Introvertendo 240 – Autistas no Alistamento Militar

Aos 18 anos, todos os homens brasileiros devem passar pelo processo de alistamento militar. Mas autistas também precisam se alistar? Nossos podcasters contam suas memórias pessoais com o tema e como a deficiência é encarada pelos militares. Participam: Luca Nolasco e Tiago Abreu. Foto: Jorge Cardoso. Arte: Vin Lima

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Transcrição do episódio

Luca: Sejam bem-vindos a mais um episódio do podcast Introvertendo. Hoje sou eu, Luca Nolasco, que vou apresentar. E esse é um episódio especial, porque é o primeiro episódio que eu gravo com o Tiago Abreu em muitos anos. O episódio de vocês não vão poder enxergar, mas nós estamos ao ar livre, na natureza.

Tiago: Cara, eu tenho até a memória de que o último episódio presencial que a gente gravou ao vivo foi em 2019, final de 2019, quando nós gravamos o bloco de música do Retrospectiva Década de 2010. Então, já são quase 3 anos sem gravarmos juntos assim presencialmente. Então, se você não me conhece, meu nome é Tiago Abreu, sou jornalista, um dos integrantes aqui do Introvertendo e hoje a gente vai fazer um episódio como nos velhos tempos.

Luca: Hoje vamos falar sobre autistas no serviço militar. O Introvertendo é um podcast feito por autistas e produzido pela Superplayer & Co.

Bloco geral de discussão

Luca: Bom Tiago, antes de tudo, vamos denunciar a nossa idade. Quando foi mais ou menos que você precisou se alistar no exército?

Tiago: Então, você sempre se alista no ano que você vai fazer 18 anos, né? Então, no meu caso, o ano que eu fiz 18 foi 2013, que foi o ano que eu tive que ir, mas eu tinha 17 no ato mesmo do alistamento.

Luca: Eu sei que muita gente mais velha adora fazer um psicológico nas crianças e falar sobre como é o alistamento, muitas vezes até exagerando. Mas como foi para você? O que disseram?

Tiago: Eu acho que as primeiras memórias que eu tenho dessa questão de alistamento militar era quando eu era criança e morava aqui em Goiânia. Eu lembro que passava propaganda na televisão falando assim: “Ah, você que está completando 18 anos, venha se alistar!” e tinha aquelas imagens de homens fortes, bombados, mergulhando em água, andando em lugares remotos, no meio do mato, não sei o que. Às vezes passava até um avião assim, alguma coisa assim, e falava “Venha contribuir com o país”, sabe aquela coisa bem patriótica assim?

E aí me dava uma certa descrença, porque eu não me identificava com aquilo de uma forma geral, e também eu acho que, associando ao autismo, essas propagandas sempre tinham um componente coletivo. Cê nunca via uma pessoa sozinha, cê via pessoas atuando em equipe. E eu já não era tão bom coletivamente com as pessoas naquele período. Então acho que juntava todos esses elementos assim, eram as primeiras memórias que eu tinha.

Além disso, eu tinha um tio, meu tio caçula, irmão da minha mãe, que não tem tanta diferença de idade em relação a mim, ele é 10 anos mais velho. Então, naquela época que eu tinha 12, 11 anos, ele tinha 21, 22 e ele ficava zoando, fazendo piadinhas, falando assim, “ah, porque você vai tirar roupa e vai ficar pelado na frente das pessoas”. E eu sempre fui uma criança que tive muita dificuldade com essa coisa da exposição, sabe? Eu não tirava nem a camiseta na frente das pessoas. Quando era com a escola, eu ia lá no banheiro e trocava de roupa dentro do banheiro, enfim, homem você sabe que tira a camiseta em qualquer lugar e ainda mais criança, né? Então, acho que juntava vários desses elementos. E eu lembro que meu tio também ficava falando assim, “ah, lá você vai comer galinha viva” e eu ficava com pânico generalizado (risos). Quais as memórias que você tem disso também?

Luca: Memória do que as pessoas coletivamente falavam, com ênfase em: “você vai ter que ficar pelado na frente dos outros, isso aí é essencial para você se alistar, você vai ter que tirar a cueca na frente dos outros”. Eu fiquei desesperado quando eu soube disso. Só que era uma coisa assim que eu sempre pensava: “ah, 18 anos? Eu vou ser muito velho pra lá, são infinitos anos, isso não é um problema, isso é um problema pro Luca do futuro”. Até que o Luca do futuro chegou (risos).

No ano que eu iria fazer 18 anos, que é 2018, já era muito popular as redes sociais, então o Twitter do Exército twittou mais ou menos assim: “pessoas nascidas em 2000, tá chegando a sua hora” e um monte de soldado pintando árvore com cal. Eu fiquei desesperado, não sabia o que fazer ali. Só que em 2017, para 18, foi no início de 2017, foi quando eu ganhei meu laudo. Então, eu fui atrás de ver, meu Deus, será que pessoas com deficiência precisam se alistar? Aparentemente sim, então eu fui atrás de ver o que eu precisava fazer para não ficar pelado na frente dos outros (risos). Mas quando ocorreu de fato de você ter que ir atrás e como foi pra você?

Tiago: Então, no meu caso foi um pouco diferente, porque quando chegou o ano do alistamento, que foi em 2013, no meu caso, já que eu nasci em 1995, eu não sabia que era autista. Eu sabia que eu era diferente, mas eu ainda não tinha a informação do autismo. Foi muito perto, foi quase coincidente, mas os primeiros passos do processo de alistamento, eu ainda não tinha informação do autismo em si. E para mim, eu achei que era uma coisa que eu tinha que lidar, que eu tinha que passar, os meus colegas do ensino médio estavam também passando por esse processo. Inclusive, alguns deles acabaram dando azar de irem pro dia do alistamento no mesmo dia e ficarem pelados na frente dos outros. Porque pior do que você ficar pelado na frente das pessoas, é ficar pelado na frente de pessoas que você conhece, que você não tem intimidade suficiente, né? Foi o caso deles.

Eu não sabia que eu era autista, eu sabia que eu era diferente e aí o primeiro passo que eu fiz de fato foi ir na Junta Militar. E aí você tinha que entregar seus documentos e você tinha que marcar o dia que você ia para o quartel em si, que aqui em Goiânia fica na região norte ali, região do Jardim Guanabara, pra quem mora em Goiás ou em Goiânia para se situar. E aí foi mais ou menos isso, eu marquei essa data e eu lembro que em seguida passaram-se alguns meses de espera e esses meses foram tortuosos, porque só a ideia de ir para um quartel me assustava profundamente, assim, achava horrível, horrível, horrível.

E eu acho que se eu tivesse a informação de que era autista, de ser pessoa com deficiência, talvez teria ficado um pouco mais tranquilo. Eu sabia que as pessoas do interior têm uma experiência que no interior você não precisa necessariamente servir. Às vezes você vai lá, cê jura a bandeira e é isso, tá liberado. Mas numa capital o processo é diferente, eu queria até morar no interior nessa época. E só pra completar, anos depois, eu fiz uma amizade que é o Fábio, inclusive um abraço pra ele, ele participou aqui do episódio 69 – Amizade e que ele é uma pessoa com deficiência física. Então, ele não precisou fazer nada do processo, ele só foi lá, entregou o documento e foi dispensado, sabe? E é um pouco diferente, eu acho, pra nós que temos uma deficiência invisível. Então, enfim, você chegou a ter que ir pro quartel mesmo sendo autista, né? Conta essa história mais ou menos aí do diagnóstico e tal.

Luca: Um detalhe que precisa ser ressaltado é que minha família é quase toda do interior do Tocantins. Eu moro na capital de Goiás, Goiânia. Eu também sou do interior do Tocantins. Então, quando os meninos da minha família faziam 18 anos, eles passaram algumas semanas no interior para se alistar, o que não foi um problema e, na verdade, não houve problema para a maioria deles. Mas para mim, que já tinha o laudo em mãos, ainda estava muito nervoso com isso. Fui sozinho, pois acredito que não haveria humilhação pior do que ir com 18 anos acompanhado da minha mãe. Fui para o quartel sozinho, que, para quem não é de Goiânia, vou descrever um pouco como Tiago mesmo disse: fica na região norte, mas é um pouco afastado do resto da cidade, porque tem a portaria e mais dois quilômetros de estrada de terra à frente.

Como não tenho carro, tive que andar por esse chão inteiro sob o sol do meio-dia, acho que estava de Crocs e meias, então foi uma tortura até chegar lá. E todo mundo passando de carro ao meu lado. Quando chegamos, fiquei na fila igual a todo mundo, fiquei em pé igual a todo mundo, esperei horas para começar o atendimento individual, até que falaram: “vocês aqui, vão lá para a salinha”. Era quase um estábulo. O comandante, não sei qual é o nome do cargo dele, falou: “todo mundo aqui tira a roupa”. Eu estava completamente desesperado, tremendo de ansiedade. Tirei o papel do laudo da minha mão e falei: “eu não”.

Ele me olhou com uma cara meio inquisitória e perguntou: “como assim você não?”. Eu respondi: “sou deficiente”. Então ele me ignorou completamente e falou: “vai pra lá, sai daqui, vai pra tal fila”. Fui e o resto foi normal. Dali pra frente, começaram a me tratar como gente, inclusive começaram a tratar bem, conversaram comigo e tudo mais. Depois disso, tive que voltar a pé pelo mesmo chão horrível. Foi menos humilhante do que para meus colegas que tiveram que passar por todo o processo, mas de qualquer maneira, ainda tive que ir lá, ainda tive que ouvir gente gritando. Eu não gosto de gente gritando, então não foi muito agradável para mim.

Tiago: Tá, você passou por esse caminho, mas é assim: eu tenho algumas memórias de alguns outros detalhes que, para mim, talvez foram mais difíceis do que para você. Por quê? Em 2013, eles tinham marcado e eu tinha que estar lá às 6 da manhã.

Luca: Comigo, foi uma da tarde.

Tiago: Pois é, olha a diferença. E eu lembro que eu tinha que estar lá às 6, 7 da manhã, mais ou menos. Essa era a definição, né, do dia. E aí, eu morava na região norte também. Só que em um ponto totalmente diferente, na contramão do quartel. Então, o que que eu fiz? Eu acordei às 4 horas da manhã, tomei banho, me arrumei, arrumei minha mochila porque eu ia para a escola também no final das contas. Eu ia lá para o quartel e depois estava pensando em ir para o IF, que eu estudava lá no Centro.

Então, qual é o trajeto que eu fiz? Eu peguei o primeiro ônibus das 5 da manhã, o primeiro ônibus que passou. Peguei para o Centro e do Centro eu peguei o ônibus do Jardim Guanabara, 5h20min, 5h30min da manhã. Foi muito rápido, porque afinal Goiânia estava amanhecendo. Então, os dois ônibus foram assim numa velocidade incrível. E aí eu fiz esse caminho a pé que você falou e cheguei lá às 5h50min, 6 horas e já tinha gente enfileirada na porta esperando. E aí levaram a gente lá, né? Seguiu todo mundo, aquele clima pesadíssimo. Eu morrendo de medo, tenso assim, de mochila.

E esse é um detalhe que você não falou, mas comigo ocorreu, que eles reuniram as pessoas e perguntaram ali, viram que todo mundo estava dentro da idade do período específico. Perguntaram: “quem quer servir?” Aí eu pensei assim, ninguém vai levantar a mão. Muita gente levantou a mão. Eu pensei assim: “que mundo que essas pessoas estão vivendo, sabe?” E aí, a primeira coisa que eu pensei assim: tá, beleza. Tem esse monte de gente que quer servir, então eu não vou ser puxado lá para dentro, que não é possível.

Aí beleza, teve todo um processo de fila para documentos, não sei o que teve todo esse momento de apresentar o documento, entrar numa fila, aí eu fui levado com um grupo para uma fila. Aí era a parte do exame médico que você falou. Aí, antes de eles mandarem as pessoas tirarem a roupa, eles perguntaram assim: alguém aqui tem algum problema de saúde? Eu fui e levantei a mão. O que que eu falei? “Eu tenho miopia”. Eu estava usando óculos há um mês mais ou menos, tinha um grau de miopia (risos).

Aí ele perguntou assim: “você quer servir?”. Eu falei: “não”. Ele falou: “então vai para uma sala ali”. E eu fiquei naquela sala esperando para ser dispensado, e foi basicamente isso. Só que tem um detalhe curioso nesse dia. E aí eu acho que dá para a gente falar muito sobre essa questão das instituições militares, de toda a questão também da masculinidade que envolve esse processo. Tinha um cara e eu não sei se hoje essa pessoa se identifica com uma pessoa trans, enfim, mas assim, na época ali, com documentação e tudo mais, era tipo um homem cis mesmo, negro, de cabelo bem grande assim, que dava quase nas costas, todo vestido de rosa, muito feminino assim, muito feminino.

E aí todo mundo ficava olhando assim. E eu olhava às vezes pensando assim: “meu Deus, o que vai acontecer com essa pessoa aqui, sabe? Será que eles vão fazer piadinha, alguma coisa assim?”. Até em algum momento, nada. Só que no momento que eu fui dispensado, essa pessoa estava lá também já. Então, provavelmente foi dispensada muito rápido, sabe.

E aí, eu lembro que eu tive esse processo da dispensa. Aí, eu fui lá pro Centro, fui de novo na Junta Militar porque eu tinha que jurar a bandeira pra poder pegar o certificado de dispensa, pro documento de fato que você fez. E eu tenho esse documento até hoje. Qual é o meu medo? Eu espero que, enquanto eu estiver vivo, o Brasil não entre em guerra e não seja convocado (risos). Mas hoje em dia eu sou autista, então acho que eu ficaria tranquilo. Mas você lembra de mais algum detalhe assim desse dia?

Luca: Eu tinha a impressão de que: “olha, hoje eu viro um homem, hoje eu sou um homem adulto, eu não posso vir aqui com os meus pais, isso seria humilhação”. Mas o tanto de menino que estava ali com os pais, porque era um auxílio que eles viam necessário, inclusive eu acho que seria necessário pra mim ter a presença de alguém que eu tenho um conforto, porque é uma situação desagradável, uma situação pra muita gente até horrível. É um exagero? Não sei. Mas assim, pensando em retrospectiva, talvez seria melhor se eu estivesse ali com os meus pais.

Bom, além disso, eu não tive que jurar bandeira nenhuma, como eu havia dito antes. Eu cheguei às 13 horas, as pessoas estavam enfileiradas. Foram pouquíssimas pessoas que queriam mesmo servir, duas ou três pessoas só. E acho que foi isso, não foi muito mais não. Depois, eu só tive que buscar meu certificado e estava resolvido. Nunca mais vou precisar ter contato com isso, enquanto o Brasil não estiver em guerra (risos). Eu não sei se como deficiente eu estava completamente dispensado ou só como reservista. Ainda preciso ver isso porque é um medo latente meu.

Mas se não fosse pela deficiência, muito provavelmente eu seria dispensado por mil outros motivos. O Tiago chegou a me conhecer na época, mas eu era muito franzino, apesar de alto, e eu tenho uma asma crônica pavorosa. Não seria capaz de fazer um exercício nem que me obrigassem (risos). Por mil motivos, eu seria dispensado.

Tiago: Aliás, me espanta muito o fato de você ter chegado a toda essa parte do processo . Porque eu que te conheci na época, acho que você não precisava nem ter ido no quartel. Isso mostra também um pouco sobre a ineficiência desse processo de recruta dos militares. Eu sei que tem muita gente que gosta do Exército. Me desculpem, eu não tenho essa paixão, esse apreço pelo Exército, principalmente considerando algumas coisas que aconteceram nos últimos anos. Mas uma coisa que eu acho que a gente pode pontuar aqui pensando no autismo e na deficiência invisível é sobre essa questão do processo, sobre adaptações. Olha o nível de desestruturação disso. Não era para você ter chegado sequer ao quartel. Você tinha asma grave, tinha o peitoral que você visivelmente tinha alguma coisa.

E essa questão de ir com os pais, com a família, isso era visto com hostilidade. No dia que eu fui, eu lembro que teve algumas pessoas que chegaram com os pais e as mães, e a galera ficava olhando torto assim, os militares ali e tudo mais. E assim, pelo menos para mim, parecia que eu ficava o tempo todo tentando não dar nenhum motivo para implicarem comigo. Porque eu pensei assim: “vai que pegam no meu pé e me fazem passar pelo processo de alistamento com tudo por implicância”, sabe?

Luca: É, como você havia dito sobre a ineficiência, eu não sei exatamente se hoje tem uma integração maior. Mas se você precisa de uma carteira de deficiente para ônibus, você se registra ali. Se você precisa de outra coisa, você precisa registrar em outro lugar, mas não há nenhum tipo de integração entre os sistemas. Se você for dado como deficiente, isso não é algo que o exército, por exemplo, tem acesso, isso não é algo que a companhia de transporte da sua cidade tem acesso. Você precisa ir em cada um desses lugares, na sua faculdade, você precisa ir em todos os lugares para que saibam que você é uma pessoa com deficiência.

Para algumas pessoas que têm permeabilidade social um pouco maior, isso não é dos maiores problemas, mas para outras pessoas que já têm um pouco mais de dificuldade social, de dificuldade de locomoção, de dificuldade para quaisquer outros tipos de comunicação, passa a ser difícil. Você tem que ir para cada coisa e ter que se explicar, “olha gente, eu não consigo ou não tenho acesso, não tenho possibilidade por conta de XYZ”, quando poderia ser um sistema único integrado.

Tiago: É, exatamente. Eu acho que isso tem muito a ver também com o episódio que saiu este ano sobre deficiência visível x deficiência invisível, que quando você tem uma deficiência visível, obviamente, você também passa por esses desconfortos, mas eu acho que talvez você gasta menos tempo tendo que explicar sua deficiência se você tem uma deficiência visível.

E aí o autismo tem dessas, considerando as diferentes formas de ser e fechando um pouco na nossa experiência, que é esse autismo mais sutil, as pessoas têm essa coisa do “ah, mas qual é a sua dificuldade mesmo? Ah, mas é super levinho, né?”. Eu acho que isso acaba influenciando muito. Mas assim, já se passaram 10 anos do meu processo de alistamento em 2023, e eu fico me perguntando se teria sido mais fácil se eu tivesse o diagnóstico de autismo. Mas pelo visto, com a sua história, não tanto assim (risos).

Luca: Ela foi extremamente semelhante, na verdade. Então aparentemente, a não ser que seja algo muito visível, algo muito perceptível para quem está te avaliando, que não é a mesma coisa de ser visível, é muito provável que seja uma experiência semelhante a mim ou a você.

Tiago: Ou seja, para o exército, miopia e autismo são a mesma coisa, né? (risos).

Luca: Sim (risos), mesmíssima coisa que você tem as mesmas condições de ir lá e de resolver igualzinho (risos).

(Fim do episódio)

(Propaganda do exército brasileiro)

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Equipe Introvertendo Escrito por: