Introvertendo 135 – O Problema dos Emojis

Uma conversa pela internet já se tornou confusa demais pra você por causa de emojis? Neste episódio, nossos podcasters relacionam este fenômeno da interação online com a dificuldade de autistas em reconhecerem o significado de expressões faciais e os contextos adequados para uso dessas “carinhas”.

Participam: Paulo Alarcón, Thaís Mösken, Tiago Abreu e Willian Chimura. Arte: Vin Lima.

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Transcrição do episódio

Tiago: Um olá pra você que escuta o podcast Introvertendo, que é o principal podcast sobre autismo do Brasil e que traz sempre as grandes novidades da internet. Meu nome é Tiago Abreu, sou jornalista, host deste podcast, diagnosticado com autismo em 2015 e eu sonho com o dia em que tivermos um emoji que represente bem o autismo.

Thaís: Olá pessoal, aqui é a Thaís, falando de Florianópolis, eu fui diagnosticada com autismo em 2018 e o meu emoji favorito é a cebolinha, que eu demorei muito pra entender o que ela significava, não tenho certeza do que ela significa, mas ela é bonitinha e tá valendo.

Willian: Eu sou o Willian Chimura, eu sou autista, faço mestrado em Informática na Educação no Instituto Federal aqui do Rio Grande do Sul e até hoje tenho dificuldades principalmente em situações que eu estou muito focado em alguma coisa, em fazer essa leitura das expressões faciais das pessoas, em entender o que elas estão sentindo.

Paulo: Oi pessoal, eu sou o Paulo Alarcón, diagnosticado com autismo em 2018 e voltamos aos tempos do hieróglifo na internet.

Tiago: (Risos) Neste episódio nós vamos falar sobre emojis. E se você é autista e tem dificuldade com emojis, com certeza você vai se identificar. Talvez não era o tema que você esperava, mas vai saber que é o tema que você precisa ouvir esta semana. Vale lembrar que o Introvertendo é um podcast sobre autismo, feito por autistas, cuja produção é da Superplayer & Co.

Bloco geral de discussão

Paulo: A ideia pra esse episódio surgiu quando eu tava na integração da empresa onde eu trabalho que questionaram sobre a questão de emojis e eu citei minha dificuldade. Em seguida, no mesmo dia, minha noiva fez um teste comigo me passando vários emojis aleatoriamente e pedindo pra eu dizer o que eles significavam. E aí eu percebi que eu não conseguia entender esses emojis. Eu só entendo a cara sorrindo e a cara chorando, basicamente.

Willian: Falando em testes envolvendo expressões faciais, emoções, isso muito até a minha própria área de pesquisa, que é a intervenção baseada em tecnologia para autismo que a gente trabalha bastante essa habilidade, na verdade, através dos softwares. Então, na literatura científica você encontra estudos que foram baseados em joguinhos, aplicativos, websites que tinham essa atividade, é exposto diversas expressões faciais, aqui no caso, geralmente, usando fotos mesmo ou até vídeos de pessoas reais, não necessariamente emojis, mas é claro que também emojis poderiam sim ser usados em um contexto assim de intervenção para também trabalhar essa questão da identificação, essa questão da leitura de expressões faciais, inclusive eu acho que é até bem promissora, na verdade, o uso de emojis pra isso, porque possibilita a pessoa desenvolver essa habilidade de uma forma mais sofisticada. E a gente sabe que é uma dificuldade que é comum nos autistas, tanto é que é um critério de diagnóstico. O segundo critério do domínio A do DSM-V fala justamente sobre essa questão da dificuldade de comunicação não verbal que os autistas podem apresentar. É claro que nem todo autista vai apresentar explicitamente esse déficit, mas eu diria até que é um déficit comum, pelo menos no meu caso. A minha relação com emojis era nenhuma, basicamente assim (risos). Eu não usava. Simplesmente não usava, mas em contexto de psicoterapia, principalmente, a minha terapeuta foi notando que eu era pouquíssimo sensível a expressões faciais e eu usava também as expressões de uma forma incoerente com as emoções que eu estava tentando transmitir. Eu achei bem interessante também, notar em mim mesmo, porque eu só fui notar isso da vida adulta. Então, se eu já eu apresentava esse déficit de uma forma bem explícita na vida adulta, eu fico imaginando quão deficitário não era nos meus primeiros anos de vida, na adolescência, enfim e quanto isso pode estar relacionado sim com uma dificuldade de adequação social, de socialização, de fazer amigos, manter relacionamentos, enfim, certamente eu acho bem plausível de fazer essa essa relação.

Tiago: Inclusive eu gravei um vídeo com você Willian, esses dias, que saiu no seu canal e uma coisa que eu comentei é que eu só descobri que eu não interpretava bem ironias, por exemplo, depois da vida adulta. Então, eu fico pensando quantas coisas eu não entendi. E emojis está nesse domínio aí (risos), mas eu acho que é importante a gente fazer um contexto então, pra quem não sabe o que é emojis e quando isso ficou popular.

Paulo: Os emojis começaram há muito tempo. No início haviam os emoticons, que eram basicamente expressões que você gerava através de símbolos do teclado. Então, você pegava um sinal de dois pontos e um fecha parêntese e eles formavam uma carinha feliz, ou três, juntava o sinal de menor e fazia um coração. Em noventa e oito um japonês chamado Shigetaka Kurita criou o que foi conhecido como o emoji hoje em dia.

Thaís: O meu primeiro contato aí com os emojis e emoticons, eu não sabia inclusive a diferença entre um e outro até então. Foi nos fóruns que eu participava que eu tomei um pouco mais de contato com a cultura japonesa e comecei a perceber a diferença de fato que tinha entre diferentes linguagens e eu passei a entender os emojis dessa forma. Eu acabei entendendo com uma linguagem diferente que tem as suas próprias regras e eu acho isso bem interessante.

Paulo: É muito comum a gente ter essa dificuldade de reconhecer expressões faciais, de reconhecer todas as expressões de emoções que o ser humano faz. Acho que é interessante até entender que a manifestação das emoções é aprendida. Pra explicar melhor como funciona as emoções, recomendo bastante o Naruhodo 164, onde eles fazem uma explicação sobre a questão das microexpressões. A maior parte das pessoas aprende naturalmente, somente por observação, o que cada expressão facial representa. E assim como a gente tem dificuldade com as regras sociais, também acontece em aprender essas expressões faciais de forma automática como a maioria das pessoas.

Willian: Acho que uma coisa muito interessante a se notar que pode ser uma dificuldade nessa questão de usar os emojis e que pode ser um pouco mais difícil de de ser interpretado pelos autistas é que nem sempre as pessoas vão usar o mesmo emojis com o mesmo significado, digamos assim. O que eu quero dizer é: por exemplo, tomando como exemplo aquele emoji que se tornou muito popular que são duas mãozinhas unidas, que geralmente está associado a um sentimento de gratidão (eu espero que vocês saibam de qual emoji estou falando porque eu estou tentando descrever ele através de áudio), imagine que eu sou uma pessoa que uso muito emojis, estou muito ligado na internet e tal, faz parte do meu dia a dia, ao mesmo tempo existe uma outra pessoa, algum familiar seu, que não é muito familiarizado com tecnologias e tudo o mais, ele viu os emojis ali pela primeira vez e tá usando. O significado da interpretação daquela pessoa sobre o que significaria aquele emoji pode ser de uma forma, uma interpretação diferente da forma que você viu aquele emoji e pensou em como ele deve ser usado.

Thaís: Tanto porque hoje em dia, se você for pensar, a gente tem muitos tipos diferentes de emojis/emoticons. Desde as carinhas mesmo, os smiles, até carinhas de animais ou gestos com as mãos ou várias pessoas juntas fazendo coisas diferentes. Então, se tornou realmente toda uma linguagem própria com muitas variações. E lá no trabalho usam bastante no Slack, por exemplo, a cabecinha explodindo ou a cebolinha, ou tubarão fazendo uma dancinha e muitas vezes eu já percebi que pra pessoas diferentes o mesmo emoji significa coisas diferentes. Então, às vezes a gente acha que é um problema exclusivamente nosso de ter dificuldade de entender o que eles significam. E isso eu já percebi em outros contextos também, de eu perceber que os neurotípicos às vezes acham que todos eles estão entendendo a mesma coisa, mas como eles não falaram verbalmente sobre aquilo, eles não perceberam que na verdade cada pessoa tá entendendo uma coisa diferente.

Willian: Sobre esse emoji específico das duas mãos assim simbolizando, supostamente, gratidão, a gente está falando aqui da mesma topografia. E desculpe o jargão analítico-comportamental, mas por topografia eu quero dizer que é exatamente a mesma figura. É exatamente a mesma figura que eu uso é que as outras pessoas usam. Porém a função, o objetivo, o porquê eu estou usando aquele emoji, o que eu quero expressar com aquele emoji, pode ser diferente. Num contexto virtual que você não tem acesso as expressões faciais da pessoa, muitas vezes o contexto da conversa pode ser um pouco difícil de ser interpretado dependendo novamente do nível de familiarização da pessoa que está usando ali a interface digital pra comunicar contigo. Então, pode ser mais difícil, nesse contexto de você conseguir interpretar realmente o que, qual é o contexto que ela tá querendo dizer. Essa atribuição de significado, vamos colocar assim, que é diferente pra cada pessoa, mesmo sendo o mesmo emoji, pode realmente ser uma dificuldade, eu imagino que não somente para os autistas, mas para os autistas eu imagino que seja uma dificuldade mais presente.

Thaís: Então assim: na dúvida, pergunte. Porque eu acho que dá pra aprender bastante coisa quando a gente faz perguntas verbais pras pessoas.

Tiago: Com certeza, até mesmo porque tem alguns casos de emoji que em contextos românticos, sexuais, irônicos, tomam uma interpretação completamente diferente. Eu lembro que em 2014 eu estava flertando com uma menina e aí eu lembro que eu tinha pedido ajuda a um amigo meu sobre o que que eu deveria escrever e aí ele falou pra eu poder escrever uma mensagem e colocar o emoji de um macaquinho. Eu falei assim: “uai, mas por que o macaquinho?”. Ele falou: “é porque parece simpático”. Em seguida um amigo meu falou assim: “não, macaco é uma coisa de conotação gay”. Eu: “que?” (risos). Pra mim era só um macaco, entendeu? Não tinha nada a ver com nada assim. E tem várias pessoas que juntam vários emojis para representar alguma coisa bem sexual e eu falo assim: “caramba, que imaginação das pessoas”. Então realmente emojis é um negócio complicado. Ao mesmo tempo eu também já criei as minhas linguagens próprias de interpretação em relação aos emojis, por exemplo, aquele do skate que eu vejo a primeira coisa que eu penso é em Charlie Brown Jr., entendeu? Eu não vou pensar em skate, vou pensar em Charlie Brown Jr., eu não sei porque mas eu vou lembrar. E aquelas pessoas que transformam o desenho de emojis pra escrever mensagens agressivas? O emoji sorrindo e a mensagem escrita em torno que a pessoa quer morrer, quer ser suicidar, tem coisas assim muito bizarras em torno dos emojis.

Thaís: Nossa, isso realmente é bem bizarro. Eu na época dos emoticons criava os meus próprios, achava muito divertido fazer isso, às vezes eu combinava vários caracteres. E agora, bem recentemente, inclusive, eu usei um emoji, aquele com a carinha olhando pro lado meio atravessado e um sorriso, a boquinha como um sorriso. Então, eu uso esse emoji em um contexto mais ou menos quando eu sei que a pessoa tá fazendo alguma coisa errada e eu tô muito ocupada pra fazer algo a respeito ou então tipo: “ah tá bom, vai fazendo esse negócio aí, eu não vou lidar com isso agora, vou pensar nisso depois”. E eu mandei isso pra uma pessoa certa vez e a pessoa me disse que a forma como ela entendia aquela carinha era, por exemplo, de uma pessoa chamando outra pra atos sexuais (risos).

Tiago: Então, eu só uso esse emoji em um contexto sexual, muito sexual, inclusive, eu achei muito engraçado o contexto que você tá contando (risos).

Thaís: Nossa, gente, eu uso isso muito, tipo, no meu trabalho (risos).

Tiago: (Risos)

Willian: (Risos)

Thaís: E eu tenho bastante certeza, assim, de que as pessoas não acham no meu trabalho que eu tô colocando um contexto sexual nas minhas mensagens (risos).

Tiago: Aí você usa isso um dia, alguém interpreta errado e te manda um nude em seguida (risos).

Thaís: Nossa, pode acontecer, seria muito engraçado (risos). Mas isso entra na questão de como às vezes a gente não sente dificuldade em mexer em algo, mas até a gente perceber que cada pessoa tá entendendo de uma forma diferente aquela linguagem, às vezes demora um pouco. Então, por isso que eu acho que vale bastante a pena a gente conversar com as pessoas e colocar uma mensagem verbal bem clara para evitar depender de linguagens que podem ter muitos significados. Bom, e hoje em dia, em muitos desses emojis, você tem a descrição deles logo na hora que você vai clicar, ou se você coloca o mouse em cima, eles têm um nome. E isso ajuda bastante as pessoas com deficiência visual, eu já percebi que muitas delas usam, inclusive, os emojis e eu muitas vezes me baseei no nome que tá escrito ali. Então, por exemplo, esse símbolo das mãos unidas, que a gente tava tendo uma conversa aqui, que pode significar várias coisas diferentes, pode ser gratidão ou uma pessoa rezando, podem ser duas mãos de pessoas diferentes, uma batendo a mão na outra, no programa que eu uso chama “pray”, que seria “rezar” mesmo. Então, eu acabo fazendo essa relação com o que tá escrito ali, mas eu acho que também vale às vezes a gente pensar que a pessoa que colocou a descrição vai ter a interpretação dela, então nem sempre a gente tem a mesma interpretação que tá escrita, mas ela ajuda de qualquer forma. Se você não tiver ideia do que aquilo significa, muitas vezes a descrição ajuda e eu acho isso melhor do que o que a gente tinha anteriormente.

Paulo: Um problema também que eu sinto quando tem uma comunicação com emojis são pessoas que usam demais emojis e isso vira praticamente uma outra linguagem, um hieróglifo. E a minha noiva usa com frequência coloca descrições dela como sendo emojis, então ela fala que todos os animais tem casa, fala sobre os gostos dela, somente por emojis. Isso vira um código indecifrável pra mim.

Tiago: Ela faz tortura com você.

Paulo: Faz. Com alguma frequência (risos).

Tiago: (Risos)

Paulo: E ela tem um grupo com as amigas dela que elas conversam sobre como foram os acontecimentos cotidianos delas, inclusive os românticos e é completamente com emojis basicamente formados por diferentes frutas.

Thaís: Frutas? Como assim frutas? Eu não entendi e eu não teria capacidade de entender a descrição, de sei lá, encontros baseados em frutas.

Tiago: É. O único contexto romântico, etc, que eu consigo imaginar com frutas, eram as mulheres frutas da época lá do MC Créu, que tinha a Mulher Melão, a Mulher Melancia, Mulher Maçã… (risos). Desculpa, gente, foi, foi muito horrível essa, né?

Thaís: Eu pensei nisso também, na verdade. Eu não queria.

Paulo: Existe uma lógica na na forma como elas conversam, mas não me sinto confortável pra tentar descrever a forma (risos).

Thaís: Percebo que no grupo de aikido o pessoal usa muitos emojis de aikido, de samurai, de pessoas se ajoelhando ou se agachando, fazendo reverência e às vezes colocam vários juntos, tipo: a pessoa acha que quer fazer uma reverência, digamos assim, e aí ela coloca cinco emojis iguais. Eu acho isso bem estranho. Eu uso emojis, mas é muito diferente do que as outras pessoas fazem e eles estão sempre acompanhados de frases coesas, com pontuação completa, o que me lembra que apesar de não ser sobre emojis especificamente, mas é sobre esse tipo de comunicação, eu vi em um artigo de um jornal, agora eu não me lembro o nome do jornal, porque ele não é do Brasil, mas falando que algumas pessoas da geração Z podem entender que o ponto final tem uma conotação passivo-agressiva, como se você quisesse encerrar uma discussão ou algo assim, ao invés de ser simplesmente você usar de forma correta as regras do português (risos). 

Tiago: Parece que a pessoa tá com raiva, né? É engraçado que eu usava ponto final sempre em todas as falas que eu escrevia em meados de 2012. E aí em algum momento eu parei de usar porque eu via que as outras pessoas não usavam e eu sempre era interpretado como alguém que estava nervoso ou muito sério. E eu comecei a me sentir desconfortável com as pessoas que usavam ponto final nas mensagens, porque eu achava que as pessoas ou estavam muito distantes, ou muito bravas comigo. Então, é bizarro pensar nisso. Hoje em dia eu quase não uso o ponto final, só quando mesmo eu tô escrevendo algum texto.

Thaís: Ah, eu continuo usando a pontuação como eu usava antes e eu acho muito estranho como as pessoas tentam inserir algumas coisas que não estão ali no texto ou que entendem o emoji como o oposto dele, porque acham que você pode estar tentando ser irônico, alguma coisa assim. A gente entra em um fluxo de “eu acho que o outro acha que o outro acha” que se torna muito cansativo, se torna muito complexo.

Tiago: Pra finalizar, eu acho que seria interessante a gente falar como lidamos com emojis hoje. Então, eu quero começar já dizendo que a minha forma de lidar com emojis hoje é muito tímida, até hoje eu ainda tenho muita resistência. Eu uso só com pessoas que eu tenho maior intimidade e que eu posso realmente saber o que que a pessoa tá querendo dizer com os emojis. Um coraçãozinho, alguma coisa assim, ou alguma coisa mais sexual ou às vezes com os meus amigos que eu gosto de ficar zoando bastante, mandar coisas aleatórias às vezes pra eles, como, por exemplo, um skate, do nada. Mas fora isso, eu não costumo usar muitos emojis, principalmente com pessoas desconhecidas é só texto. 

Willian: Pessoalmente fui muito resistente a incorporar o uso de emojis em conversas e até hoje, na verdade, eu uso pouquíssimo. Porém, no ano passado, por conta de um vínculo muito próximo que eu tive com uma pessoa e que era uma pessoa que usava os emojis na minha interpretação de uma maneira bem inteligente e até artística, vou dizer assim, por conta dessa proximidade que eu tinha eu acabei aprendendo uma forma de usar emojis que eu comecei a pensar que “poxa, pode ser útil, pode ser legal, pode ser bacana sim usar emojis pra me expressar”. Então, tomando essa pessoa como exemplo, eu acabei desenvolvendo um pouco das minhas habilidades de usar emojis e eu acabei incorporando um pouco sim. Apesar de que ainda não é uma habilidade generalizada pra mim, ou seja, não é algo tão fácil de se fazer em todos os contextos. E novamente perdão pelo jargão analítico-comportamental, mas por generalização eu quero dizer justamente ter essa habilidade de usar emojis em diversos contextos e não somente, por exemplo, numa conversa com essa pessoa que eu estabeleci vínculo como eu estou falando aqui. Mas eu noto sim hoje em dia que eu estou mais flexível sobre isso, apesar de que existem outros amigos, outros vínculos, principalmente os vínculos que eu tenho há anos, por exemplo, que eu nunca usei emojis. Então, para esses vínculos, nessas conversas, realmente eu ainda continuo seguindo essa política de uso zero de emojis. E eu não sei se eu vou conseguir, na verdade, um dia modificar isso, mas também eu não vejo tanto a necessidade, pra ser bem honesto. Eu acho que eu consigo me comunicar bem com a maioria dos vínculos sem a necessidade de usar emojis. Não diria que eu tenho dificuldade de interpretá-los, porém certamente tem uma dificuldade sim em usá-los para expressar alguma coisa.

Paulo: Eu uso, também, de forma bastante tímida, os emojis. Eu tenho até uma capacidade bem limitada de interpretar os emojis e de achar o emoji certo, é bem difícil pra mim. Então, eu costumo usar basicamente os mesmos: carinha sorridente, tem o joinha pra cima ou pra baixo que eu uso bastante, basicamente isso, e com todas as pessoas. Sendo que com pessoas que eu tenho menos contato eu tendo a me comunicar totalmente sem emojis.

Thaís: Bom, por minha vez eu uso bastante, desde a época dos emoticons, muitas vezes de um jeito próprio meu, como a gente já chegou a comentar, o Tiago chegou a comentar que ele faz também. E muitas vezes eu acho que algumas imagens ajudam em chamar atenção. Por exemplo, voltando pro Slack, que é a ferramenta de trabalho que eu uso pra me comunicar, tem a imagem da sirenezinha que eu costumo usar quando é um alerta, alguma coisa que eu preciso que todo mundo preste atenção, alguma falha no sistema, tem aquela bolinha girando de loading. Então “algo está carregando, eu estou fazendo isso, esperem enquanto eu termino de fazer”, isso ajuda bastante. Eu demorei pra entender o que eram os olhinhos que muita gente usa como “eu estou olhando isso” e eu não entendia os olhinhos assim, mas passei a entender desse jeito. E como eu comentei, no início do programa, eu gosto muito hoje em dia de usar a cebolinha que a Jéssica, minha colega, me disse que é algo como: “a cebola faz chorar e a cebola está rindo”. Então, são duas coisas opostas acontecendo ao mesmo tempo, eu não sei exatamente que sentido que isso foi criado, mas eu uso muitas vezes pra avisar que eu tô fazendo alguma coisa que é pra dar certo, tô fazendo um ajuste, uma melhoria, mas é pra todo mundo ficar de olho, porque pode ser que dê muito errado. Então, prestem atenção, coloco aquela cebolinha, porque eu gosto dela, só por causa disso. E e eu percebo que as pessoas criam muitos emojis diferentes. Às vezes com fotos de outras pessoas do trabalho eu não sei muito bem também o que aquilo quer dizer, mas eu me divirto, eu acho que que é o que vale e quando eu não tenho muita certeza de como outra pessoa vai reagir, eu só escrevo um texto corrido mesmo.

Tiago: E você também tem histórias sobre emojis? Escreva pra gente que nós leremos aqui na nossa sessão de leitura de emails.

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