

Tiago: Tá. Então nós vamos lá a pergunta de um milhão de dólares, você acredita na vida após a morte?

Marcos: Aí a gente teria que definir o que é vida, né? Materialmente falando, vida é simplesmente o processo biológico que acontece nos organismos. Então a partir do momento que a pessoa morre e ela começa a desintegrar, simplesmente a consciência deixa de existir. Então, em resumo, não. Não existe vida após a morte, isso pra mim é basicamente uma certeza, é algo que nem eu me importo mais, é algo que eu tenho como 100% garantido.

Tiago: Por que você acha que muita gente acredita em vida após a morte?

Marcos: É uma pergunta bem legal que eu passo bastante tempo pensando sobre o porquê das pessoas serem tão apegadas essa ideia de vida. E a verdade é que a maioria das pessoas não conseguem aceitar a própria mortalidade. Eu acho que a mortalidade na sociedade é um tabu, em que a vida é elevada a um status místico e sagrado e colocado acima de tudo, e a morte como sendo algo que deve ser completamente evitado. As pessoas sabem que vão morrer, mas elas não aceitam esse fato. Uma hora ou outra ela vai acontecer, é inevitável, é algo que deve ser aceitado. Eu gosto de honestidade intelectual, então eu não gosto de adoçar. Eu gosto de pensar em tabus e o porquê das coisas, eu questiono tudo, eu gosto de questionar tudo na vida, o porquê das coisas e como autista eu tenho a tendência de me isolar muito. E depois de vários tempos, muito tempo pensando sobre a existência, depois de passar por várias crises depressivas em que a vontade de viver desapareceu completamente, eu percebi que nesses momentos foram inclusive os momentos de depressão os momentos mais clareadores na minha mente. Porque a partir do momento que você perde aquele instinto natural de querer sobreviver, você pode pensar sobre a existência de uma forma mais objetiva, sem algo que deve ser buscado a todo custo. Então, eu percebi que a morte é simplesmente mais um processo natural da existência. E a maioria das pessoas não consegue aceitar isso, OK?

Tiago: Aí vai uma pergunta bastante controversa, a partir do que você falou, você acha que todas as pessoas que digamos assim, perdem a vontade de viver, estão num processo racional, dessa perda de vontade ou é algo específico seu?

Marcos: Diria que isso é algo exclusivo meu. Porque o instinto de sobrevivência é algo natural que tá enraizado na mente de todos os seres vivos, porque a seleção natural acabou selecionando esse tipo de indivíduo. Então, inconscientemente todo mundo tem essa busca incessante por estar vivo. E a partir do momento que o seu consciente começa a perceber que isso não tem muito significado e que a vida é só mais um processo natural no meio de tantos outros num universo, eu acho que a partir desse momento ele perde a noção de ser sagrado, porque a sociedade também impõe uma uma noção muito rígida sobre o que é a vida e existência. A vida é tida como algo sagrado que deve ser preservado todo o custo e buscado a todo o princípio, inclusive a ética por exemplo diz que a vida está acima de tudo. Então, por exemplo, você tem casos éticos em que a pessoa tá na beira da morte, que um ponto de vista mais técnico, mais racional, ela estaria melhor morta do que viva. Mesmo assim os médicos vão continuar a fazer com que a pessoa continue viva. Mas qual o sentido de viver uma existência na qual você só tem sofrimento? Até porque a existência às vezes é bem desinteressante.

Tiago: Você fez uma comparação com relação a questão da eutanásia e, de certa forma, com a questão da depressão. A eutanásia é um recurso muitas vezes usado quando não há nenhum tipo mais de ação a ser feita, não tem mais regressão. E a depressão é um estado, ela pode passar, ao mesmo tempo que tem indivíduos em que a depressão é um processo praticamente permanente, mesmo com vários tratamentos. Com relação a isso, qual diferenciação você faz com relação a depressão, a falta de vontade de viver da depressão, com o Estado e a questão da eutanásia?

Marcos: Bom, o nosso país é muito atrasado nessas questões éticas e médicas ainda, o Brasil é extremamente atrasado e conservador nessas questões. Então, eu não vou nem começar a discutir sobre isso. Mas a Suíça e a Bélgica, eu acho, são dois países europeus, e já deram a depressão como sendo um motivo pra pessoa buscar o suicídio assistido. Se uma pessoa que já passou por várias tratamentos de depressão e tem um laudo comprovando do psiquiatra que nenhum tratamento deu certo e que ela já não tem mais a vontade de viver, ela pode pedir. A minha filosofia resumidamente é: a vida não tem nenhum status acima da morte e pra mim os dois são processos equivalentes no ciclo natural da existência. E eu já vou avisando o pessoal que tá ouvindo que a minha filosofia de vida é categorizada como pessimista. E eu já vou falando logo que existe um tabu muito grande, inclusive dentro da filosofia, sobre filosofias pessimistas, então nem todo mundo gosta. Eu tenho alguns autores favoritos, eles são principalmente especialistas pessimistas. Então, o primeiro deles que eu gosto bastante é o Schopenhauer.

Tiago: Nosso queridíssimo rabugento.

Marcos: A filosofia dele é bem pessimista, eu acho que ele devia sofrer depressão crônica na época. Isso fazia com que a visão de vida dele fosse bem pessimista mesmo. Dizia que a existência humana é puro sofrimento por causa exatamente da nossa vontade de viver. As pessoas acabam ficando infelizes por causa do conflito entre a expectativa e a realidade. E a vida é sobre isso, sobre esse essa relação conflituosa das nossas expectativas da realidade em si que é que acaba nos tornando miseráveis por dentro por ser extremamente conflituosa, sabe? A gente tem esse desejo de viver. Alguns outros filósofos já falavam do conceito da existência da expectativa e da existência ser uma uma porcaria bem antes dele, até milhares de anos antes, a diferença tá na conclusão dele. Eu aceitei o fato de que o nosso conhecimento nunca pode ser tido como universal e absoluto. Então, tudo deve ser questionado. Então, eu gosto da filosofia de muitas coisas que ele fala, eu acho que ressoam comigo, principalmente a vontade de viver, que é o instinto básico que move a existência humana, isso eu concordo com ele. E aí, as conclusões eu acho que cada indivíduo deve tomar para si próprio, porque eu percebi que nenhuma filosofia é universal, porque nenhuma experiência é universal. Então, por exemplo, eu falo que do meu ponto de vista, eu acho a existência uma uma droga mesmo e é um sofrimento puro na maior parte, por causa da relação entre as expectativas e a realidade em si. Eu percebo que isso é um caso em todas as pessoas que eu conheço ao redor também. Apesar de elas não serem tão abertas e pensarem sobre isso bastante, eu percebo que também elas sofrem com essa relação conflituosa e eu vejo todo mundo, na verdade, penando na vida, eu não conheci uma pessoa que seja feliz de verdade. Porém, devido ao tamanho pequeno da minha, da minha amostragem aqui, então, eu não posso falar que isso é universal.

Tiago: Você falou sobre as pessoas ao seu redor e isso me fez pensar na tendência que nós, principalmente, como autistas, mas as pessoas geral de conviverem, de socializarem com pessoas que estão em condições parecidas socioeconomicamente. Nós somos universitários, universitários costumam sofrer mais, pensar mais nas coisas. Então, eu penso que o cara que tá sete horas da manhã de pé, ouvindo o Grupo Revelação com cervejinha na mão e lavando o carro, ele pode ser uma pessoa infeliz em vários aspectos, mas eu acho que também ele pode ser uma pessoa feliz.

Marcos: Eu discordo porque isso é uma generalização muito brusca pra falar a verdade, porque o que eu falo das pessoas ao redor de mim, eu não tô falando só dos meus amigos, eu acho que isso é uma condição quase universal humana. E apesar desse ser que você descreve parecer estar bem, mas muitas vezes quando você vai analisar ele de uma forma mais mais profunda, você vê que ele também leva uma vida que, na verdade, é puramente sofrido. Eu vejo que a gente tem uma tendência maior a ser pessimista, mas isso é por causa duma aparição maior de depressão entre a gente, mas enfim, uma pessoa, a diferença entre outra pessoa pessimista e uma pessoa otimista está de como ela lida com o fato da existência ser sofrível. O pessimista aceita o fato de que a vida é sofrimento e muitas vezes ele foca mais nisso como um geral, mas a pessoa otimista tá feliz o suficiente pras experiências boas compensarem as experiências ruins, só que eu percebi que o cérebro humano evoluiu de uma forma muito amaldiçoada porque a gente responde a eventos ruins e a dor muito mais fortemente do que eventos bons e prazerosos, porque isso faz sentido evolutivamente. A dor ajuda muito mais na sobrevivência do que o prazer.

Tiago: Inclusive a nostalgia eu acho que é um símbolo maravilhoso disso, porque a nostalgia é geralmente dolorosa, triste, de um momento bom da vida que ficou no passado.

Marcos: O filósofo que eu gosto e que eu concordo cem por cento que basicamente é a minha filosofia de vida é um filósofo norueguês chamado Zapffe. Eu acho que é quase completamente desconhecido e ele argumenta que o problema da existência humana é o aparecimento da nossa consciência. Hoje a gente sabe que a parte responsável pela parte consciente do cérebro é o neocórtex, que é a parte frontal do cérebro e é uma parte que evolucionariamente surgiu a uns 500 mil anos da forma moderna como a gente tem hoje. Alguns autores argumentam até que o neocórtex humano começou a se desenvolver mesmo de forma bem superior a qualquer outro animal que a gente conheça há uns 300 mil anos atrás, já trezentos e cinquenta mil anos atrás. Então, há mais ou menos pelo menos trezentos mil anos atrás a consciência humana evoluiu de uma forma que tornou a nossa existência miserável, porque um ser que é racional demais começa a olhar para a existência e perceber a futilidade da existência. No meu ver, filosófico, o único motivo da existência, essa força motriz biológica por trás de toda ação, que é o seu impulso de querer buscar é o que praticamente o que o chamava de motivo de de viver, que é esse impulso biológico de você querer reproduzir, comer, viver e querer se sentir bem. Um animal que não é racional simplesmente vai ser guiado por esse sentidos. Essa parte do neocórtex que cresceu demais e deixou a gente consciente das nossas próprias dos nossos próprios pensamentos e consciente do nosso próprio ser. Então, é tipo como se fosse uma perspectiva externa da gente mesmo. E foi aí que a evolução desgraçou a nossa existência, de acordo com a minha filosofia de vida, porque a gente se tornou racional demais e a gente começou a perceber que a partir da análise da nossa existência a gente percebe que não existe um sentido objetivo para nossa existência.

Tiago: Uma das formas que eu percebo do ponto de vista social, de que as pessoas tentam criar significados para sua existência, é quando você com a noção de legado, que é quando a sua vida não é suficiente o bastante pra você deixar algo permanente, mas teoricamente aquilo que você faz ter um impacto na vida de alguém que tem impacto na vida de alguém, mas tudo vai se explodir e acabou. E aí, como lidar com isso?

Marcos: Não, isso é uma depois que você percebe a insignificância da vida. O que eu tô falando é essa primeira percepção de que a vida não tem um sentido objetivo, que é o que o racional primeiramente percebe e o que torna a nossa existência miserável. Esse choque de realidade, esse primeiro momento em que você percebe que não existe realmente de uma forma concreta, universal, um sentido que o objetivo pra vida. Daí que Zapffe começa a argumentar. Então, como que sendo assim porque então a maioria das pessoas ainda diz que a vida vale a pena, que a existência é algo que deve ser considerado? Se você chegar a falar que a vida é uma bosta, que todo mundo devia morrer, porque não tem sentido nisso, você vai ser crucificado, porque isso é tabu pra quase noventa e nove por cento das pessoas. Inclusive alguns indivíduos dizem que ser pessimista é doente, não é saudável. Então, o que que leva as pessoas, mesmo percebendo a finitude e o sofrimento da vida, como que elas lidam com isso? Aí ele fala que existem três modos principais que as pessoas usam para conseguirem lidar com esse conceito interno entre o racional e o irracional dentro da mente. O primeiro modo que as pessoas lidam com o fato da existência ser insignificante é distração. A distração é tudo que gera uma resposta positiva dentro do seu cérebro e que te tira a sua mente do vazio existencial. Tudo. Sexo, comida, assistir televisão, você conversar, socializar, enfim, tudo é distração, que você busca, sabe? O segundo modo do ser racional lidar com da existência lidar com a existência é ancoragem, o indivíduo se apega a essas noções criadas artificialmente por todos ao redor como se fossem verdades absolutas. A ancoragem é, por exemplo, as noções de vida, amor, família, religião, Deus, essas coisas. Um legado, por exemplo, também seria uma ancoragem. Elas são criações da mente humana. A religião serviu como um dos maiores tipos de ancoragem e essa questão de vida após a morte é uma das maiores ancoragens que as pessoas criam. E o terceiro ponto que ele fala é o mais raro de todos, a sublimação. Alguns indivíduos conseguem transformar esse vazio existencial em algo positivo na vida deles, transforma isso em arte. Ele era noreguês, então é um país muito lindo que tem uma natureza maravilhosa, então ele adorava ficar passando o tempo nas montanhas, inclusive aí tem uma montanha que tem um nome em homenagem a ele e ele percebia a futilidade disso, mas ele gostava e tipo, tudo é fútil na vida, mas ele fazia. E o ponto principal dele a antinatalidade. Então, como acabar com o sofrimento humano? Na vista e na concepção dele e minha é que, simplesmente, matar a racionalidade, levar a experiência em extinção. Não de uma forma genocida, ele não argumentava de uma forma pra você matar os humanos, mas simples ele argumentava que a antinatalidade seria a solução. A gente conscientemente escolher por nosso livre arbítrio não se reproduzir, não passar os nossos genes a frente e acabar com o ciclo de sofrimento racional.

Tiago: Eu acho que é importante a gente só fazer uma diferenciação do primeiro tipo do terceiro, que eu acho que talvez não fique tão claro pra quem ouvir, vamos fazer só uma confirmação pra ver se exatamente isso. A diferença entre o primeiro e o terceiro é que o primeiro é uma forma de fuga propriamente dita, enquanto a sublimação é uma identificação que você faz e você utiliza algo que poderia ser uma distração em algo positivo, produtivo.

Marcos: Exatamente. A diferença é na percepção, tipo uma pessoa que tem a sublimação, ela tem a noção de que a existência é um vazio de uma forma consciente. A maioria das pessoas busca distração de uma forma inconsciente e sem perceber. Inclusive ele levou a filosofia dele ao pé da letra, ele chegou aos 90 anos ironicamente, ele era casado, mas ele nunca teve filho. Ele escolheu não ter filhos e ele realmente não deixou nenhum descendente vivo na Terra e eu basicamente concordo e eu acho que uma pessoa que conseguiu sublimar bastante essa noção do vazio existencial foi que ele transformou ele.

Tiago: A gente falou várias coisas relacionadas a filosofia, mas como nós somos um podcast de autismo, eu queria entrar um pouco no universo do autismo acerca disso. Eu vejo com muita frequência autistas alternando entre períodos em que eles se dão muito bem com as distrações e outros momentos em que eles só querem morrer. O que você pensa?

Marcos: Eu vejo que o problema da vida é o conflito entre o seu inconsciente e o consciente. O seu consciente nunca vai achar uma justificativa concreta de verdade pra existência. Então, o jeito de manter ele quietinha no canto dele, o você tá distraído o suficiente pra você não tá pensando na existência, pra você não ficar olhando pro abismo, né? Nós autistas somos muito mentais, um cérebro superexcitado em constante movimento e muitas vezes a gente não consegue parar de pensar ou relaxar, é um aspecto meio de extrema ansiedade. No caso do autismo, a melhor solução é a vida coincidir o suficiente pro seu hiperfoco se alinhar com um jeito que dê pra você manter o estilo de vida, que você esteja distraído o suficiente pra não ficar pensando nas questões essencialistas. Não é o meu caso agora que eu sou basicamente a definição do fracasso, eu não vou esconder de ninguém que eu perdi vários anos no meu curso, não quero me formar mais, porque eu não tenho mais paciência e tô sem perspectivas de trabalho e de existência. Então, o que eu mais tenho agora é tempo pra ficar encarando. Eu não posso colocar açúcar na situação e falar que isso não é um problema pra autista, porque pra mim mesmo eu sou a definição do fracasso nesse momento da minha vida. Então, é difícil você não ficar encarando essas questões essenciais. E a gente também tem a tendência maior de desenvolver transtornos mentais, a depressão é o principal motivo de levar pensamentos pessimistas sobre a vida, né? Acho que só com medicamento mesmo e tentar tratamento pra tentar manter a depressão sob controle e cruzar os dedos, sinceramente, não tem outra, não tem mais nada que você possa fazer além de cruzar os dedos e esperar que a situação da vida se alinhe com seu hiperfoco e você consiga ficar distraído suficiente pra não ficar pensando sobre o vazio existencial.

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Equipe Introvertendo Escrito por: