Introvertendo 50 – A Arte de Paul McCartney

Beatles, Wings, Fireman, solo, Paul McCartney é um dos nomes mais versáteis do rock mundial. Com base nisso, os jornalistas Pedro Henrique Quiste (do podcast 4theWin) e Tiago Abreu se juntam neste episódio especial para falar sobre a obra deste músico a partir de 1970 até 2019. São abordados os seus álbuns, singles, polêmicas e shows.

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Transcrição do episódio

Tiago: Olá pra você que escuta o podcast Introvertendo, este meio que traz episódios sobre música e que traz pessoas neurodiversas pra entreter você neurotípico e você também neurodiverso. Meu nome é Tiago Abreu e eu estou aqui hoje com um convidado especial que é o Pedro Henrique Quiste, que é um grande fã de Paul McCartney é por isso que ele está aqui pra dar os seus dons de sabedoria a nós meros mortais.

Pedro: Um prazer enorme estar aqui no Introvertendo falando sobre um dos maiores artistas, se não o maior artista da música, o Paul McCartney, aproveitar já pra fazer um jabazinho aqui, quem quiser me seguir no Twitter @ph_quiste e vamos pra esse podcast.

Bloco geral de discussão

Tiago: Então, antes da gente falar sobre Paul McCartney, seguindo o estilo dos episódios anteriores sobre música, eu acho que é importante falar como é que a gente conheceu a obra do Paul McCartney e tudo mais até chegar a esse ponto que tudo que ele lança a gente acompanha.

Pedro: A história com o Paul McCartney minha é pelo menos volta lá em 2011, 2012, foi a época que eu comecei a conhecer música de verdade também (risos). Mexendo computador do meu pai eu acho, 2011 mesmo, mexendo percebi a aba de música, não sabia o que que tinha lá, mas tinha pelo menos 10 GB de música, fui fuçando e do nada eu abri uma música dos Beatles, não fazia nem ideia de quem que era, Im Want to Hold Your Hand foi a primeira música que eu ouvi e desde lá eu fiquei fanático pelos Beatles.

Pelos quatro anos eu não sabia quem era quem, não conseguia me indicar John Lennon, identificar Paul McCartney, mas assim entrou 2013 teve um show do Paul McCartney aqui em Goiânia e mesmo não conhecendo direito eu já queria vir porque óbvio um Beatle, a maior banda da história da música. Desde então eu tenho virado fanático ao Paul McCartney, a cada ano que passa.

Ouvi o New com uns dois anos de atraso e depois agora Egypt Station eu acompanhei desde antes quando o álbum vazou na versão pirata, eu fiquei muito hypado quando saiu e “Get Started”, essas músicas recentes que têm saído como single. E é muito bom a gente poder acompanhar esse cara que mesmo 76 anos de idade e a gente pode considerar ele como no auge da música, né?

Tiago: A minha história com o Paul McCartney é um pouco diferente porque é a seguinte: eu já tinha ouvido falar sobre os Beatles quando era criança, mas eu não conhecia nada. E aí meu pai tinha um CD piratão em casa, que é um piratão que depois eu fui descobrir na casa do Luca que ele também tinha, então não é um negócio assim super raro, era um disco pirata chamado Elton John e John Lennon. As faixas ímpares eram sucessos do Elton John e as faixas pares eram do John Lennon. Então, eu passei a minha infância conhecendo mais a obra solo do John Lennon do que os próprios Beatles, propriamente dito.

E eu só fui mesmo, digamos assim, interessar em conhecer um pouco mais lá em 2011, 2012, quando eu ouvi o Sgt. Peppers, que eu gosto muito de ouvir a coisa do álbum, sabe? Desde pequeno, assim, eu gosto mais da experiência do álbum do que pegar músicas isoladas, só que não me interessou muito a princípio, depois eu ouvi Abbey Road, achei legalzinho, mas não suficiente para eu ficar preso. Teve o show do Paul McCartney em Goiânia e eu não fui e todo mundo da minha turma do ensino médio foi, sabe? Conheci um monte de gente que tinha ido.

E aí um ano depois, foi em 2014, eu ouvi o Back in the World, que é um álbum dele ao vivo. Já que as vezes eu tenho uma certa dificuldade em ouvir certos artistas por causa da gravação da época, vou tentar ouvir uma coisa mais recente. E esse disco dele tinha coisas solo, coisas do Wings e coisas dos Beatles. E aí foi a porta de entrada pra eu pincelar outras coisas. Aí eu ouvi muito o New, a edição de luxo, inclusive eu dei uma versão de luxo do New de presente de aniversário pro amigo meu. E aí eu não tenho esse CD, eu dei esse CDs de presente pra ele e eu não não tinha um CD.

E aí eu comecei, eu ouvi muito o New, ouvi muitos discos dele mais elogiados como o Tug of War, o Band on the Run, e aí eu acabei indo nessa vibe. E aí o foi o Egypt Station foi o primeiro álbum que eu acompanhei desde o início de lançamento e eu fico com um pouco de medo, sabe por quê? Toda vez que eu começo a acompanhar um artista e ele vai lançar o primeiro CD após eu começar a acompanhar, acontece alguma desgraça ou ele lança o disco muito ruim ou ele morre ou alguma coisa assim, sabe? Eu comecei a ouvir o David Bowie e aí eu acompanhei a sequência de lançamento do Blackstar e tudo mais, eu vi o disco quando vazou e aí dois dias depois ele morreu, eu fiquei, que merda sabe? Tinha dois anos que eu tinha começado a ouvir as músicas dele e aí ele morreu logo depois.

Pedro: Graças a Deus eu nunca tive problema com isso não (risos) mas eu torço que o Paul não morra porque tem show do Paul McCartney daqui a menos de dois meses, né? Agora já no final de março e até lá ele tem que tá bem vivinho da silva pra poder prestigiar, né?

Tiago: Pois é, ele não vai ter outro show em Goiânia e passou o tempo, mas ainda dá tempo de ver ele em algum lugar. Eu queria perguntar pra você qual é a sua música favorita dele em carreira solo, assim, juntando com o Wings também, que o Wings é praticamente uma obra solo dele, né?

Pedro: Então, eu já começo falando uma opinião impopular aqui, falando que o Wings é mais gostoso de ouvir do que Beatles, pra mim é melhor do que Beatles. Principalmente a fase inicial de 62 a 65 mais ou menos, eu acho que o mais gostoso de ouvir os Wings. E eu não dou conta de citar menos de três músicas favoritas, eu acho que Junk, Jenny Wren, Maybe I’m Amazed eu acho, acho que essas três. Dá pra perceber também que McCartney é um dos melhores dos meus álbuns favoritos, que é muito simples também, é muito legal de ouvir.

Tiago: Inclusive Maybe, se não me engano, ela é a única música que aparece na 500 melhores músicas de todos os tempos da Rolling Stone, é engraçado assim que eu compartilho até com você com essa questão da do Wings serem melhores de ouvir assim porque eu só gosto de ouvir Beatles do Rubber Soul pra frente. A primeira fase é muito boyband pra mim, sabe? E do Paul as minhas favoritas são, vou pensar aqui bem aleatoriamente, eu gosto de muito de Let Me Roll It do Band on the Run, Too Much Rain que é uma das minhas favoritas, e tem alguma coisa do Flaming Pie também que eu gosto bastante, por exemplo Beautiful Night ou Calico Skies, é uma das músicas que eu mais gosto.

Pedro: Começando já fazendo um breve resumo da carreira de Paul McCartney, todo mundo sabe que os Beatles acabaram lá entre 1971, oficialmente um pouco depois, mas em 1970 já tinha já tinha findado o seu trabalho, ele tava gravando e ali seria lançado o último álbum da banda gravado no Rooftop Concert. E nesse nesse meio período o Paul McCartney já tá trabalhando no McCartney que foi um álbum que não foi bem recebido pela crítica, mas foi o álbum de estréia dele, ele praticamente tocando todos os instrumentos, gravando em casa com poucas sessões em gravadoras profissionais e com ajuda da Linda McCartney só pra ter certeza se essa música era boa ou ruim.

Ali depois cê tem o Ram em 1971 também e a partir dali já tem a formação dos Wings, que foi um grupo que durou 10 anos que teve alguns problemas, teve três formações com passagem de dois músicos a cada três anos, saída, ida, muitas mudanças na formação da banda, em 1981 a banda acabou, tem o incidente da morte do John Lennon que afeta muito o tipo de música do Paul McCartney também, como ele lança Here Today em Tug of War e a partir dali o Paul McCartney tem uma mudança de gênero relativo a cada álbum que se passa.

Ele lança alguns mais focados em rock como Off the Ground, álbuns mais focados em soft rock tipo London Town, ainda é com os Wings mas já é indo pro final tem um álbum muito melancólico como Chaos and Creation que cê tem Jenny Wren, uma música muito melancólica, Memory Almost Full que é um álbum bem roquezão e agora cê tem um álbum como o Egypt Station que é algo bem variado que cê tem diversos tipos de instrumentos, tipos de músicas muito variadas entre si como I Don’t Now e depois cê termine com Ceaser Rock. É uma carreira muito repleta de estilos muito interessantes de acompanhar.

Tiago: Quando o Paul anuncia o fim dos Beatles em abril de 1970, ele logo em seguida apresenta McCartney, que é um disco que a própria capa já começa com algo bastante simples. Eu gosto desse disco, eu acho que em alguns momentos ele não tem a consistência do do álbum sucessor que é o Ram, né? E eu acho muito interessante como ele dá início a essa carreira sem se dissociar da questão de autoria com John Lennon. Depois que ele foi criar um um modelo pra pra fugir disso mas você vê que nessa época ele estavam tretados mas não cem por cento tretados.

Pedro: É, inclusive Junk foi escrito em 68, foi nessa nova remasterização do White Album. Então tem muita influência nesse primeiro álbum mesmo, Maybe I’m Amazed foi gravado em 68, então dá pra perceber mesmo que tem muita influência e como foi gravado em casa em momento que Paul McCartney tava deprimido e tinha tretado com todo mundo ali na banda, eu entendo essa crítica que a galera teve em 1970 que foi de músicas incompletas, músicas subproduzidas que a gente fala, né?

Eu entendo essa crítica, mas eu acho injusto principalmente pelo momento que ele vivia da vida, saca? É um álbum bem legal de se ouvir e apesar desses problemas como citados agora.

Tiago: Uma das notícias que eu mais gosto desse disco é Every Night porque ela tem uma estrutura assim que é a cara do Paul McCartney solo que acho que começou muito claramente no álbum branco. Tem um monte de músicas que recebem um crédito de ler no McCartney ali que o próprio John Lennon falou assim que a música era uma porcaria e a cara do Paul McCartney, não tem nada a ver com os Beatles, próprio Let It Be ele falava isso.

Às vezes é uma coisa muito de violão folk ou bem piano mesmo e aí ele vai seguindo essa sequência ao longo da carreira mesmo variando entre gêneros. E eu gosto muito dessa coisa meio de em casa que ele tem no disco se não me engano é esse álbum que ele tem a imagem da contracapa ele com filho assim no colo né? Então é um negócio assim superfamília e tudo mais.

Pedro: É o álbum foi gravado na Escócia. E é que nem o Tiago falou, esse negócio de gravado em em casa é muito legal mesmo. Esse álbum gravado em casa na Escócia é muito legal de pensar que também que ele gravou músicas puramente instrumentais, por exemplo Junk era lançado como música instrumental, tem Suicide eu acho que ele lança como instrumental também. Então eu acho que foi um álbum bem variado mesmo e pelo período tá bem legal.

E tipo, pouco tempo seguido ele já lançou o Ram, que daí muita gente critica pra caramba porque é um álbum que eu pelo menos a primeira vez que eu vi, achei muito esquisito, saca? Acho que mesmo Ram On que é uma música bem bonitinha quando cê costuma, eu achei uma música bem esquisita, bem excêntrico de se ouvir. E quem está acostumado com essa parte mais melancólica da carreira dele não deve curtir muito, saca?

Mas eu acho que com o tempo é divertido porque cê tem The Back Seat Of My Car que é bem legal de ouvir, uma música bem bonita, Admiral Halsey com barulho de chuva é muito boa, é um álbum que hoje muita gente já reconsidera e fala que é um dos melhores da carreira dele e num período de pouco mais de um ano, né? Entre um ano. E é muito legal ver a evolução que ele tem de um álbum pra outro que é algo que a gente percebe na carreira do Paul, né? É extremamente bem feito quase foi o que ele toca.

Tiago: Eu acho engraçado nesse álbum um fato de ser um álbum Paul e Linda McCartney simplesmente pra ele não querer dividir royalties com os integrantes dos Beatles, porque esse disco é um disco solo dele em todo sentido. Acho que inclusive isso foi uma coisa bem ruim da parte dele fazer isso, bem sacana em certo aspecto, porque se eles quisessem encerrar tudo isso, eles poderiam encerrar de uma vez, mas também tinha uma questão de de peso, por exemplo, o Ringo é o que mais se se beneficiava porque ele não fazia sucesso com os disco solos dele até naquele período e ele ainda ganhava um pouquinho da bocada dos demais, principalmente do Paul e do e do George Harrison que é o que tava mais no alto assim da carreira naquela época.

Mas o que eu acho engraçado é que tem a primeira grande treta desse álbum que é Too Many People, né? Que tem teoricamente indireta pro John Lennon, John Lennon e Yoko Ono ficam chateados e aí ele vai e lança How Do You Sleep. E acho que é ali que começa o rompimento geral entre eles, né? Que eles param de se falar. Dizem que de vez em quando eles falavam no telefone, mas nunca foi a mesma coisa e eu acho que é isso que pesa muito quando o John Lennon morre, né? Porque eles estavam em processo de reconciliação, mas muito lento e não deu tempo de retomar digamos assim a maior parceria tanto artística quanto pessoal que um teve na vida do outro.

Mas tirando isso esse disco eu gosto bastante ele é bem experimental em alguns aspectos, Uncle Albert eu gosto pra caramba de toda aquela brincadeira que ele faz, inclusive um disco mais recente dele que o Egypt Station é tem uma coisa que é meio assim em Despite Repeat Warnings, que tem uma uma brincadeira bem parecida, e eu acho que foi talvez o segundo ou o disco mais forte dele dos anos 70 né? Um disco outro que até hoje se você olhar listas melhores álbuns da carreira solo do Paul McCartney muito frequentemente ele traz ele em primeiro ou em segundo entre os melhores álbuns.

Pedro: Falando em Too Many People, eu vou voltar rapidão na How Do You Sleep?, que é muito engraçado que pra quem tiver curiosidade tem um vídeo no YouTube tinha uma sessão da gravação dessa música que o John Lennon tá cantando “how do you sleep, you cunt” e daí ele manda cortar e tem esse vídeo agora eh recentemente postada no YouTube e dá pra ver realmente como esse relacionamento foi foi estragado no decorrer dos últimos anos de Beatles né? É que nem o Tiago falou, eles começaram a se falar no telefone. Eu lembro que o Paul McCartney deu uma entrevista e falava que os assuntos que eles falavam era assar pão e como tava os filhos deles, saca? Então eh realmente nunca foi mais a mesma coisa.

E tanto é quando a morte dele deu pra ver realmente quanto Paul McCartney estava abalado naquela entrevista que ele dá, que ele fala duas palavras, fala “que merda” e vai embora e a galera criticou mesmo, ele tava sofrendo caramba.

Tiago: O Wings praticamente assim na minha ideia é um trio com baixista convidado e um baterista convidado, porque sem eles nunca tiveram uma consistência. Acho que isso atrapalhou muito também no sentido de dissociar a imagem do Paul McCartney solo, então mesmo sendo uma outra banda num num tem muita contribuição dos integrantes nesse sentido, inclusive o Denny Lane que era o guitarrista da banda acho que ele só canta em uma faixa em muitos discos depois e aí eles lançam o primeiro álbum que é o Wild Life, que é um disco que eu acho bem fraco (risos).

Pedro: Eu não consigo ouvir esse disco além de Wild Life não, tipo, além da música Wild Life eu não consigo ouvir. Tem aquela Love Is Stranger também, um reggaezinho legalzinho, mas de resto eu não dou conta de ouvir, é absurdo de ruim (risos).

Tiago: E uma coisa que eu até falei no episódio sobre o Queen, o mercado musical era muito mais tolerável com os artistas, a indústria era muito mais do que hoje. Hoje se o artista lançar um disco ruim, dois discos ruins ele some do mercado, as gravadoras não investem eu na verdade eu falei isso no episódio sobre o Pink Floyd e eu acho que isso funciona um pouco pro Paul McCartney embora pro McCartney já tinha um nome, mas ele já fez muita coisa descartável ao longo da carreira. Mas como ele é o Paul McCartney ele não desaparece, mas eu acho que é esse tipo de coisa.

Quando ele lança o álbum seguinte, que é o Red Rose Speedway e inclusive recebeu uma edição remasterizada em 2018, tem algumas coisas que eu gosto, geralmente My Love, mas não tem nenhuma outra faixa desse disco que eu ouço e falo assim: “caramba, essa música tá entra melhores do povo de sempre”, sabe? Mas My Love é aquela música que marcou muito tempo, até porque a única música desse álbum que aparece ao vivo do Back in the World e aí foi a música que mais me fez ligações e eu gosto muito da produção daquele daquela faixa, tem aquela coisa do George Martin de orquestra que eu acho bastante legal.

Nessa época também surge Live and Let Die, que fez parte do 007. Não diga por favor que é a música do Guns N’ Roses, por favor. É necessário não cometer essa gafe. É a mesma coisa que dizer que The Man Who Sold the World que é do Bowie é música do Nirvana, sabe? É o tipo de pecado que você não comete de jeito nenhum.

Pedro: Sobre esse negócio do musical é muito interessante mesmo porque o Paul McCartney lança Give Ireland Back to the Irish, a música é banida da Inglaterra porque critica as ações do Reino Unido sobre a Irlanda. E tipo assim, imagina hoje um artista nacional tem a música banida de um dos maiores centros culturais do mundo, seria realmente complicado, principalmente talvez ele teria por mais proporção mundial, mas naquela época eu vejo como algo complicado, principalmente que a BBC era maior reprodutora de música da época e não tocava.

E o mais escroto disso é que lançaram o single com Give Ireland Back to the Irish e daí a outra parte lado B era que Mary Had a Little Lamb. Tipo pensaram que era uma musiquinha irônica pra falar politicamente, então ele vai lançar como um uma forma de crítica. E não era, ele tava falando sério mesmo porque ele tava querendo lançar uma música pra criança. Não faz sentido isso pra mim (risos), é isso mesmo. E é o mesmo sentido de Wild Life, são coisas totalmente descartáveis da carreira, mas que como tava no começo de Wings a gente perdoa, vai.

Tiago: É, eu acho que esse cenário de experimentações que permitiu a ele talvez captar aquele sentimento dos Beatles de não ter pudor em fazer as coisas e uma hora dá certo, que eu acho que é o que dá em Band on the Run, que tem uma história trágica, que eles gravam disco, eles são assaltados se não me engano e levam as fitas, eles tem que gravar o disco de novo e é o melhor disco do Wings. Às vezes ele é considerado o melhor álbum do Paul McCartney.

E eu gosto. Não que eu goste de todas as faixas, mas mesmo as faixas que eu não gosto, não tem como falar: “essa música é horrível”, todas elas são boas a ótimas, então eu gosto muito de Band on the Run eu gosto de Let Me Roll It que eu já vi gente criticando falando que era uma emulação da música do John Lennon, não vejo nada a ver com o John Lennon aquela música. Aqui a galera gosta de chamar de 1985, que é muito mais fácil pronunciar, No Words eu gosto muito também. Só tem uma música desse disco que eu não gosto muito, mas eu nem lembro o título dela mais ou menos.

Pedro: Mrs. Vandebilt?

Tiago: Não, essa eu gosto. Bluebird eu acho meio chatinha, mas eu não acho ela ruim. Enfim, esse disco no geral todo eu gosto de ouvir assim, é um dos poucos discos do Paul McCartney que eu consigo ouvir todas as faixas até o final sorrindo, que não tem uma faixa ali no meio que eu falo: “não, essa aqui dá vontade de pular”.

Pedro: É. E a história trágica do Band on the Run começa antes de começar a gravar. Porque o Paul McCartney fala: “ah quer saber? Vamos gravar esse disco fora da Inglaterra”. E daí ele pergunta pra gravadora onde eles tem filial. E daí eles escolhem Lagos na Nigeria e falam, o Paul McCartney tem que com certeza pensou: “ah, deve ser um lugar tropical, alguma coisa bem bonita de se ver”. Chegaram lá era um país basicamente destruído por um governo militar e violência comendo solta.

Mas beleza. Antes deles gravarem, antes deles saírem pro voo, uma semana antes da viagem, o Henry McCullough briga com Paul McCartney durante uma um ensaio e fala que não vai viajar, fala que sai da banda. Até aí beleza, um cara se consegue substituir, acha alguém temporário, mas daí uma noite antes de viajar vem o Denny Seiwell que era o baterista da banda e ele simplesmente liga pro McCartney e fala que não vai.

E o Paul McCartney com certeza não ficou tranquilo, tem uma entrevista dele que ele fala recentemente que ele ficou muito puto e disse que: “ah, então eu vou fazer o melhor disco que vocês vão ouvir e vocês vão se arrepender de não participar disso”. Chegou lá e começaram a gravar, teve esse episódio do assalto, só que não parou por aí. Com o calor e juntando o cigarro que ele fumava, ele teve uma uma crise de espasmo bronquial e começou a perder o ar, levaram ele pra fora da gravadora só que tava mais quente ainda e ele começou a desmaiar e a Linda McCartney pensou que ele tava morrendo, coisa assim e no final era só resultado do fumo dele. Então, a lição que fica aí é: não fumem, crianças! (risos)

Tiago: Eu acho engraçado porque eu não consigo pensar em Paul McCartney puto. O John Lennon é full pistola, mas o Paul McCartney sempre faz aquela pose de bom moço, então não dá pra imaginar ele puto. E tem uma curiosidade sobre Paul McCartney que eu até falei no episódio do Pink Floyd que é o seguinte. Quando ele tava gravando se não me engano o Red Rose Speedway que é o disco anterior, os integrantes do Pink Floyd chegam nele especialmente David Gilmour e começam a fazer umas perguntas bizarras pra ele sobre vida e morte que eram pra serem usadas nos áudios de Dark Side of the Moon.

E aí como a voz do Paul McCartney é muito específica e as respostas do Paul McCartney eram muito sérias, eles decidiram não usar as vozes do Paul, mas que ele foi interrogado e tem isso nos registros de gravação. Eles entrevistaram um monte de gente ali no Abbey Road e aí tem essa história, então essas bandas é engraçado assim quando a gente grava episódios do Introvertendo que sempre que algum ponto da história delas que se que dialogam sabe entre si. E esse é o momento que Paul McCartney dialoga com o Pink Floyd.

Pedro: Eu realmente não sabia disso. Mas eu sabia que o David Gilmour, que é um dos principais representantes do Pink Floyd, já gravou pelo menos duas vezes como o Paul McCartney, mas era a única coisa que eu sabia em relação ao Pink Floyd, não sabia que tinha mais coisa não.

Tiago: É e aí dessas fotos dos anos 70 você encontra vários registros. Mas voltando sobre o Band on the Run, acho ele um disco muito sólido e eu acho que também mostra a habilidade do Paul McCartney tem tocar vários instrumentos. Tem aquela história quando o Ringo sai da banda e ele toca aquela faixa do álbum branco e aí tem aquela entrevista famosa que fala: “ah, o Ringo é o melhor baterista do mundo?”. Aí o John: “ele nem é o melhor baterista dos Beatles”, né? Então ele tinha capacidade de fazer tudo ali sozinho e como compositor também ele leva o disco a outro nível.

Eu acho que a gravação inclusive um crítico ele diz isso, eu não lembro quem exatamente, ele disse que a gravação mais sofisticada pós-Beatles que um integrante dos Beatles já pode fazer.

Pedro: É um eu acho que ele é bem por aí mesmo. Talvez o All Things Must Pass, um álbum que eu acho muito completo também, eu acho muito bom de se ouvir, e talvez esteja concorrendo com esse também. Mas eu acho que Band on the Run é mais consistente desde o começo até o final com apenas Mrs. Vandebilt pra mim que é horrível, de resto eu acho um álbum excelente mesmo. Não é o melhor do Paul McCartney porque pra mim vai ser mais uns dois pra frente, mas é um excelente de ouvir.

Tiago: É um dos poucos discos solos do Paul McCartney que aparece início de melhores de todos os tempos, embora o Ram seja mais cultuado, acho que o Band on the Run tem um nome muito maior, é um disco que inclusive faz mais parte das turnês solos do Paul. Até hoje ele toca Band on the Run, ele toca Let Me Roll It, tem uma música muito famosa desse disco que eu tô esquecendo que ela toca… Jet, que é uma música que eu gosto pra caramba, que ele também toca muito no show solo, então é um disco assim que ele se deixar ele toca ele inteiro nas apresentações.

Mas depois disso, aí que eu acho a carreira do Wings fica bem irregular, porque o único disco deles que que aí unanimidade é o Band on the Run e aí pra frente eles começam a lançar umas coisas bem mais ou menos, mas enfim você como um eterno fã de Wings vai defendê-los até a morte e eu compreendo totalmente.

Pedro: Partindo pra frente já tem Venus and Mars que com certeza passa longe de ser um dos melhores álbuns da banda, mas foi gravado em Nova Orleans nos Estados Unidos, mais uma vez que uma carta decide gravar fora da Inglaterra e apesar de ter algumas músicas bem legais nesse álbum que começa com Venus and Mars e um medley com Rock Show… inclusive faz o Paul McCartney de vez em quando fazia um medley com o Jet também que o Tiago acabou de falar.

Mas no geral um um álbum que eu acho assim, relativamente experimental, não é aquela coisa tão forçada, mas é alguma coisa que algumas coisas que a gente nunca tinha ouvido com o Paul McCartney, por exemplo Magneto and Titanium Man, que é algo que a gente nunca tinha visto, que é ele no meio de música e adicionar também super-heróis que tavam em alta naquela época, falar sobre crimes e tal com uma música bem legal de se ouvir. Mas no geral é um álbum que eu acho bem razoável, tem algumas coisas legais, algumas coisas dispensáveis.

Tiago: É um disco que eu nunca prestei muita atenção, então eu não posso falar muito sobre ele, mas ele gerou uma turnê que eu acho que foi se não me engano a primeira turnê que ele começou a tocar músicas dos Beatles porque no início eles recusavam tocar números dos Beatles e focou em coisas novas, o que eu acho bastante respeitável pra um artista que constrói uma grande banda e precisa se dissociar desse nome pra sobreviver artisticamente.

E aí ele faz o álbum Over America esse disco ao vivo nessa época mais ou menos e aí ele mistura o Wings com Beatles e um monte de coisa, eu acho que é o primeiro álbum ao vivo do Paul e é o único álbum ao vivo dele durante um bom tempo e tem algumas coisas legais nesse álbum ao vivo.

Pedro: E nesse álbum a gente tem a primeira música que é a primeira música que é tipo boa e que é que não é cantada pelo Paul McCartney, que é Medicine Jar pelo Jimmy McCulloch que pra mim é uma das melhores músicas desse álbum e é um rock mais pesadão e diferente do álbum mesmo que tinha uma vibe bem bem bonitinha, romântica tipo You Gave Me the Answer e Love in Song e daí o Jimmy McCulloch fala “seus amigos estão mortos e você não vai se recuperar enquanto colocar essa mão num jarro de remédio” que saca? Então o negócio é totalmente aleatório (risos). Igual eu falei, tem algumas músicas boas como essa, mas no geral é um álbum fraco e não faz sentido no geral.

E agora a gente já parte pra Wings at the Speed of Sound, que honestamente é um dos álbuns favoritos pra mim. É um álbum que apesar de ser bem curto ele é bem democrático né? Se eu não me engano é o primeiro álbum que todos os cinco integrantes da banda cantam uma música com exceção da Linda McCartney, mas por exemplo o Jimmy McCulloch que ele canta Medicine Jar canta Wino Junko, que é uma música dele também. Eu acredito que o Danny Laine canta Must Do Something About It, então é com certeza um álbum mais democrático do Wings.

Principalmente porque é uma época que a galera começa a criticar o Paul McCartney. O pessoal fala que “ah mas cê tem quatro integrantes da banda só pra te servir, só pra te dar palanque e você dá um nome diferente”. Há poucos anos o Paul McCartney muda o nome de Wings pra Paul McCartney & Wings, e daí a galera já começa a pensar: “ah, mas isso é uma banda de verdade ou é um Paul McCartney solo?”. E o Paul McCartney chega na gravadora e fala: “então vamos colocar todo mundo pra escrever uma música, pra cantar uma música”.

E pra mim é um dos álbuns mais divertidos de se ouvir. A versão deluxe é ainda melhor porque cê tem o Paul McCartney cantando as músicas extras em que ele não participa, Must Do Something About It na versão dele é perfeita pra mim, Warm and Beautiful é maravilhosa, é um álbum que eu curto pra caramba.

Tiago: Eu gosto muito da sonoridade desse álbum, é um álbum muito limpo, é um discos mais perfeccionistas eu acho do ponto de vista técnico do Paul McCartney. Let ‘Em In é a música que eu mais gosto do álbum porque é a música que tava lá no Back in the World. Minha opinião sobrou uma carta nem sempre foi muito influenciada por aquele disco, então muitas vezes tem coisas que eu sei que são melhores dentro do álbum mas o que me marcou mais foi de lá. E tem uma faixa muito experimental nesse álbum que eu acho muito legal também.

Pedro: Acho que merece destaque Beware My Love, que é talvez uma das melhores músicas da carreira do Paul, que tem um solo de piano excelente pra mim, um dos melhores solos de piano depois de Live and Let Die, muito bom de se ouvir essa música de seis minutos, talvez uma das maiores da carreira de Paul McCartney. Eu não lembro de nenhuma que passe dessa.

Tiago: Antes deles fazerem o disco London Town, eles fazem Mull Of Kintyre, que eu acho muito engraçado, porque é um dos singles mais vendidos da história do Reino Unido, foi o primeiro, eu acho, a vender 2 milhões de cópias, é uma música bem simples geral, mas ela tem um contexto muito importante anti-guerra, né? E eles não usam essa música no álbum, aquele tipo de coisa que eu não aceito o fato de não ter Hey Jude na edição de cinquenta anos do White Album, sabe? Tem alguns casos na história da música que são as melhores músicas que ficaram de fora de álbuns e eu acho que são esses casos assim em algumas loucuras que o Paul faz de “ah não vou colocar essa música no disco e pouco importa aí”.

Pedro: Eu não curto a música não, eu acho uma música bem breguinha pra mim, eu não acho legal não, mas é importante a gente falar que foi que nem o Tiago falou, uma das principais a primeira chegada a 2 milhões de vendas e quebrando recordes de próprio música dos Beatles, She Loves You em 1963 eu acho, não tenho certeza. Então o Paul McCartney quebrando um recorde de si mesmo praticamente. Merece destaque, mas eu não consigo gostar da música não, não não me desce.

Tiago: E uma coisa que o Paul vai provar depois também depois é que ele é um dos poucos artistas, acho que é um dos quatro nomes da história da música que conseguiu figurar nas paradas de sucesso por mais de quatro décadas, que eu acho que é ele Michael Jackson, a Madonna e mais alguém que eu não lembro o nome, sabe? Mas é muito difícil pra um artista se manter relevante depois de 10 anos de carreira e aqui nesse ponto com a Carten já era unanimidade a relevância artística dele tava mais provada.

Nessa época o Ringo já tava decaindo muito em carreira solo, o George Harrison já tava numa fase bem ruim, o Lennon já tinha se aposentado por um tempo até ele retornar depois, então o Paul era o único que tava na ativa, eu acho que tinha uma coisa que eu vou falar no episódio sobre o Fleetwood Mac, mas tem uma uma coisa na história do Fleetwood Mac que o baterista da banda diz que um certo integrante ele aprendeu o negócio de fazer CD. Às vezes você tem essa veia artística, mas tem artista que ele consegue pegar a sua capacidade criativa como artista e colocar pra produzir um disco.

E o Paul era o cara pós Beatles que tinha isso, ele tinha o compromisso de fazer o CD e de criar coisas novas, tanto é que se eu acho que se o George Harrison e o John Lennon estivessem vivos eles não teriam uma obra como Paul McCartney em termos de fazer discos, ele não para, né? Então ele tem esse compromisso. E eu acho que é isso que manteve a obra dele viva também de certa forma. Mas o London Town é um disco que eu acho que ele sai até melhor do que os outros, né? Em vários aspectos.

Pedro: Sou fanzaço de London Town, um dos meus favoritos. A história por trás dele tem rumores de que é uma história bem sombria. Depois de voltar do tour na América, os Wings dão uma pausa algo relativamente curto e eles voltam pra gravar o London Town. E durante esse período teve mais um impedimento e foi a Linda McCartney ficar grávida. Começou a dar problema com o Danny Laine e o Jimmy McCulloch. Teve um dia que se eu não me engano ele estava na Escócia, na época e segundo rumores, sei que tem um livro falando que fala sobre isso eh o Jimmy McCulloch um dia ele fica tão bêbado que ele tava dormindo 

em um outro quarto e ele pega uma arma e do nada eles entram no quarto do Paul McCartney, da Linda, e aponta um revólver pra eles, só que ele não dá conta de tirar, ele fica tremendo, o Danny Lane tira ele do quarto e o Jimmy McCulloch volta pro quarto e pensa em cometer suicídio.

Só que na hora ele vê alguém chegando, alguém passando na estrada e eu não sei direito como é que funciona, mas ele decide não cometer suicídio, pouco depois ele sai da banda, alguns meses depois ele é encontrado com overdose de heroína e então a história por trás é bem sombria. Mas eu gosto muito do álbum, é um álbum muito gostoso de se ouvir. É um álbum excelente pra mim. É aquele álbum que cê senta e ouve ele três vezes seguidas e não enjoa.

Tiago: E aí nessa época, mesmo assim, os Wings já tavam no ponto final, né? E eu acho que o Paul era o que sustentava tudo, no momento que ele surtou geral também aí não tinha mais como continuar isso, eu acho que é isso que reflete de 1979 pra frente, a questão da relação dele com as drogas e que foi ocorrendo no último álbum dos Wings, que é considerado um dos piores álbuns, né, da carreira solo geral do Paul McCartney, que é o Back to the Egg, que tem uma capa que eu gosto bastante, que ela é feita pela Agência Hipgnosis, que é a agência muito conhecida por fazer as capas do Pink Floyd e também algumas capas do Led Zeppelin e todas capas deles são muito criativas, sempre tem um negócio conceitual por trás, mas o disco em si, é aquela coisa, né? Que você não pode julgar o nível pela capa. Então, não é um disco legal.

Pedro: E é interessante que esse álbum ele é lançado depois de dois singles muito bons, pelo menos pra mim, é que é estilo disco, pop, é Goodnight Tonight e Daytime Nighttime Suffering, dois singles que eu curto pra caramba. Mas chega Back to the Egg aí que é um flop total que cê tem duas ou três músicas que salvam ali e de resto é algo bem lamentável, bem descartável.

Tiago: Eu acho muito engraçado que nessa época mesmo assim o Paul tava produzindo muita coisa e se não me engano ele montou um supergrupo que só gerou um single que juntava vários nomes da música, como o próprio Gilmour, uma galera toda lançaram e depois se separaram e também ele tava fazendo parceria com outros artistas, seja no backstage, de forma dele de dialogar com a geração seguinte. Um dos casos por exemplo é o Queen, o Queen fazia uma turnê bem curta em pequenos ginásios e coisas assim que eles tavam tentando renovar a musicalidade deles e eles fizeram uma parceria com o Paul McCartney eles se apresentavam no mesmo lugar, mas em horários diferentes, sabe? Eles usavam a mesma iluminação. Então, o Paul ele tava ali dialogando com a outra galera, mas ele tava um pouco perdido, acho musicalmente nessa época.

Pedro: É e dá pra cê ver que os Wings tavam morrendo quando o Paul McCartney se afastou por um tempo pra trabalhar no McCartney II, porque ao mesmo tempo que ele antes, um pouco antes de lançar o Back to the Egg ele já tava trabalhando e terminando o McCartney II, que foi um disco totalmente experimental e que é que nem o Tiago falou, que é algo que já tava tentando renovar a musicalidade, mais atento as novas tecnologias, que daí ele já começa a incluir um pouco de música eletrônica que particularmente eu acho o ponto mais baixo da carreira do Paul McCartney é literalmente é aqui.

Tiago: Eu gosto do McCartney II porque ele um disco que assim, você vê que muita coisa que ele fez ali acabou servindo muito pra ele nos anos oitenta. Mas tem umas coisas muito bregas tipo Temporary Secretary, que é uma das coisas mais horríveis que ele já pode ter feito, mas ao mesmo tempo o álbum tem Coming Up, que é uma música que eu gosto pra caramba, que é uma música bem legal e o clipe dessa música também muito legal que o Paul McCartney ele interpreta várias personagens e aí quando cê vê todo mundo é o Paul McCartney no clipe, exceto a Linda, mas é muito engraçado você ver o Paul McCartney imitando um monte de gente e tentando fazer uma coisa diferente nos videoclipes também, eu acho isso bastante legal.

Só que é um disco que na época ele foi interpretado como se fosse um álbum meio triste. Eu lembro que tem uma das últimas entrevistas do John Lennon que eles perguntam pra ele acerca do álbum McCartney II que ele tinha recentemente ouvido e aí o próprio John comentou que parece um disco meio triste assim, um meio melancólico nessa época eles tavam retomando as relações então eu não sei. Essa fase do do do até chegar ao Tug of War é uma fase meio de limbo assim.

Eu acho que o que dá catarse nele mesmo assim de mudar tudo foi quando o John Lennon morreu e a reação seria “fria” dele também pesou muito nele, né? De certa forma. Porque quando o George Harrison morre e isso depois a gente vai falar, a galera foi em cima dele pra ver como é que ele agiria com relação a morte do George Harrison também. Mas é aquela coisa, né? Britânico/inglês é meio frio mesmo, sei lá.

Pedro: Voltando um pouquinho rapidão no McCartney II, a única coisa que salva pra mim é Coming Up e o Wonderful Christmastime, que até hoje é cantado na Inglaterra e faz sucesso apesar de eu continuar achando que é horrível, uma música tosca, mas a galera gosta então vamos fazer o que? (risos).

Tiago: Eu acho engraçado que ele tocava algumas músicas dessas ao vivo com os Wings, por exemplo Coming Up, a versão ao vivo com banda era muito melhor do que a versão do álbum, né? Mas é o disco que sepulta o Wings, porque ele vai lá fazer aquele show no Japão, ele é preso lá e basicamente isso mata a banda de vez. E aí também não fazia mais sentido manter uma banda. E eu acho que isso foi uma desvantagem muito grande pro Danny Laine, né? Porque foi a principal coisa relevante artisticamente que ele fez e o cara ficou aí no meio do limbo, ele não foi tocar com a banda do Paul e enfim, cada um seguiu seu caminho, como um como um relacionamento que se acaba e sempre alguém sai em desvantagem.

Pedro: É e o Danny Laine conheceu Paul McCartney em meados de 60 né? Eles se conheciam nessa década, e o Paul já tinha alguém pra chamar quando montou o Wings. E cê terminar uma banda do jeito que foi os Wings com dez anos de carreira com músicas muito boas, com hits top 1 nos Estados Unidos, na Inglaterra, pra um cara não ter a visibilidade que o Danny Laine queria deve ser complicado, principalmente que ele queria receber mais também. Um dos motivos que a banda acabou quebrando é a recompensa monetária que os próprios integrantes queriam receber mais do Paul, só que o Paul também não tinha que dar, saca? Principalmente depois desse período de álbuns ruins como Back to the Egg, que floparam totalmente e você querer visibilidade depois de momentos como esse é realmente complicado.

Tiago: E aí acontece que em dezembro de 1980 John Lennon é assassinado. Isso cria um um estado de tensão em todos os integrantes dos Beatles. O George Harrison faz música em homenagem no álbum Somewhere in England que é All The Years Ago e o Ringo participa dessa música, então os outros três integrantes remanescentes meio que se reúnem casualmente. Eu acho que eles conseguem perceber o peso da mortalidade, que a sua vida pode acabar a qualquer momento e que é importante você pelo menos deixar coisas, deixar um legado e eles viram também que as picuinhas também já tinha muito tempo né?

O próprio George Harrison tinha capacidade de olhar pro passado, escreveu a autobiografia dele sobre os Beatles, que foi o único integrante até hoje que fez isso. Paul, de certa forma, também caminha nesse movimento, o Ringo tá sempre ali, direto e nessa época que eu acho que o Paul começa a trabalhar mais frequentemente com o Ringo. Eu acho que um movimento que o Paul McCartney sempre faz na sua carreira solo, que sempre quando existe uma tragédia, ele volta às origens, ele volta às origens de alguma forma e aí ele chama o George Martin pra produzir, que é algo que não fazia há muito tempo, chama o Ringo pra gravar o disco junto com outros músicos e faz o Tug of War que é um dos melhores discos dele, é o melhor álbum dele dos anos oitenta disparado, acho que esse é um dos poucos consensos que as pessoas têm com relação ao… cê não acha o melhor?

Pedro: Flowers in the Dirt (risos).

Tiago: É, opinião polêmica, mas o Tug of War é considerado pela maioria das pessoas o melhor álbum do Paul dos anos 80. Ele tem muito aquela coisas dos Beatles meio Sgt, Peppers na introdução, é um disco que eu acho muito consistente do início ao fim, embora ele tenha umas das músicas que são consideradas uma das piores músicas de todos os tempos pela crítica, que é Ebony and Ivory, a música que ele fez com o Stevie Wonder.

Pedro: OK, eu tô surpreso agora porque eu gosto muito de Ebony and Ivory (risos). Eu não sei o que falar a letra porque eu nunca tive curiosidade de ir atrás, mas eu gosto muito da melodia da música, eu acho uma coisa bem interessante de ouvir. O Stevie Wonder também participou de What’s That You’re Doing?, essa sim eu acho ruim (risos).

Tiago: Sério?

Pedro: Sério (risos). Opiniões trocadas (risos). Mas o álbum é muito bom mesmo. Somebody Who Cares é uma das minhas favoritas de todos os tempos, Wanderlust muito, muito bonita, Here Today não dá pra não falar dela, tem vídeo do Paul McCartney chorando enquanto canta Here Today e é um negócio muito muito melancólico. Então é um álbum muito muito bom, mas pra mim não é o meu favorito, mas tem muita coisa muito boa mesmo.

Tiago: É um contorno muito comum nos shows dele, né? Toda vez que vai cantar o povo enlouquece porque aí começam as projeções, o John Lennon e tudo mais. Então, é uma música muito muito importante. Eu acho que a morte do John Lennon é uma desgraça completa, porque quando você lê a última entrevista que ele deu, eu inclusive falei isso no episódio Masculinidade Tóxica que ele vai falando sobre os movimentos da vida dele naquela época que ele foi assassinado, ele estava se reconstruindo artisticamente, como ser humano, e ele tava preparando pra voltar pra iniciar uma nova década de muito trabalho e de muita coisa. E tudo aquilo ali é rompido do nada, então é um pouco assustador nesse sentido de alguém que tava começando a se mover e foi interrompido logo disso.

E o sucesso de Tug of War prova uma coisa também que inclusive começa desde 79 que é a ligação dele com o Michael Jackson, né? Porque ele compõe uma música que vai pra Off the Wall, participa de Thriller e aí 83 ele chama o Michael Jackson pra gravar Say Say Say que inclusive eu acho a versão remixada de 2015 melhor que é a versão versão original e as pessoas geralmente me xingam por isso. Mas enfim eu acho a sonoridade melhor.

E o disso que ele lança o Pipes and Peace, que é um disco que pra mim é uma sequela do Tug of War. Assim, ele é uma consequência, então ele não tem grandes coisas novas, inclusive os músicos que participam do disco anterior estão muito presentes, é produção de novo do George Martin, então eu não acho que ele seja um disco muito brilhante, mas ele não é ruim, perto do coisas que o Paul lançou nos anos oitenta ele é um disco OK.

Pedro: É, o próprio Paul fala que as sessões de Tug of War renderam tanto que eles guardaram algumas músicas pra lançar em Pipes of Peace. Então com certeza é uma consequência mesmo. As músicas do que o Michael Jackson participa são muito muito boas e pra mim Say Say Say e The Man foram uma das primeiras do Paul McCartney que eu conheci e eu gosto muito de ambas. E própria Pipes of Peace que é uma música muito boa, tem uma transição entre estilos ali muito legal e é um álbum que eu curto pra caramba. Talvez mesmo nível do Tug of War pra mim, eu acho que ambos são álbuns muito interessantes de ouvir.

Tiago: Uma coisa que eu acho muito interessante é que o Michael Jackson nessa época ele já era um sujeito tão surtado que ele tava afastando todo mundo da vida dele. Então nessa época ele tem três parcerias grandes, né? O Paul McCartney, ele teve o Freddie Mercury e Mick Jagger. Ele conseguiu nessa época atrair o ódio do Paul McCartney por ter comprado os direitos dos Beatles e ele atraiu também a repulsa do Freddie Mercury por chamar ele pra gravar uma música e colocar uma lhama no no lado do Freddie Mercury e o Mercury ficar com medo.

Eu acho que a ausência do Michael Jackson fez mal pro Paul porque era uma parceria que poderia render muito pro resto dos anos 80. Os anos 80 foram brutais pra grande parte dos artistas que vieram dos anos 70 porque como diria o Bowie, foram os anos de Phil Collins na vida de um monte de artistas. Eu acho que aí depois desse álbum que começa a fase Phil Collins do Paul, de lançar coisas muito horríveis ou de flertar com a new wave e com aquela bateria anos 80 horrível que eu eu acho completamente maldita. Maldito seja Phil Collins por isso, então porque ele é o culpado de tudo isso (risos).

E aí ele lança Press to Play que também é considerado um dos piores discos da carreira solo dele, que é tão horrível assim pra mim, particularmente, que não tem uma faixa que seja memorável, sabe?

Pedro: Eu vou de novo ser contra o Tiago aqui porque eu gosto de um pouquinho de Press to Play, não muito, mas eu gosto um pouquinho, tem algumas faixas interessantes ali como é Feel the Sun e Angry, uma música esquisita, mas eu acho interessante demais algo que eu não tinha ouvido na carreira do Paul ainda, que é uma música mais, sei lá, me lembra rap e como eu gosto de rap é algo que eu gosto pra caramba. Mas assim, com certeza, Press to Play é o álbum mais descartável da era pós-Wings do Paul McCartney.

Tiago: Eu acho engraçado que às vezes um artista, quando ele tá em alta e ele não quer lançar um disco inédito, ele lança coletânea. Se ele tá em baixa e ele precisa dar um up na carreira, ele lança uma coletânea também. E aí ele faz o que é um disco que o All the Best pra selecionar os melhores dele em carreira solo e eu acho que se não me engano junta o Wings também. Ele junta o vários sucessos nesse disco e ele inclui uma inédita que teria por ideia a participação do Freddie Mercury nessa faixa.

Só que em abril de 87, o Freddie foi diagnosticado com HIV e aí o HIV era uma setença de morte. Então Freddie escondeu de todo mundo. Ele só contou no início da doença para a ex-noiva dele, que é a Mary Austin e ele não contou nem pros integrantes do Queen na época sobre a doença, então ele manteve um silêncio, ele era uma pessoa muito introvertida, muito tímida na vida pessoal, então ele não não tinha tanta facilidade pra se abrir pessoalmente sobre a as dificuldades dele.

E aí então o Paul faz o convite, ele recusa porque o foco do Freddie nesse momento é de fazer as coisas do sonho dele, porque ele poderia morrer a qualquer momento. Então entre gravar um uma música com Paul McCartney e gravar um disco de ópera com a Montserrat Caballé que era a artista favorita dele, aí preferiu gravar o disco de ópera. E aí o Paul McCartney acaba fazendo a música sozinho.

E eu acho que isso afeta bastante o Paul McCartney. Se ele tivesse gravado junto com o Freddie teria sido um dos maiores números dos anos 80, uma música bem legal. Só que eu agora acabei de perceber que a gente pulou uma coisa, o Paul fez uma trilha sonora em 84 e que inclusive tem a participação do David Gilmour na faixa título.

Pedro: Uma das minhas músicas preferidas está nesse álbum que é No More Lonely Nights. Give My Regards to Broad Street é a trilha sonora do filme que é o mesmo título, só que assim, o filme é uma merda, tá? Não assista, não recomendo o filme, é nota 3 de 10 provavelmente, é um filme tosco, sem ponto algum, mas a música vale a pena, então eu acho que pelo menos o álbum da trilha sonora é algo muito interessante.

Ele faz muito covers dos Beatles, algumas músicas que não ficam legais, mas Yesterday fica muito bonita, vale a pena ouvir de qualquer jeito. E No More Lonely Nights é uma das melhores que ele já lançou com a participação do David Gilmour na guitarra, é um solo maravilhoso, muito, muito, muito bonito, espetacular aquela música.

Tiago: Eu acho que nessa época mostra bastante a amizade que ele teve com o Gilmour, até porque o Gilmour tava passando por um processo muito difícil nessa época, o Pink Floyd tava se desfazendo e ele tava brigando diretamente com Roger Waters, ele tava lançando o primeiro disco solo com participação de composições do Pete do The Who, então o Gilmour tava ali na área fazendo, trabalhando com vários artistas, gravou com Kate Bush também, então eu acho bastante interessante, embora é um negócio meio obscuro na carreira dele, né? Muita gente que conhece trabalho.

O Paul ficou tão traumatizado com a morte do John Lennon que ele parou de fazer shows. Em 85, no Live Aid, foi a primeira vez que ele se apresentou ao vivo depois de muitos anos sem fazer shows. Esse é um momento muito importante da carreira dele que ele percebeu que ele poderia voltar. Pra mostrar o tanto que foi traumatizante pra ele essa questão do assassinato do John Lennon que ele ficou distante dos palcos.

Eu acho que o Paul sempre foi criticado por ser um artista muito romântico e de fazer coisas despretensiosas ao ao contrário do lado político muito forte do John Lennon e aí ele faz um disco de covers em 88 que é lançado se não me engano só na União Soviética e é um negócio também super obscuro em 89 ele pensa em achar um parceiro relevante pra construir músicas e aí ele se junta com Elvis Costello que é um cara sensacional e eles compõem uma porrada de músicas que são aproveitadas no disco do Paul que é o Flowers in the Dirt e em outro álbum do Elvis que eu não lembro o título, mas que tem algumas composições do Paul também nele.

Mas é um disco que pra mim eu não gosto tanto, porque ele ainda tem muita sequela dos anos 80 na sonoridade, mas tem músicas que eu gosto bastante. Por exemplo My Brave Face, pra mim é uma das músicas mais injustiçadas, não vejo motivo pelo qual essa música não é tocada nos shows dele. Inclusive ele fez uma coletânea em 2016, que a gente vai falar depois, que é Pure McCartney, que esse é um de dois discos solos do Paul McCartney que não aparece nenhuma música, tipo até o Press to Play apareceu nessa coletânea e o Flowers in the Dirt não aparece nada, então o Paul dá uma sacaneada de vez em quando.

Pedro: Quando eu discordei do do Tiago, quando ele falou que Tug of War era o melhor disco do Paul na década de oitenta era por causa desse. Eu sou muito muito muito fã de Flowers in the Dirt, é o único disco que eu tenho CD, no caso eu tenho um vinil dele, eu comprei o vinil justamente porque eu amo tanto esse disco e eu gosto dele do começo até o final. Tem tanta música boa ali que eu não consigo nem pensar. Distractions que é uma das melhores músicas que ele já compôs pra mim, uma das coisas mais emocionantes talvez, é tão bonita quanto Junk, tão bonita quanto Maybe I’m Amazed, como citei no começo.

Inclusive o Paul McCartney tocou aqui no show do Maracanã em 90, se eu não tô enganado pra mais de 100 mil pessoas um showzaço aqui no Maracanã e pra mim é um dos melhores álbuns que ele lançou na carreira inteira, mesmo sendo que nem o Tiago falou num dos períodos mais complicados da carreira.

Tiago: O que eu acho legal também nesse disco é que ele constrói, ele deixa bem claro a primeira relação que ele teve com o Brasil com a música que ele fez em homenagem ao Chico Mendes nesse álbum, que inclusive o mundo inteiro prestou atenção na morte do Chico Mendes e é muito engraçado que nessa fase do final dos anos 80 cê vê um monte de artistas que gravaram músicas em homenagem ao Chico Mendes, eu conheço até música religiosa que fez homenagem ao Chico Mendes e um cara de sucesso mundial como Paul falar sobre ele isso indica também que ele queria um discurso mais sério nesse disco dele, o que de certa forma fez bem pra ele. Até que ele faz o show pela primeira vez no Brasil, poucos artistas internacionais tinham se aventurado no Brasil até uma certa época. O Queen foi a primeira banda internacional a abrir as portas para bandas estrangeiras, teve o Rock In Rio 85 que trouxe Iron Maiden, o próprio Queen e em 1990 o Paul chega no Brasil e enfim alcança um dos maiores números de público que já houveram tanto em relação ao Maracanã quanto a shows mesmo.

E aí depois o Brasil vira um quase um segundo ou terceiro país dele porque ele faz show aqui agora direto e aí toda vez que anuncia um show as pessoas: “ah, mais um show do Paul” e eu acho que é nesse clima que ele lança o Off the Ground que pra mim já é um dos outros pontos baixos da carreira dele, é um disco que musicalmente, tecnicamente eu gosto, porque é um disco que já acaba com aquela coisa horrível dos anos 80 das baterias eletrônicas e tudo mais. Então eu gosto muito de Off the Ground. E eu acho que o próprio Paul rejeita esse disco um pouco porque ele ficou um tempo sem lançar coisas depois disso.

Ele escrevia algumas músicas, mas ele quase fez uma pausa na carreira, fez um disco acústico da MTV em 1990, fez dois discos ao vivo, e ele fez em 1993 o Paul Is Live, que inclusive faz uma brincadeira com Abbey Road na capa. Mas ele não logra sucesso com a crítica, é a fase mullets do Paul McCartney. Acho que aí termina a fase ruim do Paul pra ir para a fase seguinte em que a gente vai falar.

Pedro: Eu honestamente acho o Off the Ground um álbum muito monosônico. Do começo até o final você tem mais ou menos o mesmo estilo de música, é praticamente tudo igual. Pra ouvir faixas separadas, no aleatório, é um álbum muito bom, tem músicas legais ali. Mas no aleatório. Se você for ouvir de uma vez, não me desce.

Tiago: E aí eu acho que a fase quase atual do Paul McCartney que é a fase de renovação artística começa em 95 quando eles começam a trabalhar na ontologia dos Beatles e o que eu acho muito legal da ontologia dos Beatles é o seguinte, um cara superfã dos Beatles que pra mim é o cara mais Beatles fora dos Beatles que eu conheço que é o Jeff Lynne, da Electric Light Orchestra, ele vira o produtor do álbum e eu acho que ele realiza talvez o maior sonho da vida dele, que é produzir os Beatles. E aí ele faz todo esse trabalho junto com o Paul, George e o Ringo, inclusive trabalham duas músicas novas.

E o Paul fala que nessa época ele começou a perceber a recuperar um pouco do estilo de composição dos Beatles e que isso influenciou ele, porque afinal ele já era um cara bem mais velho nesse período, então ele já tinha passado por muita coisa. E aí começa essa fase que todo artista mais velho tem, que é a volta às origens.

E aí nessa época ele começa a compor músicas novas que vão gerar pra mim um dos melhores discos do Paul, um dos meus favoritos, que é o Flaming Pie, que é um disco que ele faz aquele negócio de voltar as origens que é chamar o George Martin pra produzir e chamou o Jeff Lynne também que produz, o filho dele participa em uma das faixas, que é uma das faixas que eu não gosto do álbum, mas tudo bem. E por fim também tem uma coisa muito pesada nesse álbum que nessa época a Linda estava com câncer e ela foi diagnosticada não me engano em 1994 e na época desse disco a saúde dela começou a decair bastante. Então esse álbum tem uma das últimas colaborações artísticas dela junto com o Paul.

Pedro: Inclusive o nome desse álbum vem desde os Beatles de quando o Paul McCartney tinha doze, treze anos e ele mesmo fala que o nome dos Beatles veio porque ele teve um sonho, uma visão, alguma coisa assim, em que vinha um homem entregando uma torta pegando fogo e falava: “vocês são os Beatles com A de Beatles”, Beatles com E são os besouros. E foi assim que surgiu o nome de Beatles. Então, eu acho que fica bem claro a referência do Paul McCartney e essa volta ao tempo.

Tiago: E a música Flaming Pie é sensacional, eu gosto pra caramba dela e tem uma coisa também muito interessante sobre esse álbum é que apesar dele ser muito cultuado porque ele tem músicas muito boas, Calico Skies, Beautiful Night, The World Tonight, eram sobras de outros discos que por algum motivo louco não entraram. Então, por exemplo, Calico Skies foi feita em 1992 após o Off the Ground, Beatiful Night tem uma versão dela nos anos 80 e essas músicas ficaram incompletas. E aí nesse álbum ele trabalha nelas tudo mais.

Tem a participação do Ringo em duas faixas, uma delas é Beautiful Night, que é o último clipe com a Linda viva ainda e aí em 98 ela vem a óbito de câncer de mama. E aí novamente que eu percebo aí esse movimento do Paul voltar às origens, só que tinha voltado às origens, então ele voltou mais ainda.

Então ele resolveu gravar um disco de rock dos anos cinquenta, juntar uma galera e fazer o negócio ao vivo. Aí ele junta o David Gilmour, ele junta o baterista do Deep Purple e eles começam a tocar em pubs. Eles inclusive gravam um álbum ao vivo e fazem Run Devil Run, que pra mim também é um dos discos que eu mais dele, tem três inéditas nesse álbum que eu gosto bastante que é Run Devil Run que tem um contexto religioso, muito legal na música, Try Not Cry e outra eu acho que é Was Is It, que foram as três músicas inéditas desse álbum e eu gosto bastante.

Eu sou uma pessoa que eu gosto bastante da discografia do Pink Floyd, Pink Floyd já tinha sido desmontado nessa época, então foi muito natural pro Gilmour virar músico de banda do do Paul McCartney. E a parceria dos dois eu acho muito legal assim, porque os dois funcionam muito bem musicalmente. E aí o Gilmour continua tocando com o Paul durante um tempo até o Paul compor músicas pro disco inédito seguinte, que embora o Gilmour não tenha participado.

E aí também o próprio Paul inicia um novo relacionamento e aí as coisas começam a mudar, mas ele continuou nessa vibe digamos assim de pé no chão que eu gosto bastante na nessa fase dele final dos anos noventa e início do anos 2000 que ele tá com o pé no chão, não disfarça seus eh músicas menos pretensiosas e deixa a coisa fluir.

Pedro: Inclusive depois do Flaming Pie que a Linda morre, ele chega a trabalhar num álbum solo dela, né? Porque ela tinha feito algumas demos com músicas cantadas por ela, tipo Seaside Woman por exemplo. O álbum chama Wide Prairie de 98, um álbum assim. Ela é desafinada em algumas músicas, não é uma boa cantora, mas é um álbum que eu acho que vale a pena dar um ouvida de qualquer forma pra quem gosta porque de qualquer forma faz parte da história do Paul McCartney e é interessante porque tem uma participação dele em Coco of The House por exemplo em que ele canta ao lado dela. É um álbum que apesar de ser vocalmente ruim, tem umas melodias até legais, agradáveis.

Tiago: O que ela não tinha de boa cantora elas tinham de boa fotógrafa, né? Porque as fotos que até hoje postam nas redes do Paul tiradas por elas são sensacionais. E aí esse novo relacionamento que ele tem com a Heather Mills, que é o segundo casamento, e nessa mesma época ele também monta uma nova banda, uma banda formada por músicos mais jovens, que tem um Brian Ray que toca guitarra, tem o filho do Abraham Laboriel, que é um baixista monstruoso que já gravou mais de 2000 discos e o cara é baterista, o filho dele, um bom baterista e aí com essa nova banda de jovens ele começa a trabalhar em um novo disco que se chama Driving Rain, que é um disco bem bom assim pé no chão, eu gosto bastante, tem Driving Rain que eu gosto, tem Your Loving Flame que a primeira música que ele divulga se eu não me engano em 99 com Gilmour tocando guitarra num programa de TV.

É um disco que eu gosto assim, musicalmente, ele tem umas linhas de baixo muito legais, é um disco que eu acho que é o disco perfeito de um cara de 60 anos que tá numa década que ele sabe que ele não tá a frente das inovações musicais e que ele tá muito feliz por isso. É um disco que eu gosto bastante.

E aí ele faz as primeiras turnês mundiais, ele faz shows nos Estados Unidos e faz show no México também e aí isso gera dois álbuns ao vivos dele que são os álbuns que eu comecei a ouvir que é o Back in the Us o Back in the World que sai no ano seguinte que pra mim tem algumas das performances mais legais dele ao vivo.

A seleção dele nas músicas é muito impecável. Tem muita música legal, tem músicas de todas as fases e a voz dele tá muito boa nessa época, aí depois disso que a voz dele começa a decair um pouco, mas 2002 a voz dele tava muito boa. Acho que era nessa época que ele toca no Super Bowl, não é? Aí um pouco depois, ah, então, aí o Paul McCartney toca no Super Bowl um pouco depois e nessa época ele tá produzindo pra caramba.

Eu acho que muito interessante que esses discos do Paul nessa fase dos anos 2000, ele mostra a clareza dele muito grande pela mortalidade, porque em 2001 o George Harrison morre, o George ele deixou um disco inacabado, que depois se tornou o Brainwashed, que é um disco que eu gosto pra caramba, é um dos melhores álbuns. E aí o Paul começa a tocar Something nos shows ao vivo usando ukelele, que é um instrumento hoje usado de forma medíocre por jovens youtubers, mas tudo bem.

É um momento também grande nos shows dele agora que ele toca essa música direto e ele participa do Concert of George, que tem a participação de um monte de gente do Jeff Lynne que produziu o próprio Paul, mas produziu também o George Harrison e também do Eric Clapton, uma galera toda e então a morte do George Harrison acho que é um ponto que até aproximou ainda mais o Paul do Ringo porque os dois nunca tiveram relação muito forte, mas agora como eles são os os remanescentes eles parecem mais próximos do que antes.

Pedro: E se eu não me engano, nesse Concert for George o Eric Clapton, o Mark Knopfler e o Paul McCartney tocam um medley do Abbey Road e é uma coisa muito bonita de se ver, são três dos melhores guitarristas que eu já já vi, apesar do Paul McCartney não ser prioritariamente um guitarrista. Mas eu acho que esse conceito foi muito bonito, tem muita coisa muito agradável ali, apesar do fato que antecedeu ele, né?

Tiago: E aí em 2003 o Paul retorna ao estúdio e quer fazer um disco novo e aí ele chama de novo o George Martin pra produzir, mas o George Martin já tava com problema de audição e ele falou: “cara eu não posso produzir mais disco nenhum, não dou conta. Então eu vou te indicar uma pessoa pra trabalhar com você”. Ele indicou Nigel Godrich do Radiohead, e aí eu achei que foi uma sacada maravilhosa porque eu gosto de quase tudo que o Nigel Godrich produz porque o Nigel ele é um cara que ele meio que surgiu do nada, ele era um cara de estúdio que trabalhava em um monte de coisa, mas não tinha sucesso nenhum. E aí quando o Radiohead trabalha com ele no álbum The Bends de 95, ele começa a ganhar um nome. Aí ele começa a assinar como produtor dos discos do Radiohead, ele faz OK Computer, que é um disco que é o referencial de música pro final do século XX, início do século XXI.

Então o Paul trabalhar com um cara como Nigel Godrich que não é digamos assim um cara que trabalha com artistas pop literalmente, mas ao mesmo tempo tem uma mente muito inventiva, garantiu com que ele tivesse mais força. E o Chaos and Creation, que é o disco que ele trabalha, é um disco que é muito bom, mas ele foi produzido também sobre conflitos, muito conflitos porque o Paul começou a trabalhar com a banda dele, chamou o Nigel pra produzir e o Nigel começou a supervisionar as gravações, mas o Nigel chegou pro Paul e falou: “não é legal você trabalhar com a sua banda, vamos fazer um disco só você mesmo, um negócio mais orgânico”.

Tá, beleza, já começou a sentir a pressão do produtor. O Paul McCartney é um cara que se produz, ele não se submete a um produtor, mas o Nigel Godrich que é um cara muito mais novo do que ele, eu acho que o Nigel hoje tem quarenta e poucos anos de idade, então na época ele tinha uns 30. E aí o Paul começou a fazer esse trabalho, abandonou todas as músicas que ele tava trabalhando antes nesse disco de 2003 e começou a compor novas canções e ele mostrava algumas pro Nigel e o Nigel falou: “essa não vai entrar no disco, ela é ruim”.

Aí o Paul começou a ficar com muita raiva disso, mas depois ele começou a entender porque que o Nigel tava pressionando ele tanto. E aí foi incentivando: “cara, faz uma nova música”. Ele fez Jenny Wren, que era uma música que não tava prevista pro disco, fez How Kind of You. Aí o Nigel começou a pensar: “e se a gente colocar um um piano bastante experimental aqui no início?”. Então o Nigel é um mentor grande parte por trás desse disco que inclusive é o disco cuja turnê eu acho que dá mais registros assim de bastidores do Paul que ele tem três DVDs baseados nesse álbum. Ele tem uma apresentação que ele fazendo o mostrando como foi o processo de gravação do disco e com um público bem pequeno que saiu só em DVD, ele fez um DVD de turnê e é tipo um documentário e tem um outro álbum ao vivo que ele lança só em DVD também, são três projetos que ele faz, foi indicado ao Grammy, não ganhou, que eu achei o injustiça porque é um disco muito enfim.

Eu sou muito fã desse disco porque depois que eu comecei a ouvir Paul McCartney eu passei o ano inteiro ouvindo esse disco direto e essas músicas eu gastei um peso muito muito considerável. Eu acho que é um disco mais positivo do Paul, é um disco que ele faz uma meditação acerca da vida dele e do passar da condição de mortalidade, mas ele também tem um olhar positivo também por exemplo Too Much Rain, que é uma música de esperança e essa coisa do pouco um piano e a melancolia vai se fazendo presente depois nos registros sucessores. Então pra mim é o álbum mais forte do povo desse século pra cá disparado e ele não trabalhou mais com Nigel Godrich mas depois ele começou a falar bem do Nigel porque a consequência foi muito boa artisticamente que ele falou que muitas das coisas que ele trabalhou nesse disco foram impactantes nos sucessores.

Pedro: É um dos meus títulos favoritos também, talvez top 3, um dos primeiros que eu vi inclusive em 2016 mais ou menos, na época eu já tava começando a me aprofundar mais no Paul McCartney. Tem muita música muito bonita ali, principalmente Jenny Wren, que sempre foi uma das minhas favoritas. Mas assim, a gente tem que notar também que ali a gente já começa a perceber que o Paul McCartney tá começando a ter uma deterioração na voz. Em Driving Rain já acontecia de vez em quando, isso já era perceptível, mas eu acho que começa a ser mais notável a partir de Chaos and Creation.

E a coisa só vai piorando, ele consegue controlar ainda porque 70 anos convenhamos é é complicado e o cara tem uma voz e conseguir gravar um 3, 4 discos nesse período, nesse século, é algo impressionante, mesmo com a voz não sendo a mesma de antes. A composição é sensacional, as letras são sensacionais, é um dos meus álbuns favoritos disparado, apesar de não ser aquela coisa animada que a gente tem nos anos passados como Driving Rain por exemplo tinha algumas músicas mais upbeat, em Chaos and Creation é bem raro, tem alguma coisa bem mais melancólica é no geral, mas às vezes assim é bem bonito de se de se ouvir.

Tiago: Inclusive eu acho que só duas faixas desse álbum que são mais nessa pegada um pouco mais animada que é Fine Line, que é justamente o single do disco e Promise to You Girl que é uma música que ele inclusive se arrisca a fazer um solo que eu gosto pra caramba e eu acho que muitas dessas coisas vem por causa do estilo de produção do Nigel.

O Nigel vem da própria essência do Radiohead que é muito experimental e ele também produz muitos artistas que estavam nessa vibe mais melancólica. Nigel era o produtor da banda Travis, sabe? Travis é tristeza. É uma tristeza pop? É. Mas é uma tristeza. O Beck fez Sea Change em 2002 que foi produzido pelo Nigel que é um disco triste pra caramba, ultra depressivo, então ele acabou levando também um pouco desse tom de melancolia pro Paul que é algo muito atípico, né? Porque o Paul é feliz até demais, às vezes exageradamente. E nesse disco ele mostra um um outro lado dele.

E essa consequência se deságua no Memory Almost Full que ele retoma algumas coisas que ele tinha deixado lá pra trás naquela sessões que ele começou a trabalhar com Nigel em 2003, então é o disco que levou mais tempo a ser gravado do Paul acho dos últimos anos que começou em 2003 e foi até 2006, 2007, que é um disco que eu gosto de muita coisa, mas eu acho que justamente pelo fato dele ter sido gravado antes do Chaos e depois desse álbum, você percebe muito bem quais são as faixas que surgiram antes das que vieram depois. Então, ele não tem uma coesão tão forte quanto os outros álbuns.

Ao mesmo tempo, é um disco de excessos e os excessos eles fazem bem algumas vezes e não fazem tão bem em outros. Então, acho que ele o Memory Almost Full pra mim ele é uma mistura muito clara do Driving Rain com o Chaos.

Pedro: Eu diria que o Memory Almost Full é um dos melhores álbuns de rock upbeat do Paul McCartney. Assim, eu penso ele no mesmo esquema do Off the Ground que são músicas catadas, saca? Aquele álbum que você não consegue ouvir ele em sequência porque ele não tem um um esquema de continuidade, algo que fique bom de se ouvir. No mesmo álbum você tem Dance Tonight, Ever Present Past, See Your Sunshine e Only Mama Knows e não funciona pra mim pelo menos. Cê não tem a mínima ligação entre Dance Tonight e Only Mama Knows porque o estilo é totalmente diferente. Então, se você colocar numa playlist e colocar no aleatório, OK, mas se você for ouvir no álbum, não me desce bem. Mas no geral, eu gosto muito do álbum, tem músicas muito legais, tipo Mr. Bellamy, That Was Me que é meio esquisita, mas é legal. Why So Blue muito bonita, eu gosto pra caramba.

Tiago: Eu acho interessante essa sua abordagem porque eu acho que você resumiu basicamente o que eu sempre quis dizer, mas eu nunca tinha palavras. É um disco cujas músicas funcionam individualmente. Se você pegar qualquer música desse disco pra lançar como single, a maioria delas funcionam como singles do Paul McCartney, mas como álbum elas parecem muito deslocadas. Tem uma música desse disco que eu acho que é a música mais pessoal, uma das músicas mais pessoais que o Paul já fez, que foi End of the End, que é a música basicamente dele falando sobre o que ele gostaria depois que ele morresse.

Apesar de ser uma música muito triste, ele fala que ele gostaria de ver risos e muitas coisas alegres e a música triste e melancólica, né? Eu acho que esse é o ponto máximo assim da carreira dele e que ele pensa na mortalidade dele e aí eu acho que ele encerra um ciclo nesse álbum que é digamos assim, pronto, agora eu olhei pra trás, entrei no divórcio que ele se divorciou de novo, né? Agora tá na hora de olhar pra frente de novo, então ele alcançou novo momento de lógica da vida, ele tava terminando 60 anos, eu acho que tava já perto de entrar no 70 e agora eu vou olhar pra frente de novo que é a década de 2010 que a gente vai entrar agora.

Então, o pão nessa época, além dos discos principais, ele fez uns discos de música clássica e ele finalmente revelou a identidade do The Fireman, porque era um projeto que não tinha nenhuma música cantada, então ele mantinha silenciosamente, inclusive ele teve várias personas ao longo da carreira solo, vários artistas com outros nomes que na verdade eram ele por trás e aí ele lançou um álbum chamado Electric Arguments em 2008 que tem uma das primeiras faixas cantadas do The Fireman que é bem Paul McCartney mesmo e a música teve um relativo sucesso. Então aí eu acho que encerra mais ou menos essa época.

2009 ele lança um disco chamado de Good Evening New York City ao vivo que é o disco que foi gravado se não me engano 50 anos depois do último show dos Beatles e que é um disco ao vivo também que tem uma popularidade muito grande porque foi lançado em blu-ray, eu prefiro o Back in the World e eu acho que nessa época você já percebe que a voz do Paul não é a mesma, então ele continua cantando as músicas em todas as notas, mas perde um pouco da cor.

Pedro: Esse Good Evening New York City é um dos meus favoritos em relação a uma música só, porque eu não costumo ouvir disco ao vivo, mas The Long and Winding Road é uma das minhas favoritas que é da época dos Beatles, mas cantando no Let it Be eu não gosto muito, prefiro ele cantando como como solo e pra mim a melhor versão é esse do álbum de 2009 ao vivo mesmo, é uma das minhas favoritas e que realmente chego a emocionar todas as vezes que eu ouço.

Tiago: E aí a gente uma fase do Paul pra mim é a fase que ele olha pro futuro, ele sabe que pro claro, pra qualquer pessoa que atinge mais de 70 anos atinge uma lógica da vida, que a morte tá próxima, mas ele quer olhar pra frente, ele quer fazer coisa nova e eu acho isso legal. E aí ele anuncia show em Goiânia nessa época eu era adolescente ainda, então não tive como ir, eu não tinha dinheiro, era o estagiário, eu ganhava 360 reais por mês como estagiário, inclusive eu trabalhei dois meses pra comprar meu primeiro celular, foi nessa época que o inclusive fez o show mas a minha turma inteira do ensino médio foi, vários professores meus foram e o pessoal ficou falando durante tempos que foi o melhor show da vida deles.

A cidade inteira de Goiânia foi impactada naquela época porque eu tenho um tio que ele é taxista, por exemplo, e ele foi dar carona pra pessoa no dia do show do Paul e ele tava perto do negócio e ele falou que o barulho era tão alto e o show foi tão impactante que a cidade inteira parou, que era muito carro e muita coisa e o pessoal descia e saía correndo pra dentro do estádio porque não dava pra chegar, sabe? e eu conheço histórias de outras pessoas também que foram no show e e parece que ter sido algo inesquecível, é um show que marcou Goiânia e até hoje eu me sinto um merda por não ter ido nesse show.

Pedro: Na época eu tinha 12 pra 13 anos, então nem dava pra eu ir sozinho, saca? Mas eu tentei convencer meus pais, meus tios e ninguém ninguém quis me levar e de vez em quando eu me lembro de 2015 quando achei um vídeo de Live and Let Die aqui em Goiânia e daí era um vídeo gravado na arquibancada olhando pra cima e daí eu não sabia que ia nos shows do Paul McCartney ele lançava fogo na época sabe? Eu não sabia que ele lançava na época do refrão, passava fogo pra cima e daí quando eu vi isso eu falei: “mano por que que eu não fui?” (risos). Bem, graças a Deus eu fui em 2017 agora já compensou. Mas nossa eu devia ter eu me sinto muito realmente muito triste de ter perdido aquilo lá.

Tiago: Eu nunca fui num show e pior eu comecei a ouvir por uma carta nele de verdade depois do show então eu olhava quando eu tava em 2014 e eu ouvi os discos e falava: “caramba eu conheço mais as músicas solos do Paul McCartney do que o pessoal que foi nos shows”. Eu lembro que eu tinha um colega de sala que ele falava assim: “vou no show, mas eu só conheço as músicas do Beatles. Se ele começar a cantar um monte de músicas da carreira solo, eu vou ficar boiando lá no show”. E eu ficava pensando, pô, mas eu conheço as músicas solos, entendeu?

E antes do show em Goiânia, ele lança também um álbum chamado Kisses of the Bottom, que é mais uma uma coisa meio na linha do Run Devil Run, mas ao invés de faixas rock ele pega aquela coisa meio Frank Sinatra e coloca mais umas duas músicas inéditas se não me engano no repertório. É um disco que não faz muito o meu perfil, então eu nunca dei muita moral, mas o Pedro conhece melhor, então ele vai falar.

Pedro: Eu gosto muito do Kisses of the Bottom mesmo sendo muitos covers tem música muito importante ali como My Valentine, que o Paul toca hoje em homenagem a Nancy, que é atual esposa dele. Assim, mesmo não tendo muitas muitas composições dele ali, eu acho que é um álbum que vale a pena ouvir, porque principalmente pra quem gosta desse estilo meio jazz, meio blues. Eu acho que é muito interessante de ouvir.

Tiago: E ele lança logo depois que ele faz o show em Goiânia o álbum New que inclusive em 2012 um ano antes ele falou que ele tava pesquisando sons no mundo inteiro, tava ouvindo funk brasileiro e tava querendo fazer alguma coisa. Inclusive o pessoal fazia piadinha falando “Paul McCartney tá ouvindo funk, ele vai fazer algum funk no disco dele” alguma coisa assim, que é um disco que contrário dos discos dele dos anos 2000 que ele estava confortável no espaço dele, ele falou, agora eu vou fazer o negócio com a tendência desses tempos e aí ele chamou uma série de produtores, ele chamou o Mark Ronson que tinha produzido Adele no no álbum 21, somente um dos discos mais relevantes dessa década, chamou o Giles Martin, que é o filho do George Martin pra trabalhar que eu acho muito legal essa referência que ele.

Inclusive o Giles trabalhou nos remixes dos discos mais recentes dos Beatles e ele sabe preservar muito a tônica do pai dele no trabalho que é algo raro, porque filhos geralmente no mercado da música eles sempre estragam as coisas dos pais, mas enfim ele trabalha com uma série de produtores e ele faz um disco muito pop, mas um pop do Paul McCartney na década de 2010 e é um disco sensacional do início ao fim. A única música que eu não gosto desse disco é Queen Eye e eu não acho ela ruim, mas eu acho ela meio chatinha, eu gosto muito de New, Appreciate, eu gosto muito da daquela faixa escondida Scared, que é só no piano, é uma música basicamente dele faland, que ele gosta de alguém, mas ele não se sente corajoso o suficiente pra falar pra essa pessoa e essa pessoa tá indo embora, é um negócio bem bem triste assim. Eu gosto de coisa triste, então mas enfim.

Save Us eu gosto bastante, então é um disco… On My Way to Work, eu gosto muito do geral dessas músicas e os clipes desse álbum também são legais também, tem um clipe de Appreciate que ele fez uma parceria com a Microsoft que é legal, o negócio do museu e tudo mais. Então, você vê que o Paul ele tá querendo ser futurista nesse período e eu acho que ele se sai muito bem nessa proposta.

Pedro: É um estilo que a gente não tinha ouvido o Paul McCartney tocar até então músicas como I Can Bet, Alligator, principalmente que é uma música muito diferente do que a gente tá acostumado. E eu acho que é um dos álbuns mais interessantes do Paul McCartney desde a década de 80. Como eu gosto muito dos álbuns do Wings eu não vou falar dessa década porque viraria clubismo, né? Mas pra mim é um dos meus favoritos de todos os tempos a frente de álbuns como Tug of War porque é um álbum muito renovado, muito diferente do que a gente tá acostumado.

Tiago: Ele tem muita edição especial desse álbum, tem, por exemplo, a edição de luxo que tem sete faixas, que tem, por exemplo, algumas coisas também supereletrônicas dele e as versões ao vivo que ele gravou no Japão em Tóquio, também, que eu acho bastante legal, ouve depois. E aí essa ânsia do Paul pelo futuro continua quando ele faz a trilha sonora do do jogo Destiny que ele faz a música Hope for the Future e faz o clipe que é um jogo que foi bastante criticado mas que tem uma música bem legal e eu gosto e além de tudo também ao mesmo tempo que ele vai pra frente, tem muito revisionismo tanto a carreira solo dele quanto os Beatles. Então tem o álbum também, tem The Art of McCartney que não sei se você conhece, ele é muito bom, ele traz a participação de vários nomes da música, não se tem por exemplo o Paul Rodgers que era o cara da Free, da Bad Company, cantando Let Me Roll It, o vocalista do The Who cantando Helther Skelter, tem um monte de coisas legais nesse álbum, um monte de bandas e artistas famosos, cantando músicas do Paul McCartney.

E nessa época ele tenta também fazer parceria com artistas mais jovens, então ele grava músicas com Kanye West, grava aquela música junto com Rihanna e com Kanye e aí ele acho que a primeira música do Paul a muito tempo a subir na em primeiro lugar nas paradas que foi Four Five Seconds que inclusive é uma coisa muito ruim que quando você usa certas redes sociais pega um filtro do Spotify e você coloca lá músicas por exemplo Tinder e aí quando aparece a sua lista de artistas e aparece Paul McCartney ele sempre mostra a música mais tocada e aí vai aparecer Rihanna no lugar por causa da música, porque a música foi muito forte na época e de certa forma mostrou que o Paul é um dos poucos artistas que consegue ter o seu nome na parada em várias décadas consecutivas.

Em 2016 saiu a coletânea comemorativa Pure McCartney que ele lança várias coletâneas ao longo da carreira, tem uma do Wings que a gente esqueceu de falar aqui saiu em 2001 chamada Wings Greatest, mas essa eu acho que é a mais completa da carreira dele. Inclusive pega uma foto dele anos 70 pra fazer a capa que é aquela imagem dele com bigode que é bem estranha, inclusive porque não é algo que as pessoas associam muito o bigode ao Paul McCartney e tem uma seleção muito boa. E aí nessa seleção que você percebe quais são os álbuns que o próprio Paul considera os melhores, então tem muita faixa do Band on the Run, do Chaos of Creation e também do Flaming Pie. São os discos que mais tem e o Tug of War também tem muita coisa, mas por exemplo Driving Rain e o Flowers in the Dirt não apareceram nem na edição de luxo dessa coletânea, o que eu achei bastante estranho.

E a gente chega em 2018 com o Egypt Station.

Pedro: E foi o primeiro álbum que eu já falei acho mais cedo foi o primeiro álbum que eu acompanhei desde o começo, desde a hype de anunciar lá em, sei lá, em maio eu acho, não tenho certeza, mas antes até o vazamento dele um dia antes que ele vazou em alguns lugares de internet e ouvi ele todo hypado, todo louco, nossa, não acredito que ele fez isso é um álbum totalmente diferente de novo, que a gente deve ter acostumado. Eu diria que é um New 2.0 do que a gente pensa em novidades. Esse é um estilo totalmente diferente, claro, mas são inovações que a gente não tinha percebido ainda.

No começo cê tem I Don’t Know, uma música como que é bem Chaos and Creation, melancólica, eu não sei que o que vai acontecer, eu erro muito. Daí em seguida cê já tem Come on to Me que é uma música muito upbeat, muito animada, é totalmente diferente que eu tava esperando e eu particularmente não gostei no começo, agora eu me acostumei e o álbum é muito muito muito bom. A hype passou. Na época eu dizia que ele era um dos melhores do Paul McCartney, hoje eu já não considero, mas é um álbum que salva muita coisa legal ali, tem Despite Repeated Warnings que é um ataque ao Trump, então inclusive ótimo (risos)  e tem muita música excelente Dominoes.

Tiago: Pra mim esse disco é uma mescla dupla pra frente do New mas com um pouco da loucura do Memory Almost Full, porque I Don’t Know tem o clima do álbum de 2005, mas aquele piano ele é muito do Memory Almost Full se você pegar aquelas músicas bem de piano até os timbres são muito parecidos, embora o produtor seja diferente, que é o Greg Kurstin que é um cara que produziu Adele também no álbum 25, que é o de 2015 e produziu o Beck. Então parece que tudo com quem o Beck trabalha o Paul depois chama em seguida.

Mas enfim, I Don’t Know tem uma referência nessa música que me lembra Too Much Rain, tem um ou dois versos daquela música que me lembra alguma coisa que é dita em Too Much Rain e a primeira coisa quando eu ouvi foi: “gente essa música é muito do álbum de 2005” e e eu gostei muito que ele fez um duplo, eu gostei muito das duas músicas, eu ouvi pra caramba assim e eu uso o iTunes no computador pra ouvir músicas e aí ele registra a quantidade de execuções. Eu sei que as duas músicas do Paul chegaram ao topo assim em pouco em um mês entre as músicas que eu mais ouvia.

Mas eu gosto muito de Despite Repeated Warnings, é a coisa mais experimental assim que ele fez de faixas em destaque desde a década de 70, é um negócio bem bem setentista do som dele, mas ao mesmo tempo ele vai e faz algumas coisas meio loucas tipo Back in Brazil que ele tenta acertar um pouco com a bossa eletrônica, é uma bossa-jazz eletrônica. Tem algumas coisas bem tradicionais como Do It Now que eu gosto bastante e tem algumas outras coisas também que eu gosto em termos de elementos, por exemplo, aquela coisa do violão que ele fez também um pouco no New por exemplo Happy With You, mas eu acho que um ponto muito forte desse álbum também é Who Cares, que é uma música anti bullying que tem uma história super legal e que também ganhou uma versão em videoclipe.

Mas antes de falar de Who Cares, eu queria saber o que você achou do clipe de Back in Brazil.

Pedro: Assim, eu não sou fã do dos clipes do Paul McCartney e normalmente eu acho tudo horroroso, Ever Present Past que fica um monte de mulheres se multiplicando e eu acho tudo horroroso, mas o assim, o de Back in Brazil foi aturável, pelo menos pra mim. Eu não sou especialista em clipes, muito pelo contrário, não costumo assistir, mas assim eu achei aturável. É muito melhor do que aquela psicopatia do Who Cares, sabe? (risos). Aquele lá eu achei estranho pra caramba mesmo tendo Emma Stone e tal, mas aquele momento que começa a ficar psicodélico eu já acho meio loucura (risos).

Tiago: Eu vi muita crítica de brasileiros no clipe de Back in Brazil falando que era um absurdo trazer uma mulher de biquíni no show como se toda mulher brasileira fosse assim, foi uma leitura bem sexista, mas assim sexista de gringo mesmo com relação ao Brasil porque o cara tá lá todo vestido e ela lá de biquini no show. Então foi um negócio meio forçado, se a única coisa que eu não gostei, mas eu acho que mostrou muito bem Salvador, assim, eu não conheço Salvador, nunca cheguei nem perto da cidade, mas me pareceu assim bem imersivo e tal. Já Who Cares gostei muito pra caramba, porque eu achei um clipe muito teatral, ele usa muita do teatro, cê vê que tem uma parte em que mostra tipo a tristeza no máximo, a alegria no máximo, então ele é muito exagerado. Eu realmente gostei, eu acho que pra proposta da música, o clipe funcionou muito bem. E a Emma Stone é sensacional, aquela mulher é ótima então, né?

Pedro: Eu prefiro pensar o clipe de Who Cares sendo aquele concerto que ele faz na estação de trem em Nova Iorque que ele chama duas garotas que sofriam na infância, uma delas sendo porque ela era fã de Beatles. Inclusive que é um absurdo cara, como é que alguém sofre bullying por ser fã de Beatles? E daí ele vai antes de começar a música ele manda o cara “fuck you!” e começa a cantar. Então, eu acho que eu gostaria mais disso do que aquele clipe psicodélico, mas é aturável também.

Tiago: Na mesma época que ele lançou esse disco, ele fez um show se não me engano no Abbey Road de novo, igual como ele fez em 2005 e lançou o show todo no Spotify e aí naquele show você percebe o Paul não tem mais voz. Acabou basicamente, mas ele ainda toca muito bem nos shows, então isso é o que importa.

Pedro: É. E é uma preocupação pra quem vai no show agora também, né? Porque cê tem que pesar: vale a pena pagar 200 reais pra quem paga meia, 400 reais pra quem paga inteira, pra ouvir alguém que já não canta direito? Tem muita gente que pede aposentadoria dele em shows por causa disso. Em álbuns sim ele consegue consertar porque em Egypt Station a voz dele tá bem legal, parece que tá bem conservada, mas eu não sei como é que isso vai tá na vida real, a gente vai descobrir agora em março quem for nos shows.

Tiago: Eu acho que um dos motivos também pesa pelo fato do Paul não querer alterar o tom das músicas. Todas as músicas desde os anos sessenta ele quer cantar no mesmo tom. Eu acho que a voz dele até envelheceu bem pra idade que ele tem porque por exemplo a minha banda favorita é o Manic Street Preachers e o vocalista é o James Dean Bradfield inclusive ele entrevistou o Paul McCartney que tá no vídeo em 2010 eu acho no canal do Paul o povo caiu xingando o James porque o James fez umas perguntas bem básicas, mas era a proposta do negócio. O James, ele é um cara que não tem nem 50 anos, ele tá com 48, 49 e ele tá com a voz praticamente acabada, sabe? Ele continua cantando as músicas no mesmo tom, ao vivo, mas assim, você vê que a voz dele tá muito fraca.

Agora o Paul na mesma idade que o James tem, ele ainda tava com a voz excelente, então eu acho que é um destino muito comum para artistas que tem a idade do Paul estar com a voz desse jeito, então acho até normal e eu acho até surpreendente porque ele faz um show de três horas sem beber água, o cara é completamente pirado assim, então o Paul é sensacional no show mesmo estando com a voz toda afetada.

Eu acho que ele poderia dar uma mudada no setlist, sabe? O problema é que assim, que todo mundo quer ir no show e ouvir Hey Jude, mas é uma música que não faz sentido mais tocar ao vivo, porque ele não consegue alcançar as notas e ele tem um monte de músicas legais. Então, dava pra dar uma mudada no setlist. Inclusive essa é uma das maiores críticas que os críticos fazem com relação aos shows ao vivo do Paul assim lançados em álbuns é porque entra a turnê e sai turnê, as músicas mudam assim quase nada são sempre as mesmas músicas, então ele não varia muito dentro do repertório.

Ele não é por exemplo tipo que às vezes deixa de tocar o almoço durante dez anos e toda turnê muda o setlist e toca coisas diferentes. Então, você, sei lá, ir no show da banda em 2016 e outro show em 2019, são experiências totalmente diferentes. Com pom não, cê vai no show em 2013, vai no show em 2016 a setlist é quase a mesma.

Pedro: É, recentemente, a única diferença que eu tenho recentemente é que ele inclui o e tirou uma música dos Beatles, agora não tem certeza qual. De qualquer jeito, continua a mesma coisa então. Mas mesmo assim eu acho que um cara que escreveu 600 músicas no mínimo, sem contar pelo menos umas 200 com os Beatles, eu acho que tinha que ter repertório pra variar, sei lá, trocar todo show, troca uma ou outra e daí uma dá uma turnê, tira uns cinco, coloca cinco, não precisa ficar com a mesma sempre. E eu não duvido que ele faça isso honestamente porque está sofrendo bem muitas críticas recentemente e a galera da gravadora tem olhado os tuítes dele recentemente e tem muita gente que pede nos comentários. Então eu não sei como é que ele vai tratar isso, mas torcer pra nos próximos próximos meses ele dar uma alterada já para treinar outras músicas pra próxima vez que vir pro Brasil.

Tiago: Sim. Agora eu fico me perguntando quando que ele vai fazer um próximo disco, porque a altura do campeonato ele não tem mais nada o que provar e a gente não sabe quantos discos ele ainda vai fazer, né? Mais ou menos esse período. Mas eu acho que ele ainda tem capacidade de fazer mais uns dois ainda em carreira assim. O problema é que quando ele fez esses discos dos anos 2000 até chegar ao New, ele tinha um horizonte. Com Egypt Station ele esgotou todas as possibilidades. Agora o que que ele vai fazer? Porque esse disco, por mais que ele não seja um dos melhores do Paul, ele fez tudo. É o resumo básico da carreira dele, pra mim esse disco. Tem de tudo um pouco. Ele vai fazer o Egypt Station 2.0? Eu acho que ele não gostaria de fazer isso. Então eu fico pensando realmente o que ele vai fazer agora.

Pedro: Se eu sou o Paul eu não sei, talvez eu lanço outro álbum, talvez com o mesmo esquema de algum álbum recente e fecho a carreira com McCartney III, porque talvez no mesmo tipo de música no McCartney I, aquela música vem caseira, bem tranquila e fecha a carreira do jeito que ele começou. Acho que seria um final bem legal e ninguém ia contestar porque mesmo porque o McCartney I é um álbum que eu adoro e tem muita música que é clássica ali que ele toca até hoje. Então eu acho que seria um final de carreira perfeito se ele lançasse o McCartney I, o McCartney II que é meio merda (risos) e o McCartney III que cê fecha a carreira com a chave de ouro.

Tiago: Imagina se ele fazer McCartney III em 2020? Porque o primeiro é de 70, o segundo é o de 80, terceiro de 2020.

Pedro: Mas tomara que não faça porque eu quero que ele continue fazendo álbum (risos). Ninguém merece parar de ouvir música nova do Paul McCartney não, né? No ano novo eu fiquei mais hypado pela música nova do Paul McCartney do que pelo ano novo e que a música acabou se tornando ruim cheio de autotune. Então eu acho que sempre que ele lançar música vai ter gente pra ouvir e o hype vai ser enorme independente da produção.

Tiago: Aliás um adendo sobre a questão do autotune eu acho que o grande problema do Egypt Station se chama OneRepublic. Todas as músicas que Ryan Tedder trabalhou no nono disco foram medíocres que é a Fuh You, uma das piores do álbum, foi produzida pelo Ryan porque ela destoa totalmente do disco, ela é muito diferente das outras. Essa que foi usado autotune é uma música muito boa em si, mas ele foi lá e trabalhou a produção. Tem uma que saiu na edição de luxo do Egypt Station, que foi produzida também pelo cara que é uma música que todo mundo caiu malhando, Nothing to Free, que também é uma música que ele produziu. Então eu acho que OneRepublic é uma banda bem meh pra trabalhar com Paul McCartney, eu sei que ele gosta de trabalhar com gente nova e tudo mais, mas o Greg Kurstin pra mim acho que seria suficiente pra pra garantir um uma são legal pro álbum.

Pedro: Só expressar minha indignação aqui porque Fuh You é muito boa, tá? (risos) Eu gosto pra caramba e apesar de ele falar que não tem nada de obsceno na música, todo mundo sabe que é fuck you sim, ele escreveu Why Don’t We Do It in the Road? em 1968 e agora ele escreveu Fuh You em 2018. Então 50 anos de vitalidade (risos).

(Fim do episódio)

Tiago: Quando eu gravo episódios com o Luca e aí eu geralmente escolho as bandas né?

Pedro: Uhum.

Tiago: E ele começa a destruir as músicas que eu gosto (risos).

Pedro: (Risos)

Tiago: No episódio sobre Fleetwood Mac ele disse: “é bem tocado, mas é meio tosco!”.

Pedro: (Risos). Mas eu concordo, não gosto de Fleetwood Mac não, eu não gosto.

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Equipe Introvertendo Escrito por: