Introvertendo 30 – Bumba Meu Bowie

Durante cinco décadas, o cantor e compositor britânico David Bowie embalou diferentes vertentes e temas da música e foi trilha sonora de gerações. Neste episódio, relembramos brevemente sua discografia como forma de lembrar o quanto este artista foi importante na nossa vida pessoal. Bowie morreu em 10 de janeiro de 2016, dois dias depois de lançar o álbum Blackstar.

Participam desse episódio Luca Nolasco e Tiago Abreu.

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Transcrição do episódio

Luca: Olá, ouvintes, esse é o podcast Introvertendo do site homônimo, um podcast formado por autistas. Então, como nós já tínhamos lançado a proposta, alguns episódios atrás todos episódios cujo número termina com o zero, nós vamos fazer um episódio com tema voltado à música. Nesse episódio vai ser sobre David Bowie, espero que gostem.

Tiago: E aí, galera? Meu nome é Tiago Abreu, eu também gosto muito de David Bowie.

Bloco geral de discussão

Luca: Qual é a música que você mais gosta do Bowie e por quê?

Tiago: Eu preciso falar primeiro como eu conheci Bowie, que foi em 2014, quando estava curtindo Queen. Tinha uma colaboração entre Queen e Bowie em 82. Eu já tinha baixado algumas coisas dele antes, então eu fui procurar na internet. Só que eu não achei nada consistente. Eu achei um um post no Yahoo Respostas que indicava o Let’s Dance.

Luca: Eu não indicaria pra uma pessoa escutar de primeira, mas tudo bem.

Tiago: Eu baixei o Let’s Dance, baixei o Next Day, porque era o mais recente na época e baixei depois o Ziggy Stardust porque era o clássico. Então, eu baixei três. Eu comecei a ver uma diferença, assim, na música dele, que tinha uma uma versatilidade muito grande. Eu não lembro como é que as coisas foram acontecendo, mas eu sei que o disco mesmo do Bowie que me fez apaixonar e ouvir de cabo a rabo foi o Station to Station.

Luca: Comigo, a primeira música do Bowie que eu escutei foi “Changes” que eu acredito que muita gente escutou ela no filme Shrek 2. Mas, a primeira música que eu, ativamente, fui atrás de ouvir Bowie, e escutei mesmo, e eu odiei foi “Station to Station”. Mas o álbum que me encantou mesmo foi o Scary Monsters. Eu me apaixonei por ele, e daí pra frente eu comecei a escutar de verdade os álbuns. Até onde eu sei, eu vou apresentar fatos muito inconclusivos e vagos, tirando da memória, mas até onde eu sei, no início da carreira do Bowie, ele tentou se lançar numa banda de três pessoas. E o nome que ele escolheu foi o nome dele mesmo, que era David Jones. Mas isso deu problema, porque tinha um outro artista chamado David Jones a escrita era diferente, mas a pronúncia era a mesma. Então, ele viu que ia dar muito problema e confundiria as pessoas com isso. Então, escolheu um apelido mais único, que era David Bowie. E foi aí que ele lançou o álbum, o primeiro álbum dele, que o Tiago pode falar melhor.

Tiago: Ele lançou o primeiro álbum, que não foi tão bem recebido. E ele só alcançou o sucesso mesmo em 1969 com o álbum que as pessoas conhecem como Space Oddity. Ele estourou e fez clássicos aí durante a década de 70, década de 80, na década de 80 ele teve uma baixa e restaurou nos anos 2000.

Luca: E sobre Space Oddity especificamente, tem um vídeo muito bom que eu recomendo pra qualquer pessoa, que é de um astronauta americano, que ele gravou na estação internacional, sabe? Ele gravou um vídeo nos tempos vagos que ele tinha mostrando como é que era a estação e o espaço pelas janelinhas e tudo mais e cantando isso no fundo. Foi muito bom o vídeo, ele lançou em 2013/2014 e o Bowie até falou que era a versão favorita dele da música. Eu acho muito bom o vídeo mesmo, eu recomendo pra qualquer pessoa. Falando nisso, tem algumas músicas que você gostou? Como é que foi?

Tiago: Olha, essa fase inicial do Bowie eu conheço pouquíssimas coisas, só os principais hits ali, até 71, mais ou menos, esses álbuns, só conheço mais as faixas-título. O que me atrai no Bowie mesmo vem de 72 em diante.

Luca: The Man Who Sold The World é uma música que eu não conhecia até jogar um jogo chamado Metal Gear Solid 5.

Tiago: Ainda bem que você não conheceu pelo Nirvana (risos).

Luca: Depois, eu descobri que o garoto, aquele menino, o menino do Norvana, o Kurt Cobain fez uma versão dessa música.

Tiago: O Bowie ficou muito revoltado porque as porque as pessoas que iam assistir os shows dele nos anos 90 achava que a música era do Nirvana.

Luca: Não, e eu que eu descobri com a versão que tocava no Metal Gear Solid 5 e era de um cara que eu não fazia ideia que existia e continuo lá fazendo ideia de nenhuma música que não seja essa. Depois eu fui atrás e descobri que o Bowie que que tinha feito a música antes, hoje em dia eu ainda gosto mais da versão por causa da melodia, eu acho que é diferente, eu gosto mais, mas ainda assim é uma música que eu gosto muito. Vamos pra 71, né?

Tiago: Hunky Dory.

Luca: Você tem alguma coisa… eu não gosto desse álbum.

Tiago: Olha, eu gosto de Life on Mars. Pra mim é uma das melhores músicas de piano rock que existem, eu acho ela bem legal.

Luca: Tem uma versão dessa música só de piano que meu pai adora, eu achei legal o conceito, mas não escuto constantemente.

Tiago: Tem uma versão ao vivo do Bowie que saiu na edição especial do disco Aladdin Sane que a gente vai falar ainda, que é uma versão também de piano que ele diminui o tom e que ele faz isso durante ao longo da carreira e também acho legal, mas a versão de estúdio pra mim é insuperável. É aquele tipo de música que não precisa ser regravada.

Luca: É verdade, talvez só remasterizado, né?

Tiago: Sim. Eu acho que os discos do Bowie tem esse problema muito de mix e master.

Luca: Pela época também, né? 68, 69…

Tiago: Até existe também uma questão de gravação de estúdios, né? Alguns desses discos foram gravados no Trident Studios, que inclusive foi o mesmo estúdio que foram gravados os primeiros discos do Queen. Era um estúdio novo, era um estúdio moderno, bem estruturado, mas você vê que tem uma diferença da qualidade de gravação dos discos em certas épocas. O primeiro disco do Queen mesmo, o Queen I tem um áudio melhor do que do que alguns posteriores e no caso do Bowie eu percebo muito isso com relação a alguns, alguns trabalhos. O Aladdin Sane por exemplo que a gente vai falar já já é um disco com tecnicamente muito bom.

Luca: Daí , 72 tem The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, que nome horrível (risos). Eu adoro esse álbum, tem várias músicas lá que eu gosto, em especial a última música, eu acho que fecha muito bem, pra mim tem um significado pessoal a parte, mas eu adoro a música de verdade que é Rock ’n’ Roll Suicide. Você pode falar das músicas que você gosta também.

Tiago: Eu acho as quatro primeiras faixas do disco muito boas.

Luca: Eu gosto mais das finais (risos).

Tiago: E é nesse disco que o Bowie estabelece a sua primeira persona, inclusive ele faz uma certa polêmica, né? Com relação a sexualidade e ele afirma em entrevista ser bissexual, mas depois ele fala que a bissexualidade na verdade é do personagem e tudo mais e aí você tem uma uma discussão histórica se a sexualidade do Bowie era um negócio, digamos assim, era de verdade ou era um negócio de marketing que ele construía.

Luca: Ele já apresenta o conceito interessante dos personagens que lá ele apresenta o Ziggy Stardust que era um alien e já mata ele no final do álbum já morreu. E diversas vezes ele faz isso de mostrar personagens e tudo mais e às vezes coloca fim, às vezes deixa em aberto, mas ele tem essas personas dele. Agora vamos seguir pra qual álbum? Aladdin Sane, que eu tinha comentado com o Tiago que ele tem um trocadilho, eu amo trocadilhos que seria quase um um cara insano, um doido, qualquer coisa assim.

Eu acho muito legal. Enfim, lá tem uma das minhas músicas favoritas que é “Time” que eu acho sensacional, não acho que muita gente vai gostar, mas muito boa mesmo. Talvez valha a pena escutar e tem a faixa título que tem um piano nela que eu acho irritante, mas eu adoro a música, eu acho ela muito música pra se escutar enquanto toma banho, sabe? Ela consegue definir qual que vai ser o clima de todo álbum. Eu acho que muito bom, ele é muito bom em fazer essa coisa de definir climas, que seguem o álbum inteiro. Como no episódio passado eu tinha dito que o Queen falha as vezes nisso de conseguir manter uma consistência de músicas durante um álbum. O Bowie faz isso muito bem, mesmo que o álbum não seja bom (risos), mas ele consegue deixar as músicas num tom parecido.

Tiago: Sim, inclusive tem uma música nesse disco que eu gosto bastante também que é Drive in Saturday que é uma é uma das baladas mais legalzinhas do Bowie, ela é até bem espirituosa.

Luca: É, ele de vez em quando tem dessas.

Tiago: Em 73 ele lançou também o Pin-Ups, foi o primeiro trabalho dele de covers, né, que ele lançou cover de vários artistas e que inclusive fez um cover de See Emily Play do Pink Floyd Ele inclusive é um disco bastante detestado. Mas assim tem vários covers de artistas contemporâneos e tudo mais. Bastante interessante pelo menos pra conhecer.

Luca: Do Aladdin Sane já ele já saiu da pobreza e não era exatamente muito pobre, mas já saiu da falta de conhecimento para uma fama muito grande. A fama ele já atingiu com o Ziggy Stardust que já é um dos álbuns mais famosos se não o mais famoso.

Tiago: Se bem que o Hunky Dory já tinha dado também um certo passinho.

Luca: Sim, sim, eu acho que ele atingiu os Estados Unidos com Ziggy Stardust. O Aladdin Sane ele já tava extremamente famoso eu acho, pelo menos com a impressão que eu tenho de ter lido as coisas foi isso, não tenho conhecimento se ele chegou a ficar arrogante assim, eu não sei. Eu acho que não, mas…

Tiago: Até que não, mas o Bowie é um artista solo, o máximo que ele fez foi ser muito controlador com relação à própria obra, né?

Luca: Ou muito controversa com os personagens, mas nunca foi arrogante os outros assim pelo menos entrevista. Eu já tive uma fase muito complicada, mas vai falar depois com Station to Station (risos).

Tiago: Em 74 ele fez uma espécie de álbum conceitual, é quase um álbum conceitual que foi o Diamond Dogs, que é baseado em 1984 do George Orwell. Inclusive tem outra banda que já usou também esse mesmo trabalho literário, que é um clássico da literatura como álbum que foi o Muse com The Resistance. Então, parece que é um tema meio recorrente assim no rock.

Luca: E falando do jogo, por onde eu conheci o Man Who Sold The World, lá tem uma referência de uma empresa também chamada de Diamond Dogs. Não tem muito que falar sobre o álbum, ele foi mal recebido.

Tiago: Sim, porque é um disco muito cru, né? Ele toca guitarra nesse álbum, então você vê que é uma guitarra muito assim, muito pouco apurada.

Luca: Seca.

Tiago: É sim. Então é um disco bem experimental nesse sentido e o Bowie ama fazer coisas experimentais, né?

Luca: Ele faz direto, nem sempre é muito bom, nesse caso eu não gosto de jeito nenhum. Daí…

Tiago: Ele já partiu para uma vibe totalmente diferente no Young Americans.

Luca: Eu acho que nessa fase ele já tava começando por sumir doses mais industriais de cocaína, então a música dele fica muito afetada por isso também né? Começa a ficar uma música mais seca e agressiva e antes tentava ser mais melódica e mais voltada para balada, coisa que já abandonou e tornou.

Tiago: Eu acho que uma parte também uma parte contribui as participações do disco, né? Esse disco tem a participação do John Lennon, então é um álbum que eu particularmente não gosto, eu sei que ele é um dos álbuns mais elogiados do Bowie, mas eu acho que ele, sei lá, é um dos pontos baixos da década de 70 dele.

Luca: Não sou muito fã dele.

Tiago: Nessa época que ele começou a ficar meio doidão mesmo, né? Então ele começou a criar uma dieta baseada a leite, pimenta

Luca: E cocaína!

Tiago: E cocaína e basicamente durante as sessões do do disco seguinte que inclusive coincidiram com a gravação de um filme cujo o personagem lembra muito o Ziggy Stardust em alguns aspectos.

Luca: É sim, é que o filme é o homem que saiu do espaço. E foi durante esse filme que ele desenvolveu um um terceiro personagem.

Tiago: E só mais uma coisa, além dele ter essa dieta, ele via bruxas pela parede achando que elas iam roubar o sêmen dele, então ele tava piradaço já.

Luca: É, já ele não tava bem na cabeça, mas o Bowie chegou a ter três personagens, até onde eu sei. Primeiro foi o Ziggy Stardust, o segundo foi o personagem do álbum Aladdin Sane, que durante os shows ele aparecia todo pintado e tudo mais. Era uma forma de um espetáculo que ele fazia durante os shows e ficou muito famoso.

Tiago: E o teatro sempre foi uma coisa que parece que tava um pouco na veia do Bowie em diferentes pontos da carreira.

Luca: Tanto é que tem alguns álbuns que não são de música, mas são só de interpretação de peças teatrais, por exemplo aquele do Bertold Brecht que eu te mostrei, que ele era uma pessoa muito ligada ao teatro. E o terceiro personagem dele surgiu quando ele tava gravando o homem que caiu do céu que é o Thin White Duke.

Tiago: Que é uma espécie de artista seco, assim, frio, que canta canções românticas, mas que…

Luca: Tá visivelmente vazio por dentro…

Tiago: …e que representa muito do estado de espírito do Bowie também.

Luca: E tem posições controversas sobre diversas coisas, ele não esclarece nada.

Tiago: E pra piorar, como o Bowie incorpora essas personas, então ele falou umas coisas prónazismo, né, durante o período.

Luca: É, falou que Hitler foi um grande líder e coisas assim, daí pra baixo. Não foi uma fase muito brilhante (risos)

Tiago: Mas artisticamente, o álbum que é o único disco dessa persona é um baita disco. É um disco desesperado assim, né? Um disco sobre fraqueza humana, então cê tem a por exemplo alguns pontos ali que ele apela pra questão da loucura dele, mas tem outro ponto por exemplo que ele apela pra questão religiosa, então ele faz uma música de que é uma oração.

Luca: Sim, falando por exemplo da loucura na faixa título ele já ele mostra muito a si mesmo ali falando que do mostra muito de si mas falando do personagem que achava que não era efeito colateral da cocaína, devia realmente tá apaixonado, só que tava muito tarde pra tudo isso, então ele não ia se importar com ninguém. Então, era um personagem que não se importava com ninguém, jogava dardos em olhos de pessoas que amavam ele, refletindo como que ele tava simplesmente desesperado por tudo e não se importava com nada. Mas como isso deu muito problema pra ele, toda a questão da persona e de controversa, com o fim do álbum ele já encerrou o personagem sem dar nenhum esclarecimento. Acabou tudo ali e ele.

Tiago: Ele partiu quase como uma espécie de renovação musical, né?

Luca: Tirou um tempo pra se reinventar…

Tiago: E com isso fez uma trilogia de Berlim.

Luca: Não só isso, como ele tirou um tempo pra ficar limpo de drogas. Ele viu que tá afetando muito o trabalho dele, ele é a própria vida pessoal, então ele precisou ficar limpo nessa época.

Tiago: Ele era um homem casado nessa época, né? Relacionamento dele acabou um pouco com um tempo depois. Engraçado como a vida artística também interfere muito, né, na questão pessoal dos artistas. Cê vê que muitos artistas tiveram vários relacionamentos, dois, três casamentos, e coisas assim ao longo da vida.

Luca: Até por serem pessoas de grande notoriedade, muita gente vai atrás, né?

Tiago: Sim, sim.

Luca: E com isso vamos passar pra trilogia de Berlim, cê quer falar?

Tiago: Trilogia de Berlim, como obviamente o nome diz, são três álbuns cujas principais características terem sido trabalhados em Berlim e com a produção do Brian Eno e eles foram produzidos durante um retiro digamos assim de Bowie longe do espaço Natal dele em Berlim e aí foram discos mais experimentais, discos com mais influência da música ambiente, tentando elementos novos foram discos que deram muito certo no artístico dele, principalmente o Low e o Heroes.

Luca: O Brian Eno é um produtor que muita gente gosta, muita gente odeia, muita gente gosta de odiar ele. Ele construiu seu trabalho pessoal com músicas voltadas a ambiente, músicas calmas sem letras, sem nada, só pra relaxar. Mas alguns dos exemplos do Brian Eno com artistas, tem até a fase mais famosa do Talking Heads com a música Psycho Killer tendo sido produzida pelo Brian Eno. Mas ele é um artista que produziu por exemplo o Iggy Pop, que é outro artista britânico que…

Tiago: Que o próprio Bowie produziu também no início da carreira.

Luca: Pessoalmente eu não gosto muito do trabalho do Brian Eno como produtor, mas ele conseguiu muitas músicas boas como por exemplo Heroes, que é uma das maiores do Bowie, virou um grande hit.

Tiago: E o Bowie trabalhou ao longo da carreira também com vários produtores e eu acho que também essa contribuição dos produtores ajudou muito na visão coletiva da música dele.

Luca: E foi nessa época mais ou menos que o Bowie começou a participar de outros filmes como por exemplo Labirinto que é uma das participações que surpreendentemente a maioria das pessoas a maior parte das pessoas lembra porque foi um filme de relativo sucesso pra criança.

Tiago: Eu nunca assisti esse e só assisti o homem caiu do céu.

Luca: Pois é, foi um filme de relativo sucesso e muitas crianças chegaram a ver a participação dele lá. Eu não vi, não chegou a ser muito da minha época, não fui atrás de ver, mas o homem que caiu do céu também vi. Sobre os três álbuns, tem algo a comentar assim de músicas específicas.

Tiago: Olha, o Low eu gosto muito de Sound and Vision, que eu sei que é exatamente a música que você detesta. Mas eu não gosto tanto da trilogia de Berlim perto por exemplo do Station to Station ou que ele lançou algumas coisas depois também. O Bowie é um artista que ele é tão versátil que eu acho que às vezes é praticamente impossível você amar ele sem odiar alguma coisa que ele tenha feito ao longo da carreira.

Luca: Sim, eu concordo que necessariamente precisa não gostar de algo e se você gosta de algo que não gosta de outra coisa que ele fez. Mas isso sem dúvida foi um dos álbuns mais famosos dele ou pelo menos álbuns que contém umas das músicas mais famosas dele. Eu não gosto de Lodger (risos).

Tiago: É o mais fraco da trilogia também.

Luca: Sim, tem uma ou música ou duas que eu acho legal mas infelizmente eu não gosto. Muita gente acha boas e bem produzidas, o que eu acho que é inegável, são músicos que como dito antes delas se encaixam muito bem umas com as outras, mas não são boas, não pelo menos na minha opinião.

Tiago: Agora vem Scary Monsters.

Luca: Então, Scary Monsters é um álbum que pessoalmente é o meu favorito dele, é o álbum que fez eu escutar as outras coisas e eu acho que é o ápice da estranheza do Bowie. Pelo menos pras pessoas normais, em que ele tá todo cheio de três jeitos, de personagem, não personagem formados, mas de fantasias, pinturas e tudo mais. E muita gente vê neste álbum um significado muito forte de “se você é estranho, abrace isso e seja como você é, não se preocupe com os outros”. Eu vejo isso mas não é o que mais me motiva a escutar eu eu gosto muito mais do som do que do significado.

Tiago: É muito o que eu sinto com relação aos outros da trilogia de Berlim também, ao Low e tudo mais.

Luca: E nesse álbum eu acho curioso que muita gente começou a escutar muita gente relativamente, mas começaram a escutar ele depois de ler Jojo. Porque tem um poder cujo nome é Scary Monsters, que é a música de título. Bom, se é pra eu fazer alguma recomendação desse álbum, eu recomendo muito que escutem Ashes to Ashes, que é a música mais famosa de lá e sem dúvida…

Tiago: …é uma base de influências pra uma série de artistas também.

Luca: Com certeza, eu não tenho certeza disso, na verdade, perdão, mas eu acredito muito que Lady Gaga tirou muita influência desse álbum. Vamos seguir então?

Tiago: Let’s Dance foi lançado em 83, agora eu vou falar porque o disco que eu li muito na época. Bowie já tinha trabalhado aí com uma série de produtores e ele estava em busca de alguma coisa nova, diferente. E aí ele chamou o Nile Rodgers, que é o integrante da banda Chic, que é um negócio mais grooveado, inclusive ele produziu o último disco do Jota Quest (risos).

Luca: (Risos)

Tiago: E aí o Nile ele direcionou o Bowie a essa coisa, que é um esse disco. O Let’s Dance é um dance meio frio, né?

Luca: A música e título não é muito fria não.

Tiago: É, Modern Love nem tanto, mas as outras músicas elas não carregam um clima tão quente que o gênero pede, porque o Bowie tem um pouco disso. Bom, na época foi considerado um trabalho inovador nesse sentido, só que o disco do Bowie acabou ditando todo o cenário da época e acabou virando uma coisa que é considerada assim meio radiofônica e comercial demais, sendo que o disco não era nesse sentido né? E esse disco apesar de ter sido um grande sucesso talvez foi o maior sucesso comercial do Bowie até aquela época eu acho…

Luca: Acho surpreendente.

Tiago: Sim. Foi um disco muito bem vendido, mas isso acabou atrapalhando um pouco o Bowie porque ele achou que deveria caminhar nessa direção e aí ele fez dois discos horríveis que é o Tonight e o Never Let Me Down em torno de 84, outro de 87. Aí começou a fase dele de inconsistência mesmo, bem clara. Porque ele tinha vindo de 81 e um com o com o Queen, que é o Under Pressure, que saiu tanto no quanto como faixa bônus no Let’s Dance em algumas edições recentes de CD e aí ele começou a perder a mão, né? Ele começou a gravar alguns artistas inclusive nessa fase ele gravou Com a Tina Turner, gravou com Mick Jagger, inclusive a relação dele com Mick Jander é bem curiosa.

Luca: Inclusive faz clipe com Mick Jagger.

Tiago: Inclusive até o final dos anos 80 ele ficou aí meio perdido até que ele montou o Tin Machine.

Luca: Não sei falar quase nada sobre Tin Machine.

Tiago: O Tin Machine foi formado por quatro integrantes, tinha uma coisa meio hard rock na musicalidade mas não foi bem recebido pela crítica, não fez sucesso nenhum. Era ideia do Bowie de talvez assim nossa eu não tô dando certo como artista solo, então vamos montar uma banda e talvez revitalizar o meu som e ele até mudou o cabelo.

Luca: Eu acho engraçado que ele é quase que o contrário das outras pessoas porque eu tinha comentado no outro episódio que é incomum que as bandas de rock tenham artista solo que se dão bem. Um dos poucos exemplos foi o Paul McCartney. Mas com o Bowie foi o contrário, ele é o aqui que o solo que não se dá bem de jeito nenhum em banda, sabe?

Tiago: Porque ele tem essa visão de monopolizar. Imagina, um cara tá vinte anos fazendo coisas nessa pegada. E aí não deu certo, acho que ele acabou em 91 e aí ele fez uma trilha sonora em 93 e ele lançou um outro disco chamado Black Tie White Noise.

Luca: Que é a fase obscura dele, meio dos anos oitenta pro noventa assim, ninguém sabe muito sobre isso.

Tiago: Sim. E aí ele só consegue mesmo retornar pelo menos um status em 95 com Outside, que é novamente produzido pelo Brian Eno junto com David Richards que produziu os três últimos discos do Queen e aí ele também trabalhou com o Bowie nessa fase de 93 até 95 porque o álbum foi gravado em no estúdio do Queen nos alpes suíços.

Luca: Foi nesse álbum que ele começou pelo menos tentar, não não diria que conseguiu muito bem, mas recuperar essa identidade que ele tinha que era muito única e que foi ficando bem genérica com o tempo.

Tiago: Outside é um disco muito teatral, inclusive o disco recebeu muitas críticas negativas falando que talvez o disco funcionaria bem se ele fosse um espetáculo do que necessariamente. E ele tentou parece que inclusive fazer uma turnê reproduzindo o álbum. Não foi não deu certo no sentido teatral do negócio, então ele acabou fazendo de uma forma mais tradicional. Nessa época que ele tava começando a se envolver muito com música eletrônica, né, com Nine Inch Nails e aí isso deságua no Earthling.

Luca: Inclusive tem uma participação do Bowie na música Hurt do Nine Inch Nails, eu não gosto. Na versão ao vivo com a participação do Bowie.

Tiago: É porque se não me engano Bowie fez uma turnê conjunta.

Luca: Sim, foi deve ter sido nessa.

Tiago: E aí o Bowie também de vez em quando dava um suporte para alguns artistas, ele era muito fã do Nine Inch Nails, ele tava bastante admirado pelo Radiohead nessa época e aí em 97 ele lançou o Earthling, que é um disco bem eletrônico também.

Luca: Foi a época que ele tava tentando voltar, não tava conseguindo e eu não consigo nem escutar esses discos da época inteiros, eu escuto uma música ou outra, mas não consegui escutar todas.

Tiago: Porque por exemplo I’m Afraid of Americans, que inclusive foi trilha sonora do A Entrevista, que foi aquele filme polêmico que vazou.

Luca: Ah, sim, aquele filme do Seth Rogan que ele ia lá pra matar o presidente da Coreia do Norte.

Tiago: Exatamente, aí o Bowie foi trilha-sonora desse filme.

Luca: (Risos) Que bom gosto, hein (risos).

Tiago: O Bowie tentou ficar fazendo esses trabalhos experimentais, não acabou não dando certo e ele lançou em 1999 o hours, que é o clássico disco do Bowie que ele aparece com outro Bowie no colo deitado.

Luca: Eu não não, não sei mesmo disso. Cara não tô lembrando.

Tiago: Você nunca viu a capa que tem dois Bowies, um sentado e outro no colo do que tá sentado?

Luca: Não, nunca vi, vou ver agora.

Tiago: A diferença é que o que tá sentado, ele tá com o cabelo grande, que prometeu o Bowie real e tem o bolo de cabelo curto. O hours é o primeiro disco que o Bowie tenta uma sonoridade tradicional, né? Eu já li alguns lugares das pessoas chamando de Bowie neoclássico e é um Bowie mais tranquilo. Eu gosto muito de uma música deste disco chamada Seven que ela tem inclusive uma versão uma versão de mix diferente em outro tom e foi nesse caminho de uma sonoridade mais tradicional que o Bowie decidiu caminhar.

E isso culminou no Heathen, de 2002, que foi o maior sucesso do em muito tempo. Foi o disco que teve o maior sucesso dele nos Estados Unidos depois de muito tempo e ele foi lançado um pouco tempo depois dos ataques de 11 de setembro, né?

Luca: Vendo aqui a capa do hours, eu cheguei a conclusão de que o Bowie tinha ideias legais pra capa, mas não conseguia colocar elas muito bem em prática.

Tiago: Isso seria o caso de Reality, de 2003?

Luca: Não é nenhuma ideia legal, cara (risos). Eu digo isso porque é por exemplo um álbum original de Station to Station, a ideia é muito boa, mas a foto tá muito ruim.

Tiago: Sim.

Luca: No hours, a ideia é muito boa, mas a foto tá poluída a imagem, tá com vários traços. Letras imensas e tudo mais, muito poluída, mas a ideia é muito boa e isso eu imagino que você consegue ver que já pouco depois dos 75 já começa isso, né?

Tiago: Sim, exatamente e aí essa sonoridade clássica que ele alcança que ele alcançou no hours melhorou no Heathen, ele manteve no Reality e aí no durante a turnê ele sofreu um infarto que dá meio quase que um fim na carreira dele, né? Basicamente dele.

Luca: Sim, muita gente achou que ia ser o seguinte de fato, né? Porque já tava velho. Ia ter que tirar um tempo sozinho pra melhorar, né?

Tiago: Sim. Aí nesse meio termo que o Bowie fez foi só participar com outros artistas né? Aparecer de vez em quando, então ele gravou um EP com Arcade Fire durante uma apresentação deles e também participou de um single do David Gilmour que era uma regravação de uma música do Pink Floyd que era Arnold Layne. E sem falar que cantou também…

Luca: Em Comfortably Numb.

Tiago: Isso.

Luca: No Facebook direto aparecendo esse vídeo pra mim eu sempre vejo (risos).

Tiago: O Bowie ficou um tempo aí em silêncio até que um momento ele começou a compor de novo músicas e decidiu que ia pro estúdio, né? E aí ele começou a gravar esse álbum em silêncio tentando manter o máximo de silêncio. Mas aí aparece que uma banda conhecida, foi gravar no mesmo estúdio perto dele, aí ele teve que mudar para outro lugar, não sei como é que foi. Faz muito tempo que eu li sobre isso. E aí ele trabalhou em The Next Day e na mesma época o James Murphy, que foi o produtor, ele é o cara do LCD Soundsystem, ele digamos assim, estava produzindo também o Arcade Fire, que é uma banda que o tem uma relação, em Reflektor. Então, o Bowie além de lançar o Next Day logo após ele participou na música Reflektor, que é uma das raras participações do Bowie. Inclusive o Bowie também é conhecido por rejeitar participações.

Luca: Sim. Só participou no de músicas lançadas em estúdio…

Tiago: Do Arcade Fire e do Queen. Se não me falha a memória ele pode ter gravado alguma coisa com Paul McCartney em algum momento, um momento obscuro assim sem falar dos artistas com o que ele chamou.

E aí por exemplo ele recusou gravar com Coldplay, o que eu achei fantástico porque o Coldplay mandou uma música pra ele e aí o Bowie respondeu: “não acho que essa música não está muito boa, né?”.

Luca: Nossa (risos). Com certeza foi com alguma elegância porque ele pelo menos era educado (risos).

Tiago: Mas dizem que a resposta o vocalista do Coldplay disse uma vez que a resposta foi assim. E aí enfim, aí o Bowie lançou o Next Day, foi mais um disco de sonoridade tradicional. Mas assim, o engraçado do Bowie é que todo disco bom que ele lançou dos anos 90, 2000, ele sempre era falado: “ah, o melhor álbum desde Scary Monsters”, você já percebeu isso?

Luca: Não.

Tiago: É sempre assim e o Next Day foi dessa forma, o melhor disco do Bowie desde Scary Monsters. E é um disco que eu gosto de muita coisa, porque eu ouvi esse disco exatamente mais ou menos na época de lançamento, então ele fez muita parte ali daquela época da minha vida ali, do final da adolescência. Então, eu gostava muito de Love is Lost né, a letra daquela música é muito legal, né, que fala, ah, você tem 22 anos. Naquela época eu tinha 18, hoje eu tenho 22, sabe? Aí eu penso que a música, poxa, as pessoas envelhecem e tudo mais.

Luca: Eu gosto muito desse álbum, ele começa a ter um uma atmosfera mais escura e pesada mesmo.

Tiago: Eu acho que tem muito a ver com o James Murphy mesmo, com o estilo de produção dele. E tem outra música que eu gosto muito daquele disco é If You Can See Me, ela tem um tom de desespero tão grande que eu fico do tipo que toda vez que eu ouço ela eu percebo numa perseguição, sabe? De alguém correndo à noite em Goiânia, correndo.

Luca: Correr em Goiânia é algo aventureiro, porque…

Tiago: Correndo de assaltante e com uma faca na mão, coisas assim, sabe? E que tá seguido e sendo observado de todos os lados.

Luca: Ele conseguiu, nesse álbum tem um bom tempo eu já não conseguia bem isso de colocar um atmosfera que você tá escutando e você se sente lá.

Tiago: Eu acho que muito a contribuir o tempo que ele ficou parado também pra ele reavaliar e tudo mais. É o último disco que ele tinha lançado tinha sido em 2003 e o Next Day saiu em 2013. Foi dez anos em termos de lançamento mesmo de um disco para outro. E foi um sucesso mundial.

Luca: Sim. A capa dele eu gosto muito, mas não sei você.

Tiago: Eu acho legal, é uma subversão muito boa né? Cê pegar uma capa de um disco você só botar o borrão branco e colocar o nome. E ele coroou basicamente ali. É um disco de muitas faixas, ele ainda tem um EP extra cê já ouviu o EP extra que tem quase dez músicas? Tem umas músicas inclusive muito boas nesse EP extra como a Like a Rocket Man.

E aí, em 2014, ele tava completando oficialmente 50 anos de carreira e aí ele fez uma coletânea especial, que eu acho muito interessante o conceito dela, pega do mais recente e vai até o mais antigo.

Luca: Sim. E eu sempre reclamo com o Tiago que nessa música não tem a faixa Station to Station até porque a faixa é muito grande de colocar lá num num disco de 50/40 músicas, mas o disco em si eu acho que dá pra recomendar ele pra qualquer pessoa que quer começar a estudar pode pegar.

Tiago: Tem até singles que não foram lançados em discos principais, né? Tem muita coisa lado B junto, é uma coletânea muito bem feita. É um disco triplo ainda por cima. E ainda tem duas inéditas, que é Sue.

Luca: E com isso já introduziu duas músicas que viriam no Blackstar, que é ‘Tis a Pity She Was a Whore e Sue. E ele lançou no iniciozinho de 2016.

Tiago: Ele anunciou em 2015, ele lançou o clipe de Blackstar em novembro, mais ou menos. Acho que foi 14 de novembro, se não me falhe a memória e lançou o clipe dessa, depois lançou o clipe de Lazarus que fez dia 7 de janeiro.

Luca: Lazarus acabou se tornando a mais famosa do álbum. Pessoalmente é a minha favorita do álbum, apesar do saber que você não gosta muito dela.

Tiago: Eu prefiro as outras do disco, eu não acho ela ruim, mas eu não acho ela melhor que as outras.

Luca: Sim. E esse é um álbum que…

Tiago: É o melhor álbum do Bowie desde Scary Monsters (risos).

Luca: (Risos) Não, eu diria que é um dos melhores dele.

Tiago: Sim, sim. Eu arrisco a dizer que ele é realmente superior a muitas coisas. É porque a galera gosta de falar. Mas ele já produziu todo ele pelo visto com a morte em mente, que ele já tava muito mal. E aí ele chamou o Tony Visconti, que é um cara que tá a longo tempo trabalhando com mas trouxe de volta ele protagonismo, o James Murphy que produziu o último disco ele ficou ali mais em volta com os instrumentos e tudo mais. Mas o Bowie foi diagnosticado com câncer de fígado, é uma doença que se você não for diagnosticado no início os sintomas vem muito tardiamente, né?

Luca: Não só isso, como câncer no fígado e pâncreas são dois especificamente difíceis de se tratar mesmo tendo sido diagnosticado no início.

Tiago: Então além do Bowie, você tem alguns casos como o Marcelo Rezende também.

Luca: Sim, que foi a mesma coisa. Pelo menos olhando as músicas como Blackstar e Lazarus e os clipes, ele já tava sabendo que ia morrer logo, que veio a acontecer.

Tiago: Ele sabia da complexidade, inclusive, tem uma entrevista do Tony dizendo que o Boulos chegou pra ele e falou que o tratamento tava dando melhoras e aí o Tony começou a comemorar. Ele falou, não, não comemoro agora não, porque pode ser que piore daqui um tempo e foi o que aconteceu, né? Mas é um disco muito consistente, é um disco que eu acho muito interessante o conceito porque ele se sentiu influenciado pelo Kendrick Lamar, que é um disco que trabalha rap e pensou: “não, vou fazer um disco de jazz só que não executado não por uma banda de rock, mas uma banda de jazz executando rock”. E aí o resultado foi bem diferente. E aí parece que o conceito de Blackstar, que é o disco pré-morte, ele virou um conceito abraçado por um monte de artistas.

Então você tem uma série de trabalhos lançados depois do Bowie que vão nessa direção, Leonard Cohen, tem um cantor de country que eu esqueci agora o nome dele mas que ele também fez nesse sentido.

Luca: O You Want It Darker lançou no mesmo ano, inclusive. A estética é quase a mesma, as músicas são igualmente obscuras e pesadas. Foi algo bem difícil. E como o Leonard Cohen, o Bowie morreu pouco tempo depois de lançar o álbum.

Tiago: Sim.

Luca: E com isso ele atingiu uma notoriedade que não tinha há muito tempo, infelizmente com a morte. E lançando dias antes ele atingiu uma fama que há anos já não tinha. Um ano depois foi lançado o EP com algumas músicas…

Tiago: Que foi o No Plan. E na verdade assim, todo ano tá saindo muita coisa do Bowie no aniversário dele, então seja álbuns ao vivo, coletânea, que foi mais ou menos pra corrigir o fato do Nothing Has Changed de não ter músicos do Blackstar, né? Mas assim, não que faça tanta falta um disco completo também. E eu acho que deve ter muita coisa dele pra ela ser lançada ainda, porque ele produzia muito.

Luca: Sim, sim.

Tiago: Absurdamente. Se bandas de rock reciclam materiais de gente que morreu nos anos 80, imagina alguém que morreu agora em 2016, né? Então, tem muita coisa guardada e engavetada acho que o Tony vai, como principal parceiro artístico do Bowie, em termos de produção de discos, né? Ele produziu a maioria dos discos do Bowie até hoje, ele vai recuperar isso.

Luca: Sim, e seguindo a proposta, se for pra recomendar um disco pra uma pessoa que escutou duas, músico bom e não gostou qual cê recomendaria?

Tiago: Olha, pra ser sincero, tudo depende. Se a pessoa gosta de algo mais experimental eu recomendo o Station to Station na hora. Agora se a pessoa quiser algo mais acessível, mais pop eu acho que bem provavelmente que o Next Day ou Reality cumpram nesse sentido introdutório, mas o Reality não é tão bom assim, pessoal (risos).

Luca: Eu recomendaria o Scary Monsters se a primeira música não fosse tão bizarra, mas é. Então eu não recomendo ele pra uma pessoa que não gosta de ou pelo menos não tem experiência com Bowie. Pra essa pessoa eu recomendo o The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars que é um álbum quase que universalmente aclamado, então as pessoas seriam mais abertas a escutar ele.

Tiago: Verdade.

Luca: Bom, acho que é isso. Se você gostou do episódio, divulgue ele, se não gostou e tem alguma reclamação, mande e-mail explicando porque nós estamos completamente abertos a escutar e até dialogar com isso.

Tiago: Diga a música do que você mais gosta, a que você mais detesta, o álbum.

Luca: E eu e o Tiago, nós vamos deixar nossas músicas favoritas, cinco músicas favoritas do Bowie na descrição do post e links de coisas comentadas aqui no episódio. Muito obrigado pela atenção e até o próximo episódio.

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Equipe Introvertendo Escrito por: