Entendendo o autismo

O autismo é o nome popular dado ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), um diagnóstico inicialmente difundido na década de 1940 e que só chegou a definição moderna em 2013. É considerada uma condição diretamente relacionada com dificuldades de comunicação, socialização, e que também pode ser percebida por meio de comportamentos repetitivos.

A definição atual de TEA tem raízes no trabalho da psiquiatra britânica Lorna Wing, que na década de 1980 viu possíveis associações entre os trabalhos de Leo Kanner (o “pai” do chamado autismo clássico) e Hans Asperger (da Síndrome de Asperger). Ela observava o autismo como um espectro, ou seja, com variados níveis de manifestação das dificuldades. Essa noção levou muitos anos para realmente se popularizar, sendo finalmente enquadrada na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) em 2013. O CID-11, aplicado a partir de 2022, caminhou na mesma direção.

Para além de um diagnóstico médico, o autismo também se transformou em comunidade, que envolve autistas, familiares, especialistas e demais pessoas interessadas no tema. Por isso, há aspectos culturais em torno do autismo que fazem com que autistas, no ambiente da internet, interajam com frequência entre si.

Características

Além das características clássicas envolvidas nos manuais diagnósticos, autistas podem ter formas bem diferentes de interagir socialmente, que se manifestam de tais formas:

  • Pensamento rígido e dificuldades para entender as próprias emoções e emoções alheias;
  • Linguagem formal ou considerada pedante socialmente;
  • Dificuldades na coordenação motora;
  • Comportamentos corporais repetitivos;
  • Necessidade de rotinas;
  • Dificuldade em entender as nuances das relações sociais (que as pessoas comuns aprendem de forma automática);
  • Crises de sinceridade: Com a dificuldade de entender as nuances sociais, autistas podem não ser polidos o suficiente para evitar inconveniências (isso inclui falar o que verdadeiramente pensam);
  • Excesso de autocrítica;
  • Reatividade forte ou fraca a cheiros, sons, temperaturas e etc, o que normalmente é chamado de “hipersensibilidade” e “hipossensibilidade”.

Desconstruindo mitos

Além das características geralmente associadas a autistas, acreditamos que existem vários mitos – ou meias verdades – propagadas sobre pessoas com o diagnóstico de autismo, especialmente aqueles que foram classificados com a antiga Síndrome de Asperger:

  • Autistas não tem empatia: A noção de empatia é muito complexa e incompreendida. No caso dos autistas, ela pode se manifestar de forma extrema. Em certos aspectos, por exemplo, um excesso de empatia, a ponto de sofrer emocionalmente por outras pessoas, embora em outros há a dificuldade em demonstrá-la ou compreender fundamentos em torno de fenômenos sociais;
  • Autistas são gênios: Não. Apesar de existirem os chamados autistas savant, são raríssimos e não representam a maioria dos autistas. A mania de se ultraespecializar em um tema e atenção aos detalhes, muitas vezes, podem camuflar uma inteligência dentro da média. Além do mais, há uma parcela de autistas que possui deficiência intelectual;
  • Autistas são bons em ciências exatas: Autistas podem ser bons em suas áreas de interesse, que podem ser ciências em geral, mas também pode ser humanidades ou o que mais se interessarem;
  • Maioria dos autistas são assexuais: Até hoje não existem estudos que mostrem que a proporção de sexualidade em autistas seja diferente da população em geral. Na prática, você pode conhecer autistas heterossexuais, bissexuais, homossexuais, assexuais, além de outras identidades de gênero.

Saiba mais sobre autismo

Há muitas formas possíveis – e de qualidade – para se informar sobre autismo. Mas tudo depende de quem você é (familiar, profissional, autista) e de que tipo de abordagem sobre o tema você deseja (biológica, social, genética, etc). Por isso, focaremos em diferentes tipos de conteúdo que podem te auxiliar nesse processo:

-Livros

Artigos, dissertações e teses

Reportagens e notícias

-Outros conteúdos

  • Podcasts sobre Autismo: Playlist no Spotify com episódios sobre autismo de diferentes podcasts;
  • Revista Autismo: Maior publicação sobre autismo em revista na América Latina, a Revista Autismo soma reportagens, artigos e colunas com rigor e seriedade.
  • Lógica Autista: Outro podcast sobre autismo feito por autistas que tem um conteúdo descontraído e bem feito.
  • Adultos no Espectro: Um projeto que reúne conteúdos sobre autismo na vida adulta.