Introvertendo 254 – O Lado Bom do Autismo

Durante décadas, autistas tem tentado ressignificar o autismo e suas características por não acreditarem que o diagnóstico esteja associado apenas a déficits. Não é a visão mais corrente da comunidade do autismo, mas já ganhou espaço o suficiente para que novas percepções sobre o autismo existam. Neste episódio, Michael Ulian e Tiago Abreu recebem o paleontólogo Tito Aureliano para destrinchar o que há de bom e legal no autismo e em ser autista. Arte: Vin Lima. 

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Transcrição do episódio

Tiago: Olá pra você que ouve o podcast Introvertendo, que é o principal programa sobre autismo do Brasil e que traz diferentes pontos de vistas sobre o autismo. Meu nome é Tiago Abreu, sou jornalista, um dos integrantes deste projeto e a vida toda eu sempre fiquei tensionando entre as questões boas e não tão boas sobre o autismo.

Michael: E aí é que quem fala é o Michael, o Gaivota, e apesar de eu parecer o Schopenhauer encarnado na maioria dos episódios, eu vejo bastante pontos positivos no autismo.

Tito: Olá pra todo mundo que está escutando, aqui falando é o Tito Aureliano. Eu sou paleontólogo, pesquisador, professor, divulgador científico e também estou no espectro junto com vocês e grandes poderes vêm com grandes responsabilidades.

Tiago: O tema de hoje é O lado bom do autismo, já que na semana passada a gente discutiu a tal da romanização do autismo agora também é o momento da gente falar o que que a gente vê de legal e de positivo no espectro. Esse tema inclusive sugerido pelo Tito, então a gente está tendo a honra também de chamar ele pro episódio e discutir essa questão com a gente. Vale lembrar que o Introvertendo é um podcast feito por autistas com produção da Superplayer & Co.

Bloco geral de discussão

Tiago: O autismo historicamente sempre foi definido pelos déficits. Quando a gente fala sobre autismo nos manuais médicos, a gente pensa sobre a dificuldade e interação social, de comunicação e os comportamentos restritos repetitivos. Mais tarde, surgiu um ativismo autista, uma reflexão teórica autista sobre a questão do autismo com movimentos apregoando a ideia de que autismo é algo positivo e muitas vezes até querendo desvincular a ideia de autismo como transtorno. A minha posição é que, embora essa visão de despatologizar o autismo seja importante, ela também nos afasta do cotidiano.

Eu vejo que, na verdade, muitas características do autismo são ambivalentes. E o que eu quero dizer com isso? É que, dependendo do contexto social, dependendo do indivíduo, dependendo de uma série de critérios, uma mesma característica associada ao autismo pode ser positiva e negativa ao mesmo tempo. E aqui nós estamos falando dentro das nossas experiências, mas também de acordo com outras pessoas que a gente conhece e abordando como questões do autismo, que são indissociáveis muitas vezes da nossa personalidade, podem ser um fator positivo de emancipação, de ascensão dentro da nossa sociedade.

E eu acho que quando a gente fala sobre o lado bom do autismo, a primeira coisa que as pessoas pensam é sobre o tal do hiperfoco. Autistas na comunidade do autismo já tenderam bastante a ressignificar aquela ideia de interesse restrito e restritivo para uma palavra que é muito mais positiva que é o hiperfoco, que muitas vezes está ligado ao trabalho, que muitas vezes está ligado a uma coisa produtiva, uma coisa até artística que muitas vezes nos provoca realizações. Como é a relação de vocês com a questão do hiperfoco?

Michael: Via de regra, realmente tenho essa relação mais positiva com hiperfoco. Nem sempre é o caso, apesar de que aqui no podcast principalmente eu sempre tendo a documentar hiperfocos de uma forma mais positiva. Recentemente comecei a trabalhar num ambiente que eu não fazia ideia se ia dar certo, tinha tudo pra dar errado, até que eu cheguei lá e vi que o trabalho mesmo que eu tinha que fazer era muito parecido que eu fazia quando eu estava lá no laboratório cuidando da coleção da UFG. Daí ligou aquela chavinha no cérebro: puf! Quanto mais eu rendo, quanto mais eu consigo fazer quando estou com aquele foco naquela coisa, estou fazendo aquela coisa e está rendendo, está fazendo. Como que eu otimizo isso? Como eu melhoro isso? Como faz pra seguir mais rápido?

Minha habilidade de reconhecer padrões é muito boa. Ao ponto de que agora no serviço lá é mais confiável você perguntar pra mim do estado do nosso estoque, se a gente tem ou não tem algo, do que você ver no sistema. Desculpa sistema, mas você é inferior a eu. Quanto mais você foca naquilo, mais você fica melhor naquilo, mais te deixa feliz com o que você está fazendo, mais você está satisfeito, exceto nas partes em que não fica tudo exatamente perfeito… Detalhes! Mas eu acho que é isso aí. Eu já falei bastante.

Tito: Pois é, isso aí é uma coisa interessante que o que o Michael falou é: tudo que está dentro do hiperfoco a gente ganha um boom, um extra, um nitro de produtividade e de atenção. E aí a gente acaba que vira um super-herói ali no que a gente está fazendo. É fantástico. Você passa dias, horas, meses trabalhando em cima de um assunto ou em cima das suas próprias metas para conseguir cumprir e tenta cumprir sempre com excelência, tentando se superar. E tudo quase como se fosse um robô mesmo, às vezes eu acho até engraçado isso.

O lado perigoso disso, na realidade, é que tudo que em contrapartida está fora do hiperfoco acaba que cai na disfunção executiva. E aí a disfunção executiva é uma correnteza que fica te puxando pra longe do seu objetivo que você quer nadar, que você quer chegar, entende? Então é sempre muito difícil segurar na crina dos cavalos que tão na disfunção executiva. Então o que o pessoal sempre falou pra mim, sempre fala é: foca. Se você tem algum tipo de hiperfoco, foca no seu hiperfoco no profissional e vê se você consegue ter alguma saída em cima do seu hiperfoco, se há possibilidade disso, algum tipo de carreira que você possa desenvolver em cima de alguma maneira ou de várias maneiras.

Agora ruim e difícil é quando você tem um hiperfoco que diretamente não dá dinheiro. É o meu caso ou o caso do Michael. Eu sei que tem gente que coleciona coisinhas que não dão dinheiro também, mas no nosso caso é uma área da ciência muito específica que é a paleontologia, especificamente paleontologia de dinossauros. Como a ciência como um todo, você não tem como ganhar dinheiro diretamente, você tem que correr atrás de bolsas e projetos e isso não sustenta tão bem quanto mais aqui nos trópicos. E aí você tem que ficar correndo fazendo às vezes com projetos no privado, palestras, produtos, entrar no audiovisual para conseguir levantar dinheiro no privado pra conseguir juntar tudo e se manter focado ali na sua meta de vida que é o seu hiperfoco.

Eu não sei vocês, eu já acompanho o Introvertendo há muito tempo, e vejo que tem gente que tem o hiperfoco mutante e tem gente que tem o hiperfoco de nascença. Esse negócio de dinossauro comigo é de nascença, acho que com o Michael também, né Michael?

Michael: Uhum.

Tito: Pois é, deve ser um proxy aí que a galera… é tipo trem pro Sheldon, sabe? Física e trem pro Sheldon. Tem os os que são esses de nascença e tem esses hiperfocos que são mais novos, que às vezes a gente fica muito vidrado no assunto, matemática, por alguns meses e muda, mas o outro é persistente mesmo. O que é bom pra desenvolver e ser um expert assim numa área assim mesmo, profissionalmente dizendo, você fica realmente sabendo de um monte de coisa, às vezes até muito cedo, tipo adolescente, e quando você entra na universidade você já está com um conhecimento ali que geralmente o pessoal no mestrado, no doutorado tem, e você ali novinho já ou novinha já está com o conhecimento bacana.

Tiago: O hiperfoco  também tem uma função positiva de compensar a dificuldade social que muitos autistas têm. Então voltando a minha experiência, por exemplo, eu não tinha amigos, eu tinha uma dificuldade de interação com as pessoas e o meu lazer era relacionado ao meu hiperfoco, era ficar lendo coisas na internet. Eu lembro que ainda no ensino médio eu ficava lendo teses e dissertações. Eu escrevia na internet, isso acabou virando o meu trabalho. Também não sou de uma área que é muito bem remunerada, como jornalista. Mas eu, de certa forma, consegui navegar numa área muito difícil graças aos meus interesses e graças até às habilidades que eu consegui desenvolver porque eu tinha interesses restritos em algumas coisas, escrevia na internet, isso virava meu portfólio e eu conseguia até entrar no mercado de trabalho antes dos meus colegas. Acho que isso foi uma questão bastante positiva.

Eu também tenho um hiperfoco grande de vida, que eu hoje em dia identifico como áudio. Tudo o que cerca o mundo do áudio, de certa forma, me interessa. Então, música por exemplo, é algo com que eu trabalho, eu trabalho com jornalismo de música, curadoria musical, escrevia sobre música, trabalhei com crítica musical, no sentido do áudio, o Introvertendo é um fruto do meu hiperfoco em áudio. Então, se não fosse esse hiperfoco, talvez o podcast não existiria. Ou até mesmo os hiperfocos temporários que eu tenho são ligados às vezes essa questão do áudio.

Eu tenho um outro hiperfoco que surgiu posteriormente e que hoje também é uma base de sustentação minha que é o próprio autismo. Entender o autismo como tópico geral é algo que me interessa e entender o autismo como esse tema geral também me ajuda a me conhecer. E aí eu vejo que muitos autistas também, no momento tem o contato com a hipótese do autismo, também procuram entender o autismo para se entenderem.

Eu acho que tem um ponto também sobre o hiperfoco que muitos autistas relatam que dificulta e aí eu gostaria de passar pra esse sentido ambivalente, que é: a pessoa tem o interesse, ela só fala sobre aquilo e isso interfere nas relações sociais. Só que ao mesmo tempo, se a pessoa conseguir utilizar aquele tema de interesse para achar outras pessoas que gostam daquele assunto em comum, isso também se transforma em vínculos sociais. E a internet é muito boa nesse sentido. No Introvertendo a gente já falou em vários episódios o quanto que a internet as redes sociais também são um ponto de paz pra muitos autistas, que na vida cotidiana muitas vezes não conseguem encontrar pessoas que se interessam pelas mesmas coisas que elas, mas na internet conseguem achar nichos, grupos sociais que elas conseguem de certa forma viver ali e ter essas interações sociais.

Tito: No meu caso, eu casei com uma uma esposa que não é autista, mas ela tem TDAH e tem seus hiperfocos também. E ela tem hiperfoco em paleontologia, ela é paleontóloga, e a gente fica o dia inteiro falando disso cara, o dia inteiro esse assunto está aí, tanto no trabalho quanto em casa, olha aqui atrás ó, metade desses livros, mais da metade é dela, metade é dela, metade meu. E aqui tem esses bonecos aí, boa parte é dela (risos). Ela coleciona boneco de dinossauro. A melhor coisa que tem, às vezes você tem com quem compartilhar, trocar figurinhas no assunto.

E aí quando você começa a seguir nessas agregações, simpósios e congressos, é melhor ainda do que ficar nos fóruns e nas redes sociais. Quando você tem oportunidade, aí fica todo mundo conversando, é muito bom, até o ponto que você chega e encontra pessoas que não tem a mesma esportiva e aí brigam por causa dos seus hiperfocos e dos seus trabalhos e tal (risos).

O hiperfoco foi tão grande que juntou com outras coisas que teve um momento que eu falei: vou dar um basta, vou me juntar com a minha namorada e vou me mudar para outra região do país pra conseguir fazer o que eu quero na minha vida. E aí assim eu faço duas coisas que eu quero na minha vida. O meu segundo hiperfoco que é a minha esposa, né? Eu quero ser o melhor marido do mundo pra ela e cuidar dela e mimar ela de todo jeito possível. E o outro hiperfoco é dinossauro como sempre foi, né? Então desde novo eu vivo nisso.

Michael: Cara, isso foi muito fofo, mas foi também a definição do hiperfoco.

Tito: Interessante também fazer o link também da questão da minha esposa e do hiperfoco que eu tenho com ela, a facilidade que tem quando a gente tem um hiperfoco na relação e cuidar disso e a gente é focado na pessoa. Eu vivo me questionando, talvez a minha sexualidade facilite isso, eu acho que eu sou assexual e demissexual, sapiossexual, alguma coisa assim. Eu endeuso a minha esposa de um jeito que… minha nossa senhora. Cultivo o máximo possível da relação e estou sempre procurando me transformar e acabar com os machismos e tudo mais. E aí vem um outro tópico, que é uma vantagem do autismo que eu acho, justamente quando o seu relacionamento é um hiperfoco e você quer se superar pra você ter relações interpessoais ou ser casado ou ter um relacionamento de longo prazo é uma facilidade bem grande. Se você quiser um alguém que seja fiel pro resto da sua vida e que respeite claramente as regras que você quer impor, casa com um autista, arruma alguém autista aí que provavelmente a pessoa vai ficar na linha pro resto da vida.

Tiago: É exatamente isso que eu também vejo como uma das características positivas do autismo que muitos autistas tendem a serem pessoas estáveis nas relações. Tanto em relações de amizade, quanto em relações amorosas. E justamente talvez por terem poucos vínculos, poucas pessoas e aquelas interações que derem certo há um cultivo, há um cuidado. É claro que a gente não pode generalizar. Eu conheço muitos autistas que são até descuidados com as relações. Justamente pela dificuldade de interação, a pessoa meio que na existência de barreiras vai meio que largando, não nutre tanto. Mas tem um perfil de autista que não é incomum, que é exatamente esse, que tendem a ser pessoas mais estáveis e até mais próximas daquilo que as pessoas idealizam como monogamia.

E eu acho que isso pode ser positivo por um lado que é no sentido da longevidade da relação do cuidado, e também pensando na ambivalência, pode ser negativo no sentido de sufocar o outro, dependendo do contexto. Porque às vezes uma relação pede versatilidade. Eu nem falo versatilidade no sentido de contato sexual. Eu estou falando assim, versatilidade no sentido das relações sociais mesmo. Porque às vezes uma pessoa autista por ela exatamente ter a dificuldade de vínculos sociais, ela foca tanto naquela pessoa que a outra pessoa não tem espaço para interagir com outras pessoas, pra ter uma variedade. Eu já vivi os dois lados da moeda, conhecendo várias pessoas autistas. Mas eu acho que a gente pode classificar isso como uma coisa muito positiva.

Michael: Eu também tenho experiências tanto na questão de ter esse hiperfoco, como o Tito falou, eu não sei ter relações tão próximas. Normalmente, isso no meu caso, se aplica mais a amizades, mas isso inclusive reverberou comigo nessa situação de sempre tentar mudar o que você acha que está errado. Porque às vezes é um esforço muito grande. Cara, como você muda um hábito seu cara? Parece algo simples falando, mas não é fácil. Mas eu também já principalmente mais ultimamente, até porque eu não sou exatamente a pessoa mais social do mundo, o Tiago sabe. Inclusive o Tiago, mesmo sendo uma pessoa que eu considero bastante próxima, o meu contato dele fora de falar com ele sobre Introvertendo é tipo cinco parágrafos. Eu tenho um pouco dessa sensação de que quando você investe, você investe. Mas quando você não investe, às vezes você até tem uma certa dificuldade de tentar. Tem vários casos que eu gostaria de estar mais próximo dessas pessoas, tenho um apreço muito grande por elas e eu simplesmente não consigo. A gente está falando de coisa positiva, vamos pessoal, socorro. Não deixa eu puxar o episódio pra baixo.

Tiago: Não, mas eu acho que isso é uma coisa muito importante mesmo porque eu acho que também está relacionada a uma questão que é negativa sobre o autismo que é a bateria social. Se você tem uma bateria social baixa, você vai selecionar aquilo que mais atende ao que você consegue. E aí eu percebo que eu tenho uma tendência a me socializar melhor com uma pessoa diretamente do que uma interação em grupo.

Tito: Eu sou autista mas eu gosto de socializar mais do que a minha esposa. Minha esposa é muito retraída, é muito fechada e eu entendi o porquê. Uma coisa que pra mim é uma desvantagem e uma desvantagem ao mesmo tempo, já que a gente tá falando disso, é que a gente, por exemplo, no meu caso eu não consigo enxergar muito quando uma pessoa é sacana, quando uma pessoa tá incomodada, não sei o que, pra mim eu tô de boa, eu tô de boa com pouco. Basta não ter aquelas coisas que me incomodam, tipo os meus sentidos, e eu fico de boa escutando a pessoa. Adoro conversar, adoro escutar. E eu gosto de escutar.

Gosto de um churrasco, ficar conversando, tomando cerveja no final de semana com o pessoal do trabalho e ficar escutando as histórias, escutar história na rua dos velhos e ficar escutando. Eu adoro essas coisas também. Agora a minha esposa, que não é autista, sofre mais. Mas é porque ela também percebe quando tem alguém zoando, alguém sacaneando, alguém dando golpe. Eu uma vez ou outra caio em golpe, entende? Porque (risos) eu acho que o pessoal ali está ali conversando na paz, na boa e está dando um golpe. Então assim, a gente vai aprendendo um pouco de malandragem ao longo da vida, com os erros e acertos.

Mas eu acho que um pouco de cegueira social às vezes faz a gente manter o interesse genuíno pela sociedade, pelas pessoas e tal. E quando a gente começa a ver muita maldade no mundo, com a vida adulta e tal, eu cada dia que passa descubro mais maldade no mundo, alguma maldade muito louca que jamais passaria na minha cabeça. E isso vai vai afastando a gente da sociedade, a gente vai começando a ficar com medo, vai pensando três, quatro vezes, antes de começar uma relação com alguém, de você querer conversar com alguém no trabalho ou na rua ou em algum lugar, sabe? E querer desenvolver uma amizade nova, alguma coisa assim, você vai começando a ficar com a pulga atrás da orelha, né? E eu acho que uma pessoa neurotípica fica com a pulga atrás da orelha muito antes do que uma pessoa que está no espectro, que não enxerga muito essas coisas.

Michael: Eu não sei se mais tanto atualmente, mas especialmente no começo do podcast eu lembro que a gente comentava bastante sobre como certas coisas que a gente tem que meio que se preparar, ter uma consciência do que a gente está fazendo e para pessoas neurotípicas é natural, instinto, elas nascem com isso. Enquanto pra gente, se a gente não tá prestando atenção, caçando isso ativamente, passa reto. A gente simplesmente não consegue perceber essas coisas.

Tito: Agora o que pode ter de bom em você ser socialmente cego, veja, isso é horrível, nós somos seres sociais, tal. Mas tem um certo equilíbrio aí. Se você não é tímido o suficiente, você tem alguma coragem de ir atrás dos seus sonhos, das suas metas, suas hiperfocos, às vezes você não não você tem uma cegueira social, não imaginar a maldade nos outros assim, faz você conseguir sei lá, conseguir conversar com o diretor de empresa internacional, pessoal de televisão, você pode sair na Globo e ficar de boa na frente da câmera, conhecer gente que você vê na TV e achar normal, porque você é tão assim socialmente cego que aquilo ali pra você é normal, você pode estar ali conversando com um apresentador de televisão como você tá conversando com o tiozinho ali na esquina.

Eu já sentei pra conversar com diretores de Nintendo of Americas, sabe? Pra conversar e a galera: “pô, nunca conheci um paleontólogo assim” pra tentar fechar um negócio com o cara, entende? Porque eu não tenho vergonha. Então isso é uma vantagem, por exemplo, pra você fechar. É assim que eu consigo fechar acordos, tanto nos negócios quanto na nas pesquisas também. Eu converso com desde jovenzinho assim, com paleontólogos muito conhecidos, muito bem consolidados, não tenho vergonha de conversar e aprender. E assim, a gente consegue oportunidade pra ir pro exterior, pra fazer tudo, né? Mas se você genuinamente está curtindo conversar com a pessoa, escutar o que ela tem a dizer, isso favorece muito o autista. Se ele é desinibido, se essa pessoa é desinibida nesse ponto, é algo que as pessoas gostam, eu vejo isso.

Tiago: A gente falou tanto de ter foco nesse episódio que é quase o poder do hiperfoco. Mas tem uma questão relacionada ao hiperfoco que o Michael até tocou lá no início que eu gostaria de aprofundar. Eu vejo que autistas, quando eles têm interesse em alguma coisa ou nas temáticas de uma forma geral, tem uma tendência de sistematizar o conhecimento. De sistematizar aquilo que elas estão aprendendo, aquilo que elas estão organizando. Até tem uma característica muito ligada ao autismo, é um estereótipo, mas também isso chama a atenção das famílias, que é quando uma criança autista começa a separar as coisas por cores, começa a organizar as coisas pelas formas. Existe essa tendência dos autistas de catalogar as coisas.

Eu me vejo como um catalogador principalmente dos meus assuntos de interesse e das coisas que eu faço. E isso inclusive é uma característica que me ajudou muito em termos de trabalho, das pessoas verem como eu organizo o conhecimento. E isso envolve também identificação de padrões. Identificar padrões num mundo que é caótico, que é complexo e a gente ter essa habilidade certamente diferencia, é algo da admiração das pessoas quando a gente consegue fazer isso.

Michael: Por experiência própria, aonde reflete o meu hiperfoco que as pessoas veem e que elas veem algo positivo não que eu vejo como positivo também entra nisso. A questão do Tiago que falou do trabalho, no laboratório, agora que eu tô trabalhando em estoque, o que geralmente é trazido como positivo é, cara, como você consegue armazenar tanta informação? Já me falaram antes, tipo, lá atrás eu acho que eu já comentei no podcast também de que eu tenho uma boa virtualização, das coisas, tenho uma boa memória visual, sei ver as coisas bem e interpretar bem informação visual. Cara, eu estava pensando nisso. Eu não estou guardando informação direta. Eu tenho uma memória visual de onde está tudo aqui e, cara eu sei. Quando o cara me pergunta o produto X, eu não faço uma listinha de coisas na minha cabeça e pergunto, tá, a gente tem isso? Qual é a quantidade? Não. O que vem na minha mente é: tal coisa que fulano quer está lá. É assim que minha cabeça funciona. Que legal!

Tito: E isso é uma característica importantíssima pro trabalho da ciência. Porque a gente tá sempre tentando criar modelos “simplificados” para tentar entender a natureza. A gente está fazendo estatística pra tudo, para enxergar padrões, para fazer previsões, para tentar entender como fenômenos da natureza estão se comportando, inclusive os fósseis, que a gente trabalha, fósseis que a gente precisa detectar os padrões para conseguir montar o organismo, descrever o organismo e tentar classificar ele na árvore da vida. E favorece também autistas em situações financeiras mesmo. Por exemplo, pra você não perder a estribeira dos negócios na sua empresa, mesmo você tendo uma empresa pequenininha, um negócio pequenininho assim, se não for um caso de necessidade você não vai se destruir economicamente por conta de excesso ou mal uso financeiro de uma coisa ou de outra. E dificilmente você vai ser impulsivo ou impulsiva na hora de fazer alguma coisa. Então favorece sim a gente ser bem metódico com os negócios, com os investimentos e com os gastos domésticos da gente, que todo mundo tem na vida adulta.

Esse tipo de coisa, esse tipo de cautela e enxergar padrões, por exemplo, quem trabalha com investimento é muito bom nisso né? Quando você enxerga: olha, tal fenômeno está acontecendo na política então não é bom investir nesse, nesse e nesse setor. A pessoa com um salário mínimo faz isso porque ela tem um salário mínimo, mas ela não quer ficar numa situação pior ainda. Então ela para, olha e observa. Então esse tipo de visão, de raciocínio de cognição favorece muito os autistas.

Tiago: O Tito tocou no ponto seguinte que eu queria falar. Querendo ou não, tudo aqui está interligado, mas esse aqui eu vejo também como um tópico independente, que é essa questão também de disciplina e de consolidação de uma rotina. A gente sabe que muitos autistas não são necessariamente assim, até porque às vezes o autismo não está sozinho. Se você é autista e também tem um diagnóstico de TDAH como é o Michael, se organizar, se gerenciar pode ser uma coisa muito mais difícil. Agora quando você é um autista mais “puro”, tipo eu por exemplo, eu vejo que eu sou muito mais disciplinado e muito mais rotineiro do que a maioria das pessoas e eu sou capaz de fazer certas coisas que pras pessoas parece muito difícil, mas pra mim é muito fácil.

Então por exemplo, eu saí de Goiás, fui morar aqui no Rio Grande do Sul e quando eu me mudei e isso foi uma observação que o Willian Chimura fez, porque ele me deu um suporte no início quando eu vim pra cá. Ele falou assim: “olha, o jovem quando ele sai da casa dos pais e ele vai morar sozinho principalmente se ele consegue um dinheirinho e tal, a primeira coisa que ele faz é relaxar”. Começa a pedir comida não estabelece uma rotina. E a primeira coisa que eu fiz, quando eu me mudei para morar sozinho, foi cozinhar todos os dias e limpar o lugar onde eu morava direto. Então foi muito natural pra mim isso, de estabelecer essas rotinas. Eu não sou de pedir comida em aplicativo. Até consigo economizar bastante dinheiro com isso, cozinho minha própria comida, evito infecção alimentar alguma coisa do tipo (risos).

Eu vejo que eu também consigo fazer com mais facilidade coisas que as pessoas consideram chatas. Não tenho problema de levantar cedo no final de semana, vou estabelecer uma dieta e comer coisas saudáveis, mas que talvez não sejam tão gostosas quanto comer porcaria durante alguns meses. Eu consegui. Eu fui na nutricionista, eu perdi 4 quilos de gordura em três meses. Ela disse que eu tenho facilidade de perder peso. Eu não acho que é só isso, acho que é disciplina que eu estabeleci que eu deveria comer aquilo e a partir daquele momento eu comi. E as pessoas geralmente ficam de saco cheio dessas coisas, mas eu consigo fazer.

E eu não deixo de esquecer que existe aquela característica da seletividade alimentar no autismo, que é um problema, geralmente. Mas extraindo essa questão de ter uma alimentação seletiva, isso também me fez lembrar de uma conversa que eu tive com a minha nutricionista. Ela estava achando a minha alimentação no geral bastante saudável, mas ela estava um pouco preocupada porque eu sempre comia as mesmas coisas e não variava tanto a alimentação. E ela ficava: “como é que você consegue fazer isso?”. E aí eu só ri e disse: “autismo”. Então, foi uma coisa até legal assim, em certo aspecto, sabe? Porque eu enjoo menos das coisas. E eu vejo também que no trabalho, muitas vezes, eu tenho a mesma coisa, assim. Aquela atividade que todo mundo acha um saco às vezes pode ser uma delícia, uma satisfação. Aí envolve um pouco com hiperfoco também, que é essa capacidade de você se aprofundar no tema e tudo mais. Então a questão da rigidez do autismo, aquela coisa do autista ser muito apegado à rotina e etc também tem uma ambivalência, né? Então eu vejo isso também.

Michael: E pra tu, Tito? É até interessante que o Tiago é autista autista, se virando sozinho, eu sou autista com TDAH me virando sozinho, e você autista autista mas convive com alguém com TDAH, como que é pra você?

Tito: É muito difícil, é muito difícil mesmo. É como se a gente fosse de duas dimensões diferentes ou dois planetas diferentes e a gente tem que viver junto e um tem que ter paciência com o outro, sabe? Com as limitações… (som de pássaros). Ó desculpa, os terópodes, os dinossauros estão gritando aqui, porque a essa hora coruja e quero-quero fica. Se fosse de tarde ia ter sabiá. Realmente, a gente tem que ter muita paciência, a gente tem que respeitar as pessoas, já que a gente quer ser progressista e abraçar a causa da neurodiversidade, é isso aí cara, é cada um com seu superpoder, como seu fosse o X-Man. Eu sei que às vezes o Wolverine cai na porrada com o Scott, alguma coisa assim, mas o legal é evitar esse tipo de briga interna, né?

Então, o que que acontece? Eu tenho essa rigidez de pensamento e de comportamento e de todo dia ter que fazer um negócio, uma disciplina. Eu falava antigamente disciplina militar, mas eu sinceramente acho que não é mais um elogio hoje. É uma disciplina mais do que militar, é uma coisa meio de astronauta mesmo. Porque eu tenho que malhar, correr todo dia um horário fixo, todo dia, eu preciso, senão eu entro em pânico. Eu estou aprendendo a não entrar em pânico no dia que eu não posso malhar, porque eu faço isso há décadas e eu preciso disso porque eu quero estar pronto pra guerra, eu quero estar pronto pra ir pro mato, pra próxima expedição e eu não quero sofrer na próxima expedição.

Eu descobri que isso me favoreceu indiretamente e me favoreceu com algumas coisas. Primeiro que eu tenho articulação frouxa. Então meus membros saem muito fácil do lugar e eu sou muito desajeitado. Então a musculatura rígida ajuda a manter tudo no lugar pra não ficar deslocando pé, deslocando braço, tropeçando, caindo. Então isso me ajuda. Eu percebo que quando eu fico sem fazer a minha rotina de exercício, eu fico caindo e tropeçando mais eu acho que parece que é algo que é bem recorrente no pessoal que tem autismo, muita gente é desengonçada. Então, pois isso ajuda. E outra coisa, eu tenho estereotipias de movimento. Eu nunca tinha reparado isso, eu só comecei a reparar que ocorria e eu malhava em parte por causa da estereotipia. Porque eu passo muito tempo lendo e estudando. Então tem uma hora que eu não aguento mais ficar no computador trabalhando e tal e eu preciso correr. A própria atitude de correr uma hora ou mais é uma tipo de estereotipia, você sair correndo, você bota um tênis e vai, entende? Escuta música, faz qualquer coisa.

Então, acaba que eu alivio minha ansiedade, eu controlo todas as minhas taxas, geralmente o pessoal até pergunta, porra, você é atleta? Alguma coisa assim? Não, cara. Eu só sou meio doido mesmo, velho. Eu corro todo dia (risos). Eu corro todo dia de nervoso, sabe, de nervoso na vida. Basicamente. Então as coisas elas indiretamente vão ajudando, ao mesmo tempo ajuda a aliviar o estresse, ajuda a me preparar pro trabalho de campo, ajuda a cuidar das minhas taxas de colesterol e tudo mais e aí eu posso comer bastante coisa que eu quiser da minha vida, é basicamente isso. Então foi uma vantagem pra mim, pro meu cotidiano e tal.

Mas tem que tomar muito cuidado com a rigidez porque às vezes a gente exagera e acaba lesionando o corpo. Eu já lesionei e não faço mais o abdominal hoje. Porque na pandemia eu cheguei a lesionar meu abdômen do tanto que eu estava fazendo. Então tem que saber um limite e tem que saber o que que está acontecendo ali. Por exemplo, eu estou fazendo uma coisa que não está legal pro meu corpo. Entendeu? Então tem que tomar muito cuidado também. A mesma coisa é o trabalho cotidiano. Às vezes eu tenho que fechar um projeto. Eu tenho que fechar um projeto. Aí vira noite, não sei o que, e quando você vê você está sintoma seu organismo está todo ferrado de tanto que você está trabalhando. Então o autismo pega peças tá? Tem que ter muita responsabilidade com essas facilidades fisiológicas que a gente recebe pra gente não se autodestruir tipo com 30 e poucos anos se autodestruir entendeu?

Tiago: Isso é muito importante. Aí entra de novo a ambivalência das características do autismo porque eu me identifico muito nisso em relação a produção do próprio Introvertendo. Quando o Introvertendo começou, e eu acho que eu puxei isso modéstia à parte, foi construir uma rotina de produção que tornasse o podcast viável e que a gente com certeza cumprisse os prazos para que ele fosse semanal. Fazer um podcast semanal é muito difícil. Fazer um podcast semanal que tem transcrição, que tem todas as etapas que a gente faz, ainda mais sem os recursos financeiros que geralmente as grandes produções tem, os profissionais, faz com que a gente crie rotinas de produção que sejam mais rígidas, que sejam mais fortes, mais significativas. Um episódio do Introvertendo é gravado no mínimo com um mês de antecedência.

Por outro lado, durante a pandemia também Tito, me afundei tanto na produção do podcast, no cuidado e também pra esquecer os problemas do mundo, e aí de certa forma fui tão rígido que eu adquiri Síndrome do túnel do carpo. Então, hoje em dia, por exemplo, eu não consigo ter uma rotina longa de edição. Eu tenho que fazer longas pausas, eu tenho que ter responsabilidade, principalmente na hora de escrever texto eu já não consigo fazer como era antes. Antes eu passava horas e horas fazendo. Eu adquiri isso com 24 anos. Já se passaram três anos e eu nem cheguei nem nos 30 e eu já estou lidando com as consequências disso. Então é uma coisa também que me preocupa né? A gente precisa ter muito cuidado com as peças que a nossa existência enquanto autistas estamos envolvidos.

Michael: É. Eu não posso mentir, tanto que eu tenho tido experiência recentemente com o trabalho porque tipo cara, eu posso focar nisso e não ter lidar com os problemas quando eu tenho que sair daqui. Então eu vou focar nisso. Nos últimos dias de abril, eu tinha passado do final de fevereiro até o finalzinho de abril, mais de dois meses, sem parar, trabalhando todo dia sete dias por semana, num ritmo absurdo, fazendo hora extra direto. Cara, eu cheguei nesses últimos dias de abril e pra ficar de pé eu tinha que fazer força. Às vezes a gente passa um pouquinho, um pouquinho assim bem tico do limite, socorro.

Tiago: Em breve vão te obrigar a não fazer mais hora extra porque você vai estar prejudicando toda a estrutura da empresa (risos).

Tito: Está parecendo o Bob Esponja porra, está parecendo Bob Esponja e que fica lá no de de domingo fazendo hambúrguer lá de graça.

Michael: (Risos) Está quase nesse ritmo, cara.

Tiago: Uma pergunta: vocês têm mais alguma característica que vocês pensam ou não?

Tito: Eu tenho sim, claro.

Tiago: Manda a ver.

Tito: A hipersensibilidade sensorial. Várias vezes, por questões de sobrevivência, dependendo de onde você está trabalhando ou vivendo, você consegue antecipar por exemplo um predador na área. Se você está na selva, na mata, na floresta, tem sons, mas principalmente o cheiro do predador é muito forte, da urina. Você consegue com mais facilidade de identificar qual é o animal, qual é a o tamanho, o porte do animal as vezes até o sexo do animal pelo cheiro da urina, o cheiro podre do hálito do animal, se o animal dá o azar do vento bater na sua direção você consegue antecipar onde é que está o Jaguar, por exemplo aí você consegue desviar pra não cair dentro da cilada. Então mais de uma vez já já me favoreceu, salvou a minha vida e a vida da minha esposa. A  gente tem essa sensibilidade sensorial.

E no Rio de Janeiro, eu já morei na favela. Então você no Morro da Coroa, você saber ali o momento em que o esquema está começando, ter a percepção do momento em que o esquema está começando a ficar esquisito, que vai ter um confronto, você saber se proteger ou se jogar no chão ou entrar dentro de algum estabelecimento na hora correta pode salvar sua vida numa bala perdida por exemplo. Enquanto não consegue perceber direito o que está acontecendo, você pode tomar um uma bala perdida sem querer. Isso ajuda sim, a hipersensibilidade sensorial principalmente quando você está sozinho muitas vezes porque aí você não está distraído você está concentrado no ambiente, consegue te preparar para situações de sobrevivência.

Tiago: Então, pessoal, depois de discutirmos sobre as questões positivas e muitas vezes até relacionar aspectos negativos, validando essa ambivalência do autismo, nós chegamos ao final dessa jornada e eu também espero que vocês digam então nas redes sociais aí quais características pessoais ou que sejam até intrincadas ao autismo, vocês vejam como positivas. Tito, muito obrigado por participar mais uma vez do Introvertendo, por ter sugerido o tema, por estar com a gente agora nessa reta final do programa. Então, enfim, fica livre aí pra falar sobre o seu trabalho, sobre os seus hiperfocos e sobre tudo aquilo que o autismo te deu de bom.

Tito: Se você quer entender um pouco mais sobre dinossauro, paleontologia ou contexto nacional, querer entender um pouco mais sobre o trabalho que eu e minha esposa fazemos, a gente tem um monte de coisa na mídia, nas frentes que a gente atua. Você pode procurar por Colecionadores de Ossos e a partir daí você vai pra canal e todas as mídias. O nosso laboratório de pesquisa é Dinolab, e a minha franquia de ficção científica se chama Dino Hazard, e a partir daí você vai pra todas universos diferentes aí de de pesquisa, ficção científica, educação e por aí vai.

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