Introvertendo 07 – Pintos, Dinossauros e Apocalipse

Quando Marcos e Michael Ulian se juntam para conversar, dificilmente ciência é um tema evitado. E, no sétimo episódio do Introvertendo, nossos podcasters se juntam para conversar acerca de informaçõs científicas que você provavelmente não necessita saber. Ainda há uma longa reflexão de Ulian em como a humanidade pode se livrar de um apocalipse que, para ele, está próximo.

Vale destacar que tivemos um problema técnico com o nosso gravador, então tivemos ruídos na gravação que não puderam ser retirados na edição. Nossas sinceras desculpas. Este é um episódio extra do podcast, pois foi produzido sem roteiro/problemas de som e, por isso, não tem o mesmo patamar de qualidade dos episódios previamente organizados.

Participam desse episódio Marcos Carnielo NetoMichael Ulian e Tiago Abreu.

A ideia do tema surgiu por Marcos Carnielo Neto e o título do episódio foi criado por Michael Ulian e Tiago Abreu.

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Notícias citadas no episódio

Transcrição do episódio

Tiago: E está começando mais um podcast do Introvertendo, meu nome é Tiago Abreu e estou aqui com esse podcast que é feito para neuro diversos, neurotípicos, inteligências artificiais, animais, cavalos, bonitos. Para todos. Comigo está Marcos Neto. 

Marcos: Eu. 

Tiago: E Michael Ulian.  

Michael: Alô, alô, Marciano. Aqui quem fala é da Terra. Para variar… Estamos todos fodidos (risos).

Tiago: E hoje, nós vamos falar sobre curiosidades científicas que você deveria saber ou que você nunca deveria ter ouvido na sua vida. 

Marcos: Começando com o Michael, ele tem uma história legal. 

Bloco geral de discussão

Michael: Não é uma boa ideia, mas atualmente existe uma chance de você enfiar sua cabeça num síncrotron funcional e sobreviver. 

Marcos: Na verdade, isso já aconteceu.

Michael: Exatamente. 

Marcos: Inclusive ele quase morreu. Deu muita sorte de ter sobrevivido. 

Michael: Eu ainda quero fazer isso, tá no meu check-list. Atualmente é um dado científico que provavelmente vocês nunca vão usar na sua vida. Estamos chegando próximo da barreira onde vai existir um anime de garotas fofinhas, que na verdade são objetos cotidianos para todo objeto concebido pela humanidade. 

Marcos: Como é que é? 

Michael: Já temos garotas fofinhas que são fuzis, que são aviões, que são minerais, que são animais, que são animais, de novo.

Marcos: Ou seja, vai chegar um ponto em que a humanidade vai fazer hentai de todos os objetos. 

Michael: Eu estava pensando em anime com história funcional. 

Marcos: Tem histórias funcionais em hentais também!

Michael: Sim, sim, mas eu digo, não existem apenas pelo fanservice. Realmente a máxima vai ter anime de tudo um dia vai ser alcançada e estamos chegando perto. Puta que pariu, temporada passada tivemos um sobre garotinhas que eram minerais. 

Marcos: Que anime era esse? 

Michael: A gente vai deixar o nome nas recomendações. Mas eu não lembro agora. Mas finalmente fizeram Steven Universe com uma história funcional. 

Tiago: Gente, falando em garotas fofinhas, eu acho bastante interessante contar a história do norte americano que tem o maior pênis do mundo. 

Michael: Tem muito sentido, garotas de 13 anos estarem relacionadas com os maiores pintos do mundo. 

Marcos: Parabéns, Tiago. 

Michael: Embora no Brasil, realmente, seja uma cena comum relacionar as duas coisas. 

Tiago: Bom, a história que eu conto, que vocês podem encontrar em alguns portais de notícias, é a história de um homem que eu acho que deve ter uns 30 anos, mais ou menos. Ele tem um pênis que quando flácido tem 24 centímetros e quando ereto tem 32 centímetros. Ele tem depressão porque ele não consegue manter um relacionamento com nenhuma mulher, porque ninguém aguenta o pênis dele. 

Michael: E você aí querendo o dildo do Kid Bengala. 

Tiago: Além disso, ele já foi convidado várias vezes pra fazer filmes pornográficos, mas ele nunca aceitou. E ele combinou com um museu, eu não sei se é do Estados Unidos ou do Canadá, de quando morrer o pênis dele vai ser doado para estudos nessa instituição.

Marcos: Vão ter que tomar cuidado pra não misturar com pênis de baleia. 

Michael: Mano, eu imagino quanto sangue precisa para botar isso de pé. 

Marcos: A pressão dele cai toda vez que ele tem uma ereção. Quase desmaia. 

Michael: Ah, e curiosidade vem em relação ao corpo mamífero que tem o maior pinto. É a anta. Não que seja o maior pinto. 

Marcos: É. Porque, obviamente, seria da baleia azul. 

Michael: É. Talvez outra baleia tenha um um membro mais avantajado, mas eu não sou baleiologo. Então eu não sei. 

Marcos: Na verdade tem um museu de pintos na Islândia. Pintos de baleias. Então, com certeza devem ter a resposta de qual o maior pinto lá. 

Michael: E, obviamente, você já deve ter passado pelo hoax que o mar está cheio de esperma de baleia. Já que uma baleia azul jogaria cerca de 500 litros de esperma por vez. Obviamente um hoax, mesmo que uma baleia goze tudo isso. O que eu creio que seja menos também. Você ainda teria uma concentração de esperma na água de 1 PPB (partes por bilhão) ou 100 PPM (partes por milhão). De esperma de baleia, por litro d’água. 

Marcos: Ah, ótimo. O Michael incentiva todo mundo a não passar férias nas praias.

Michael: Não, mas eu to falando que isso é falso, que não tem tanto esperma assim na água do mar. É hoax.

Tiago: Mas tem esperma na água, e pode ser daquele seu amigão, sabe?  

Michael: Realmente, por causa da presença humana nas praias a concentração por parte por milhão deve ser maior, sabe?

Marcos: De esperma humano na praia? 

Michael: Só que assim, a gente tá falando de partes por milhão, são traços. Teria menos esperma no maior do que tem, CO2 no ar. E o CO2 hoje está em 400 partes por milhão, é muito pouco.

E nós temos um fóssil. Que se eu não me engano são dois peixes, trepando. Nós temos um casal de psittacosaurus.

Marcos: De biscatasaurus?

Tiago: É.

Marcos: Biscatasaurus… Gostei desse nome!

(Risos)

Michael: Lagarto papagaio, o significado do nome. Que morreram no coito mesmo, o fóssil tá super bonitinho. 

Marcos: Morreram pimbando!

Michael: Um montadinho no outro.

Tiago: Isso me lembra aquele homem em Pompéia também que morreu se masturbando. 

Marcos: Certeza que tem isso mesmo? Que o cara morreu nessa posição mesmo?. 

Michael: O cara tava desse jeito mesmo.

Marcos: Vai que ele tava pimbando também. Com alguém e o outro corpo foi varrido, pela explosão. Vai saber. 

Michael: Mas de fato ele estava em atos sexuais.

Marcos: Mas isso está confirmado?

Michael: Bem, ao menos que você deixe sua mão segurando sua rola assim, mó de boa.

Marcos: É uma explosão vulcânica. A mão voaria para qualquer lugar, né?

Michael: Na verdade não, o cara tava dentro de casa. Ele só foi soterrado mesmo. 

Marcos: Nossa que ideia maravilhosa, enquanto o apocalipse tá acontecendo lá fora ele…

Michael: É pedra pomes mesmo.

Marcos: É pedra pomes caindo do telhado, fumaça… E o cara vai fazer o quê? Bater uma punheta no canto! Que ideia maravilhosa.

Michael: Ele conseguiu fazer o que Vargas não conseguiu fazer, sair da vida para entrar na história. 

(Risos descontrolados do Tiago)

Michael: Daqui alguns milhares de anos, ninguém vai saber quem foi Getúlio Vargas. 

Marcos: Na verdade, eu acho que, hoje em dia, ninguém sabe quem é Getúlio Vargas.

Michael: Mas, daqui alguns milhares de anos, todos vão saber quem que foi o masturbador de Pompéia.

Continuando sobre a grande lista de informações científicas que você não precisa saber sobre pintos. Comparando com os pintos de aves atuais, como patos, é provável que um animal como o pachycephalosaurus, um dinossauro de porte pequeno…

Marcos: O que tem o crânio ossificado com espinhos? Digo, todo crânio é ossificado, mas o dele era mais. 

Michael: Realmente, era uma cupola super fodida. É um animal pequeno, de seis metros de comprimento por dois de altura. 

Marcos: Minúsculo né, tipo uma galinha. 

Michael: 300 para 500 quilos. Numa fauna mesozóica seria considerado já um porte pequeno. 

Marcos: Médio não? 

Michael: Pequeno. Hoje já seria considerado um animal de grande porte já que tem mais de 100 quilos. Mas para a época, se a gente fosse usar essa classificação, a gente precisaria de mais umas cinco ou seis categorias de peso acima. Então para a gente simplificar, uma tonelada é um animal de pequeno porte, indo para médio porte. 

Marcos: O Faustão então entraria em qual categoria?

Michael: O Faustão obviamente está entre os colossais. De 80 a 100 toneladas. Mas sobre o pachycefalosaurus. Ele é um animal que descontando a cauda tem uns dois metros e meio a três de comprimento. E ele teria um pinto de cerca de um metro e meio. Isso sem considerar que ele poderia ter um pinto helicoidal. Porque se ele tivesse um, aí seria facilmente um pinto com mais de três metros. 

Marcos: Existe alguma espécie de réptil com pintos helicoidais? Isso não é uma característica de mamíferos?

Michael: Na verdade as aves hoje tem pintos helicoidais. Patos em especial em que os pintos chegam a ser maiores que os próprios patos. Em outras palavras, o pinto do pato é uma mola que é maior que o próprio pato. 

Marcos: Aí uma informação que a gente não precisava saber. 

Michael: E indo na mesma veia de recordes entre animais terrestres. A rola de um tyrannosaurus passaria facilmente de três metros e algumas centenas de quilos. 

Tiago: Eu imagino assim. Se tem homens que morrem transando com cavalo, imagina transando com um tiranossauro. 

Marcos: Como assim? Volta aí nessa história de transar com cavalo!

Tiago: Eu vi uma notícia de que um homem, eu acho que isso foi em 2005. Ele foi transar com o cavalo e aí com o cavalo foi penetrar ele e digamos… Saiu destruindo toda a parte interna do cara. 

Marcos: Ele foi literalmente arrombado vivo. Morreu ao ser arrombado por um cavalo. 

Michael: Se vocês têm alguma curiosidade sobre, se existem relações intersexuais entre humanos e animais. Existe um site super educativo chamado oito-c-h-ponto-org-barra-z-o-o que vai te dar o mundo de informações acerca dessa “técnica”. 

Marcos: Na décima quinta camada da Deep Web. 

Michael: Não, é num site estilo imageboard. No qual os próprios usuários fazem as boards. E uma das mais famosas é a board de zoofilia. 

Ironicamente, apesar de os dinossauros, assim como algumas aves, tivessem pintos enormes, eles provavelmente também usariam mais o sistema linfático que o sistema circulatório. Então a trepada de um tyrannosaurus seria rápida, violenta e não muito dura. 

Marcos: Eu já ouvi tanta coisa aqui que eu estou só em estado de choque tentando segurar a risada.

Michael: Atualmente, nós já nos revertemos em embriões de galinha todas as características de dinossauros não avianos. Já foram obtidos dentes, não invertidos. Ou seja, ao invés da asa, uma mão virada para frente. Já conseguiu-se modificar o pé. Porque entre aves e dinossauros o pé é diferente. O metatarso é mais soldado nas aves e os tarsais são mais alongados. E o primeiro dígito, está no mesmo plano que os demais. Enquanto nos dinossauros o metatarso é menos fundido e o primeiro dedo fica acima do solo, quase junto do metatarso.

Marcos: Em dinossauros terópodes, no caso.

Michael: Isso, e conseguiram reverter isso. Conseguiram reverter o processo da cauda. Gerando embriões de galinhas com caudas. E por incrível que pareça essas são quase todas as diferenças. Você tem algumas mais específicas como o fusionamento dos dedos da mão, mas. Ah e a transformação da carena, que em dinossauros era como um segundo par de costelas. E depois vira aquela estrutura meio cartilaginosa, meio óssea. Que auxilia no voo. E quando você tira todas essas características você tem, em suma, um dinossauro não aviano. Então sim, hoje em 19 de abril de 2018 a humanidade já conseguiu reverter a extinção dos dinossauros não avianos.

Marcos: E eles chegaram a desenvolver além do estado embrionário? Nasceram galinhas mutantes?

Michael: Não existiu o nascimento de nenhum desses fetos por questões éticas. Estes estudos têm restrições e como seus objetivos podem ser alcançados ainda na fase embrionária. E como isso envolve ética acerca da criação de vida in vitro. E como esses estudos exigem alterações no genoma ou no embrião em si, existem várias barreiras éticas que impedem esses animais de nascerem. Eles já são feitos para durar apenas o tempo do estudo e morrerem. Entretanto, existe um paleontólogo maluco e já aposentado chamado de Jack Horner que tá pouco se fudendo para isso e tem planos para lançar uma versão comercial desse bicho já nomeado de “chikensaurus”. Galinhasaurus então, é real, ele existe!

Marcos: Chikensaurus… Mas galinhas já são dinossauros, tecnicamente. 

Michael: Sim! O nome é irônico. 

Marcos: Eu não consigo não ver um velociraptor quando eu vejo uma galinha. 

Michael: Mas é impressionante que se o Horner conseguir vencer as barreiras éticas e de produção em larga escala, em cerca de 10 anos teremos pela primeira vez dinossauros não avianos vivos. E por mais que tenha uma questão filogenética de se esse é um dinossauro não aviano ou não, minha opinião é como “cientista” é: Um, como o DNA é de dinossauro, as características que foram modificadas estavam ainda no genoma do animal original. E são exclusivas de dinossauros não avianos. E três, a criatura seria indistinguível morfologicamente de um dinossauro não aviano mesmo que não exista relação de convergência evolutiva. É um ser artificial, sem dúvidas. Ainda assim, daria para classificá-lo como um dinossauro não aviano. Se a gente quisesse então enfiar ele na árvore genealógica…

Marcos: Então Jurassic Park não é uma ficção tão irrealista.

Michael: Não pelo fato de clonar dinossauros, mas sim. Na verdade, Jurassic Park já é realidade. Visto que principalmente nos livros os dinossauros são mais uma alegoria para o mal uso da engenharia genética. O uso incontrolado de uma ciência que a gente não domina e tem pouco conhecimento. Hoje praticamente não existe nenhuma pessoa livre de interagir com seres geneticamente modificados.

A gente já cria vida há muito tempo! E se você quiser ser exigente e excluir transgênicos do que o Crichton falou nos livros. E falar apenas de animais modificados para propósitos comerciais. A gente já passou desse nível, creio que em 2014. Foi quando começaram a vender uma espécie inteiramente nova de salmão, criada geneticamente. Se tu quiser por a linha ai. Se seu milho não for modificado o bastante para ser comparado a um dinossauro. Apesar de não ser tão impressionante, em termos técnicos esse salmão é basicamente a mesma coisa que o Crichton previu. E ele foi visionário nisso. Que pegaríamos características que achassemos interessante se enfiaríamos elas em animais, os tornando mais interessantes que animais naturais. E a base de mercado das ciências biológicas seria isso. De alimentos a entreterimento. E ele acertou, hoje a gente vive no Jurassic Park.

A gente pode não ter tyrannosaurus comendo cabras três vezes ao dia. Por favor, não atrasem ou vocês vão perder a atração. Mas, realmente temos uma economia em torno de animais geneticamente modificados. E de fato a gente já vinha fazendo isso a muito tempo de uma certa forma. Com plantas e bactérias.

Marcos: Desde o início da civilização com a revolução agrícola, a gente vem alterando geneticamente outras formas de vida.

Michael: Isso, mas modificando os genes diretamente, a gente já vem fazendo isso há quatro décadas. Com transgênicos e insulina produzida via bactérias.

E curiosidade se você não sabia. A insulina que é usada para o tratamento de diabéticos não é mais produzida em porcos mas sim por bactérias que receberam um pedacinho do genoma humano, responsável por produzir a insulina. Tiraram o pedaço do código delas, responsável por processar a merda que elas produzem e colocaram esse código humano. Então o subproduto do que elas consomem, se torna a insulina. 

A NASA está trabalhando com a base teórica de motores de dobra.

Marcos: Com modelo de matemática de origami. 

Michael: Eu, eu não lembro mais os detalhes, pois faz uns dois anos que eu li. Mas eles estão avaliando as teorias que a gente já tem atualmente. Para construir um modelo físico para tentar testar na prática. De motores de dobra mesmo, que viagem em FLT, além da velocidade da luz. Esse motor usa o conceito de que você dobra espaço na sua frente e expande na sua traseira, ou seja, você não se move, é o espaço que está se movendo, você está puxando a teia do espaço, você não está ganhando massa, você não é restrito pela velocidade da luz usando esse método.

O que era ficção até pouco tempo, já tem artigos tentando demonstrar teorias de como isso poderia ser feito com tecnologia humana atual e já tem pelo menos um pessoal da NASA que está procurando isso. Ainda há uma pesquisa experimental, não grande coisa.

Marcos: Bem experimental. Você teria que revolucionar a física pra vir com um conceito desses, na prática. 

Michael: O que fizeram, a gente vai linkar o artigo depois, porque puta que pariu realmente testaram se seria possível. 

Marcos: Tá, pode existir um artigo, mas o fato dele ser válido ou não, aí já é outra história. 

Michael: Então, o ponto é justamente é que até agora ele foi corroborado. O que a NASA tem feito é justamente verificar se é possível fazer o que o artigo propõe. 

Marcos: Então eles estão testando essa hipótese?

Michael: Isso.

Marcos: Então tão testando ainda, você tá falando como se já estivesse pronto, colocando o carro na frente dos bois. 

Tiago: É muito legal você usar uma metáfora num podcast de autistas. 

Michael: É costume de falar.

Marcos: Falar hipóteses como se fossem teorias testadas?

Michael: É que no campo teórico ela já é uma teoria bem corroborada. Agora estão testando no nível experimental como uma hipótese.

Marcos: Falando em viagens espaciais. Você acha que em algum dia a gente vai conseguir chegar a terraformar Marte?

Michael: Por favor, só não escolham baratas para enviar antes da gente lá. Mas sim, é bem possível. O maior problema da terraformação  atualmente seria manter a atmosfera. Não seria um problema criar uma atmosfera, não seria problema aquecer o planeta. Mas manter a atmosfera seria um problema base. 

Marcos: Para isso você poderia criar cápsulas fechadas, num ambiente presurizado. É o único jeito. 

Michael: Mas daí você não estaria terraformando o planeta inteiro.

Marcos: Mas eu acho que a gente não teria tecnologia para isso por um bom tempo.

Michael: Eu sou um pouco cabresto com a nossa capacidade de alterar o clima atualmente. Mas…

(Computador na sala falhando)

Marcos: Gente é a tela azul da morte.

Michael: Obrigado computador, você realmente mudou minha vida. Mas.. Esse não é um conceito de curto prazo.

Marcos: Não mesmo.

Michael: A gente tá falando de mil anos ou mais. E nessa escala de tempo eu creio que a capacidade de geração de gases de efeito estufa pela humanidade seja capaz de iniciar o processo de terraformação. Uma vez que Marte já tem muito carbono, muita água disponível para criar vapor que são dois dos gases principais do efeito estufa. Por si só a gente vai ter aí um Marte que o bastante por alguns milhares de anos para introdução da vida. O maior problema, como eu disse, é como manter essa atmosfera depois de criar ela. E por esse lado, a terraformação de Vênus seria mais simples. Porque teoricamente você tem que fazer algo ao contrário, você tem que retirar, acelerar a vazão de gases para o espaço.

Marcos: Isso definitivamente não é mais simples, é bem mais complicado. Termodinamicamente é bem mais complicado.

Michael: Eu digo mais simples por ser um efeito natural, ou seja, Vênus já tá perdendo gases. Na verdade, todos os planetas que tem uma atmosfera estão perdendo ela. Alguns planetas têm sistemas que são capazes de renovar a sua atmosfera, como a Terra ou simplesmente tem uma atmosfera grande pra caralho, como é em Vênus. Se bem que Vênus talvez seja geologicamente ativo também, então ela tem como renovar sua atmosfera também. 

Marcos: Sim.

Michael: Mas a ideia seria acelerar esse processo. Fazer com que o gás vaze mais rápido.

Marcos: Boa sorte com isso. 

Michael: Na verdade existe um jeito existe um jeito para se fazer isso. Que seria usar o sistema natural da quebra do CO2 em carbono, que precipitaram. Porém a escala que seria, deve ser feito…

Marcos: Na escala de centenas de milhares de anos. Isso demoraria. 

Michael: Talvez, não tanto. Talvez algumas dezenas de milhares de anos. Que é realmente algo muito complexo de se acelerar. Teria que encher a órbita baixa de Vênus de satélites que iriam bombardear a atmosfera de vênus com lasers para ir quebrando essas moléculas. Ou radiação mesmo, eu não sei dizer o que seria mais eficiente para acelerar a quebra dessas moléculas. 

Marcos: Na verdade isso não daria certo. O Sol já faz isso com muito mais energia do que a gente pode produzir, não seria fisicamente possível. 

Michael: Eu diria que é pois se Vênus é geologicamente ativo, ele teria algum nível de proteção contra a radiação solar. E você colocando satélites dentro dessa defesa magnética, impedindo sua função. Algo mais focado assim agilizaria o processo. Ainda assim é algo demorado, na escala de dezenas de milhares de anos, sendo otimista. 

Marcos: Ou seja, é impossível.

Tiago: Vocês viram no decorrer dos últimos minutos o Marcos dando vários socos no Michael enquanto ele tenta se reerguer. 

Marcos: Ou seja, impossível.

Michael: A gente tem uns 600 milhões de anos ainda para fazer isso, tem bastante tempo para recolher carbono.

Marcos: Até lá a prioridade da civilização provavelmente já vai ter mudado. A gente já vai ser uma espécie completamente diferente. Se nós sobrevivermos até lá;

Michael: Eu acho engraçado quando físicos e astrônomos falam na possibilidade dessas estruturas. Como a esfera de Dyson seria possível de se construir sob o Sol em um bilhão de anos. Essas coisas se tornam possíveis sob essas escalas de tempo geológicas. E nisso eles tem que colocar o pé no chão e considerar a nossa realidade tecnológica atual e desconsiderando coisas como viagem mais rápida que a luz. Sendo que se a gente não desenvolver esse tipo de tecnologia nos próximos milhares de anos ou talvez até nos próximos séculos. As chances de a gente acabar extintos antes de a gente conseguir fazer qualquer um desses megaprojetos é extremamente alta. 

Marcos: Ah sim, é alta. 

Michael: Se a gente não conseguir desenvolver um meio de sair desse planeta e cruzar distâncias astronômicas em uma geração.

Marcos: Ou em algumas gerações, a gente tem jeitos de se construir naves no estilo de Wall-E.

Michael: Mas de novo, isso são projetos que são possíveis, mas os projetos em si demandam gerações para serem feitos. 

Marcos: Exatamente.

Michael: A verdade é que seja pelo efeito de queda populacional, seja pela chance altíssima de um meteoro grande o bastante para foder com as nossas habilidades de reconstrução atingir a Terra são altíssimas… se o supervulcão de Yellowstone explodir e simplesmente fazer bum e não virar um derrame basáltico alá siberian traps

Marcos: Não creio que isso seria possível, já que a atividade geológica da Terra já não é a mesma que a de 200 milhões de anos atrás. A Terra não tem como ser tão ativa quanto era. Dá pra ver que geologicamente todas as erupções que aconteceram vão ficando menores.

Michael: Na verdade você tem o Serra Geral e o Deccan Traps que são bem próximos do Siberian Traps. Apesar que esses não são exatamente vulcões como a gente conhece enquanto o Yellowstone tem um câmara de pressão como vulcões tradicionais, então ele pode só explodir. Esses outros já basicamente formam poços de lava gigantes, de tamanhos continentais.

O Serra Geral aqui no Brasil, que rolou no cretáceo médio, pega do Tocantins a Santa Catarina ou o Rio Grande do Sul, eu não lembro ao certo. Tudo isso ficou cheio de lava por volta de 110-140 milhões de anos. Se não me engano o Serra Geral é um marcador entre o fim do jurássico e o começo do cretário. É ele que a gente usa de marcador de transição, porque o efeito de um vulcanismo deste pode ser devastador.

E depois 66 milhões de anos atrás tem o Deccan Traps que basicamente transformou a Índia inteira numa poça de lava. É um evento desse acontece mais ou menos a cada 100-50 milhões de anos. Apesar que eu não gosto de usar esse tipo de métrica porque esse tipo de evento não é cíclico como deixa a parecer. Ele é…

Marcos: Aleatório.

Michael: Isso, aleatório. É algo que depende do movimento das placas tectônicas e demora a acontecer. Por exemplo, quando o Serra Geral já tinha começado provavelmente o Deccan Traps já estava ativo também. E eu realmente tô torcendo para que Yellowstone seja só aquela caldeira.

Marcos: Na verdade Yellowstone não chega perto do tamanho dessas super-erupções do passado. Ele é menor até que a explosão do Toba que aconteceu durante a existência da nossa espécie, inclusive quase nos levou à extinção mas não levou. Isso quando nós tínhamos alguns milhares de indivíduos. Imagina agora com 7 bilhões, quase 8 bilhões no futuro, Isso seria impossível, extinção por um vulcão. 

Michael: O problema do Yellowstone não é caldeira. Tudo bem que ela pode deixar a área inabitável por um tempo.

Marcos: Isso, claro. Eu não to falando que um supervulcão não afetaria a raça humana, mas não leva à extinção. 

Michael: Sim, mas a questão não é o vulcão em si, mas a caldeira magmática, que muito provavelmente depois do rompimento da crosta teria condições de continuar levando material para superfície. E continuar com um processo de modificação atmosférico.

Marcos: Muito provavelmente quanto? Porque já aconteceram várias outras erupções no Yellowstone antes e nenhuma nesse nível catastrófico.

Michael: É, porque o que acontece  é que você tem uma câmara maior alimentando.

Marcos: Um hotspot.

Michael: Maior que um hotspot, ou o que alimentaria um hotspot na verdade. Na verdade eu nem sei se a gente sabe a dimensão do tamanho dessa câmara, porque é numa escala que fica difícil distinguir do manto, é como se ali a crosta afinasse para a espessura de uma crosta oceânica. 

Marcos: Isso não é comprovado…

Michael: O que acontece é que, na maior parte dos hotspots, eles não são alimentados diretamente pelo manto. No continente no caso, no oceano eles são alimentados diretamente pelo manto enquanto no continente você tem isso que a gente chama de câmaras no meio da crosta, mas que nesse caso chegam a ser praticamente uma extensão do manto. E é o que tu precisa para ter um hotspot no continente.

Inclusive é algo que aconteceu aqui no Amazonas se não me engano em que tu tem o começo da formação de um hotspot, mas que ele já secou devido a ter que cruzar todos os 20km de crosta. Ainda tem uns pontos que parecem ser geologicamente ativos, onde a crosta está um pouquinho mais fina, mas nada muito grande. O que eu teorizo é que quando Yellowstone estourar de novo, ele vai estourar e tampar outra vez ou o fluxo seria grande o bastante para termos um novo trap. Nossa, divaguei demais aqui. Mas o nosso maior problema nem seria esse, mas sim um meteorito.

Marcos: Chelyabinsk tá aí para provar isso. Depois de 2013 eu acho que a gente tem que levar essa ameaça bem a sério. Tunguska também, vem provando que a gente é bem mais vulnerável. Mas outro problema que poderia causar bastante estrago, é uma tempestade solar gigante atingindo nosso sistema tecnológico moderno, isso causaria o caos. 

Michael: Na verdade, o maior problema desses desastres naturais é a capacidade deles de foder equipamentos elétricos. Até erupções vulcânicas têm essa capacidade.

Marcos: Sim, mais importantes dela seriam as questões climáticas ao redor do mundo. 

Michael: Sim, mas seja um vulcão, um meteoro ou um vento solar, que são super comuns inclusive, a gente teria até (no caso dos ventos solares) metade do planeta apagado. Isso sem contar na possibilidade de um vento solar forte o bastante para varrer o planeta inteiro.

Marcos: A gente perderia praticamente toda a nossa rede de satélites. 

Michael: Fora qualquer tecnologia que a gente não estivesse muito bem blindada ou abaixo do solo. Bem, eu não me lembro de nenhum bunker do juízo final, como temos para plantas para tecnologia. Eu não ficaria surpreso se caso algum evento desse acontecesse, se a humanidade conseguiria se recuperar a tempo para o próximo.

Acho que o maior problema de um evento dessa escala é não ele acabar extinguindo a gente, mas a gente não conseguir voltar ao nível de desenvolvimento anterior ou melhor, já que a gente não conseguiu evitar o evento anterior. Considerando que a gente tá na porta de outro evento de glaciação.

Marcos: Isso é discutido ainda, nós não temos modelos que são precisos o suficiente para dar nenhuma previsão. 

Michael: Eu falo não pelos modelos, mas pelo registro geológico.

Marcos: Sim, mas os modelos mostram que se a gente continuar com o nível de emissões atuais, a gente vai pular o próximo evento de glaciação e não vai ter mais. Mas na verdade a gente não pode falar nada com certeza, pois esses modelos são muito complexos. 

Michael: Foi daí que surgiu a teoria do caos. 

Marcos: Exatamente. É um sistema caótico que a gente ainda não tem capacidade computacional para resolver esse tipo de coisa.

Michael: Alias, última curiosidade inútil, tivemos avanços na computação quântica e o primeiro programa para computadores quânticos foi escrito recentemente. E bem, né, talvez tenha uma esperança no fim do túnel e a humanidade não morra quando for levar uma bolada no próximo meteorito.

Tiago: E se a gente puder resumir este episódio em uma frase, qual seria?

Michael: Pintos são grandes e o espaço é vazio.

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Equipe Introvertendo Escrito por: