Introvertendo 68 – O Ecoativismo e o Autismo de Greta Thunberg

Com apenas 16 anos, Greta Thunberg ganhou popularidade em todo mundo pela sua defesa de medidas práticas contra a crise climática. Apesar disso, a jovem recebe várias críticas, entre elas o fato de ser diagnosticada com Síndrome de Asperger, que está dentro do espectro do autismo. Neste episódio, os podcasters Luca Nolasco e Tiago Abreu recebem a ativista Tânia Bezerra para discutir o trabalho de Greta e as críticas feitas à adolescente.

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Transcrição do episódio

Tiago: Um olá para você que escuta o podcast Introvertendo, que é o primeiro podcast do Brasil formado por autistas. Meu nome é Tiago Abreu, sou host deste podcast, e hoje nós vamos discutir sobre a ativista Greta Thunberg.

Luca: Eu sou o Luca, tenho 19 anos e até hoje não fiz nenhum ativismo ambiental, mas pretendo fazer.

Tânia: Meu nome é Tânia Bezerra, eu sou do Coletivo Sustentabilidade do Vale do Paraíba.

Bloco geral de discussão

Tiago: Como dito na introdução, hoje a gente vai falar sobre a ativista Greta Thunberg, uma sueca de 16 anos que está agitando o mundo a respeito de várias pautas ambientais. Para discutir sobre esse tema, nós trouxemos a participação da Tânia Bezerra, uma educadora ambiental que reside em São Paulo e que vai falar um pouco com a gente sobre o trabalho da Greta, também sobre eco-ativismo e sobre o diagnóstico da síndrome de Asperger. Tânia, como que você conheceu o trabalho dela?

Tânia: Ah, foi através do noticiário. Acho que desde março deste ano ela já começou a despontar na mídia.

Tiago: A Greta, como a gente disse, é da Suécia. A princípio tem vários materiais sobre ela. Primeiro ela queria chamar atenção dos políticos locais acerca do Acordo de Paris e ela começou, por iniciativa própria, a não frequentar as aulas na sexta-feira e sentar em frente ao Parlamento para poder cobrar dos governantes. De uma pessoa se tornou um movimento mundial que ganhou as páginas do mundo inteiro até que, hoje, ela foi indicada ao Nobel da Paz.

Tânia: Isso mesmo. E a pauta dela é muito importante pra chamar atenção de todos. Não só dos políticos que tomam as decisões. Mas é motivo da sociedade também promover mudanças. Quando a ONU fala sobre os os objetivos sustentáveis, a maior parte deles é perfeita pra sociedade, não só pelos os que tomam decisões em prol das suas nações.

Luca: Uma certa vergonha minha, é que eu só fui saber da existência da Greta quando o Jornal Nacional fez uma matéria dela, bem recentemente até, quando ela decidiu ir de velejo até a conferência da ONU. Aí o Jornal Nacional fez uma matéria um pouco extensa dela e eu só fui saber dela nesse momento aí, depois eu fui pesquisar e tudo mais, é até um pouco vergonhoso só ter… 

Tânia: Não, não tem problema nenhum. Tem gente que nem ouviu falar ainda na Greta. Uma coisa assim, não mal, às vezes pessoas estão tão envolvidas com assuntos pessoais ou de trabalho, que é muito difícil mesmo, você ficar atento a tudo. Agora que a Greta faz causa polêmica. Então, essa viagem dela já foi uma polêmica, porque ela não quis pegar o avião. E ela causou na cidade dela ou no país, não sei, uma diminuição da demanda por voos internacionais e nacionais, muito grande. Então, foi um efeito Tumberg. Maior do que fumaça de vulcão, sabe? Que às vezes tá uma baixa nas demandas por passagem de avião, lá foi coisa de mais de trinta por cento. Só porque ela falou, olha, as emissões de aviões são muito grandes. Então, eu preferi ir de barco, já que eu tenho essa oportunidade, fui convidada. Eu tô tendo essa oportunidade, Não é todo mundo que tem, mas eu posso, então eu resolvi escolher. Então, ela já causou um movimento aí, só na na locomoção. De sair da Europa e ir pros Estados Unidos. Pela própria causa do movimento contra a crise climática.

Tiago: E o que eu acho muito interessante é que ao mesmo tempo que ela chama muito a atenção são da imprensa internacional, do mundo inteiro, com relação ao tema de interesse dela, que são as questões climáticas, ela também chama muita atenção entre a comunidade do autismo. Inclusive tem um certo blog que tá na nos nossos links associados no site, que fala que ela é um “Novo rosto para o do espectro do autismo”. E aí, eu vejo muitas pessoas, principalmente autistas, usando ela como referência, né. O quanto uma pessoa, dentro do espectro, pode chegar longe utilizando o seu hiperfoco. E aí, a gente precisa fazer todo o contexto com relação a ela, em relação ao autismo. Então, ela foi diagnosticada com Síndrome de Asperger, e que hoje, dentro do DSM é o autismo de grau 1, que é o autismo que as pessoas falam popularmente, não é um termo médico, mas é um “autismo leve”. Ela, além disso, tem algumas comorbidades, ela tem TOC, ela tem TDAH e ela também tem mutismo seletivo, que é uma característica não exclusiva na verdade de autistas, tem algumas outras condições, além de isso, então, você tem as características que são próprias do autismo. Então, por exemplo, nas reportagens, sempre é muito claro a dificuldade de interação social que ela teve ao longo da vida, inclusive no período escolar. Isso, aliás, está muito relacionado também à forma como ela escolheu militar, digamos assim a respeito do clima, e uma característica muito forte do autismo que tá evidente assim nela e que eu acho que as pessoas mais enxergam é a questão do hiperfoco. O hiperfoco faz parte daquela catalogação médica dos comportamentos repetitivos, ou seja, ela escolhe um interesse, ela foca nesse tema e ela explora ele o máximo que pode. E além de tudo, ela também teve um diagnóstico de depressão aos onze anos de idade, foi aí que ficou mais evidente o mutismo seletivo dela, essa dificuldade de falar em certos contextos e com certos tipos de pessoas Mas, nada disso, de certa forma, impediu que ela ganhasse a notoriedade que ela ganhou. Hoje ela é seguida por milhões de pessoas. Se você contar a quantidade de seguidores que ela tem no Instagram, ela tem no Twitter. Então, hoje ela é uma personalidade extremamente influente, ou seja, uma pessoa muito notável com o diagnóstico de síndrome de Asperger. E é claro que o fato dela ser autista, isso acaba trazendo várias críticas, várias controvérsias, mas exatamente sobre essas controvérsias, ela disse, isso no mês de agosto, ou seja, recentemente, que para ela, em determinadas situações e determinados contextos e com apoio e com assistência profissional e familiar correta, o autismo é, “uma espécie de superpoder”. Isso foi, na verdade, um pouco distorcido também na imprensa, pegaram a fala dela aqui, que tem uma série de condicionalismos e reduziram a uma questão, mas é mais ou menos isso que ela falou.

Tânia: É, sobre o autismo eu não tenho muito a acrescentar, eu só sei que ela é uma pessoa que não cansa de falar sobre isso. Então, se muitos ativistas meio que num período da vida, desistem. Ou por algum impasse que elas encontram na vida e ou das autoridades para fazer a luta da preservação, ela não se cansa. Então isso é um aspecto positivo e ajuda a todos. Porque a questão que ela tá levantando, a insistência com que ela fala e a determinação, a seriedade com que ela vem a público é emocionante. É uma pessoa que levanta todo mundo, porque o planeta precisa de uma voz que una. Os países, eles vivem muito nessas caixinhas. Então, ela quando fala que é uma crise, está existindo uma e nós temos que fazer alguma coisa, ela tá suscitando que todos façam. Ela tá, enfrentando todo esse pessoal, mas com muita calma. É um sangue frio bom. Eu acho que talvez, não sei se essa, se essa é uma das característica da parte médica assim. Mas eu acho que ajuda na na causa. 

Tiago: Eu acho que sim, tá muito relacionado, até porque é muito engraçado como que da mesma forma que alguns a criticam por causa das características diretamente relacionadas ao autismo, são as características do autismo que, muitas das vezes, tornam ela uma figura muito diferente das figuras populares com relação ao clima que podem aparecer. Então, dizem, por exemplo, muito das expressões faciais, que são “limitadas”, que ela tem um tom mais sério, uma forma de de falar mais formal e tudo isso tá intrincado a uma característica do autismo, que muitas vezes é mencionada, que é a fala pedante, a fala forma formal e, às vezes, extremamente completa.

Tânia: Bacana. Não sabia também não.

Luca: Sim, eu inclusive acho que as críticas tendem a pesar um pouco mais nisso do que deviam. Então, é um negócio, assim, que a galera não desiste de focar em cima.

Tiago: Ao mesmo tempo que a Greta conseguiu uma uma relevância, simplesmente pelo ato de toda sexta-feira deixar de ir à escola para poder pressionar as lideranças, ela também foi ganhando espaço na imprensa, de certa forma. Então, um artigo que ela publicou no El País, se não me engano, em março deste ano, se chama Não Podemos Esperar em português e fala sobre a urgência, não só do acordo de Paris, porque é claro, existe toda uma tensão internacional para que esse pacto seja cumprido, a gente sabe que a gente vive num momento muito complicado da política internacional, não só com relação aos Estados Unidos, mas também com o próprio Brasil, por exemplo. Então, a questão do clima é o é o epicentro toda essa polêmica, inclusive pela própria questão das queimadas na Amazônia, que, inclusive, mesmo que depois que elas pararam de ser discutidas, elas continuaram a ocorrer, passaram pelo Pantanal, continuam trazendo efeitos sobre o cerrado. Muitas das vezes, o que eu acho que talvez seja mais interessante, que a própria Tânia pode falar de forma mais específica, é o quanto que ela enxerga isso como uma urgência, mas ao mesmo tempo por ser um tema de hiperfoco dela, ela não consegue se descentralizar isso, porque ela entende que é uma questão urgente. E as pessoas comuns, elas conseguem, digamos, assim, descentralizar essa questão urgente da vida deles e continuar a sua rotina como se nada tivesse acontecendo. 

Tânia: Não é só ela que fala sobre a crise climática, esse problema que é gritante, que é atual e que é urgente. O painel intergovernamental sobre as mudanças climáticas e PCC, é desconhecido por metade da população. Então, quando ela vem a público falar sobre temas que são importantes, mas que não são conhecidos. Isso gera uma polêmica muito grande.

Tiago: Sim, eu acho que tem uma coisa muito interessante que você falou, é que ao mesmo tempo que a gente vem num período de muitos conflitos políticos. Que a política internacional anda muito tensa, a gente também tem uma onda de negacionismo da ciência. Inclusive dentro do próprio autismo você tem vários mitos que entram, que saem de vez em quando, que é a questão das vacinas. Teve uma onda agora recente que de tempos em tempos vai e vem, que é a questão do MMS. Na própria política brasileira, você tem agora um descrédito da ciência extremamente absurdo. E aí, eu percebo que muitas das críticas, que ela recebe, por exemplo, isso mas focando nos casos, vem de muitas vezes políticos que são ligados à áreas que tendem a desacreditar na ciência. Principalmente nos pontos mais mais extremos do espectro político.

Luca: Aí não vem só da política brasileira como da política estadunidense já é instalado, um governo que tende a negar fatos científicos, da política italiana. Na política alemã, o partido que mais cresceu é o partido de extrema direita que nega vacinas, que nega mudança climática, que nega tudo. Então, é uma tendência global que haja governos que defendam ativamente o negacionismo científico. Eu acho que a Greta ter surgido nessa época é bom e ruim. Bom, porque ela é um expoente nessa defesa climática. Ruim, porque ela vai ser muito, muito enfrentada por esse tipo de gente.

Tânia: São os interesses econômicos. E os interesses próprios de cada país. Então, se os países mais desenvolvidos têm que reter  o crescimento e o consumo, os países menos desenvolvidos, eles têm que cuidar das suas reservas biológicas, dos seus biomas e tal, pra não emitir… O que que tá por trás das mudanças climáticas, são as emissões de gases do efeito estufa. Então, os gases mais importantes do efeito estufa, os GEs são gás carbônico e metano. O metano está ligado diretamente à agropecuária. Aí já é outro ponto sensível, até que ponto os países querem conversar sobre isso. Não, se a gente pensar globalmente sobre esses problemas, a gente consegue ter uma enorme tensão. Crescente. São vários conflitos. Não é só a questão da expansão econômica, da expansão urbana pelos biomas. Existem interesses de especulação também do agronegócio. O problema não é o desenvolvimento. O problema é o desenvolvimento sem sustentabilidade, né? Então, você querer desmatar a todo custo tá errado. A agroindústria, ela poderia ir pras áreas degradadas. E já tem muitas áreas degradadas, por exemplo,no caso do Brasil. Não é necessário desmatar mais para expandir o agronegócio. Eles podem ir pra várias áreas que já estão degradadas. Então, até que ponto isso é uma questão de escolha. Então, é isso que se fala. E na, na parte dos países mais desenvolvidos, a contenção de consumo não interessa a ninguém. As indústrias querem vender. A propaganda que aqui se consuma cada vez mais. Então, assim, tem que ser um movimento também da sociedade. A sociedade tem que estar atenta aos nossos futuros, o futuro comum. A Greta tá falando disso o tempo todo.

Tiago: Isso, e é exatamente por isso que muitos políticos dessa ala, digamos assim, de extrema direita, acabam chamando ela por vários termos pejorativos. Musa do Apocalipse, o evangelho do mal e uma série de coisas assim pra tentar menosprezar aquilo que ela tá falando. E a estratégia é muito parecida com todo tipo de falácia. Que você ataca a pessoa o argumento dessa pessoa.

Tânia É só lembrar que o negacionismo em termos de comunidades científica, ele tá com cinco por cento. Então, noventa e cinco por cento dos cientistas, atualmente, acreditam que as mudanças climáticas, o aquecimento global é devido a causas humanas, a influência humana sobre o clima, que esses noventa e cinco por cento dos cientistas sabem que isso tem provas e mais provas por vários modelos de clima. E chegaram a essa conclusão. Então, esses cinco por cento negacionismo fazem barulho, porque é como uma pirâmide do da riqueza. A riqueza está nas vinte maiores famílias do mundo. A riqueza de sei lá, cinquenta por cento, não sei qual é a certa estatística. Mas mais que metade é, e está nas mãos de muito poucas pessoas. Poucas famílias, poucas empresas. Então, mais ou menos por aí que é esse entendimento. Então, isso está refletido no meio ambiente. Porque até o Papa agora em 2015 emitiu um documento. Chama Encíclica Laudato Si. E tem vários alertas. E não é atoa que eles agora vão fazer um Sínodo sobre a Amazônia, em Roma. Porque eles sabem que os aspectos da, da proteção ambiental, tão muito pauta. Não é uma coisa para se esquecer, passar. Não, isso é uma coisa que tem que ser refletida por todos. 

Tiago: Sim, inclusive a Greta foi recebida pelo Papa, ou seja, ela está ganhando uma relevância muito grande. No mês de setembro ela protestou em frente a Casa Branca, mas ela disse que não iria insistir muito porque obviamente o governo do Trump não acredita. Na verdade, não é questão de acreditar. É uma questão de checar dados conclusivos que são muito claros sobre a questão do aquecimento global e definitivamente, muitas vezes não dá pra você ficar batendo em algo que não vai reagir.

Tânia: A Encíclica não é só uma um Encíclica verde. Ela mostra por vários pedaços da Encíclica que é socioambiental. Então, o clima está diretamente ligado às pessoas. Então, quando você vê uma área degradada, ela é mais barata. Então, quem vai morar ali? As pessoas que têm menos dinheiro. Quem vai sofrer mais as mudanças climáticas, são as pessoas mais desprotegidas. Então, por exemplo, você vai construir, vai comprar uma uma casa, vai um terreno perto de um lixão, que é uma área mais barata pra se viver. Tem várias coisas que mostram que o aspecto econômico está ligado ao aspecto social e o aspecto ambiental. É o tripé da sustentabilidade. Se você não tem equilíbrio entre esses três aspectos, ambiental e econômico. Você não tem sustentabilidade. Então, vai ser uma coisa prejudicial a uma dessas partes. A Greta, além dela ir conversar com o papa, ela conversou também com um Movimento Católico Global pelo Clima. É um grupo de pessoas em vários países. E eles tão fazendo esse movimento dentro da igreja para mobilizar as pessoas, para terem atitude mais sustentável no seu dia a dia. E, por exemplo, nas construções, igrejas tendo, usando materiais mais sustentáveis, com economia de luz, com economia de energia e toda essa essa pegada mais ecológica tá dentro da igreja. Esse Movimento Católico, Global pelo Clima, é como se fosse um braço do Papa neste dia a dia. Porque ele fez a Encíclica e ficou lá. Algumas pessoas acessam e tal, mas o movimento faz campanhas nesse sentido. Então, agora está sendo a época de oração pela criação. Foi desde o dia primeiro de setembro até quatro de outubro. E é um movimento, uma rede internacional de indivíduos e organizações católicas que se respondem ao chamado do Papa Francisco para cuidar da criação. Cuidar da casa comum. A Gretha, ela foi pros Estados Unidos agora. E foi entrevistada na televisão e o repórter perguntou, “Você sente alguma diferença no tema que quando você trata mudanças climáticas aqui na Suécia e nos Estados Unidos?” Aí ela fala assim; “É, eu sinto que aqui é como se ainda fosse discutido se esse fenômeno existe ou não. E de onde eu vim, é mais como um fato. Nós atribuímos que existe uma mudança climática ao homem. Nós assumimos isso, já sabemos que isso existe”. E ela fala assim, que uma das pesquisas que você pode fazer para ajudar a salvar o nosso futuro, é que a gente precisa  acabar ou diminuir muito com indústria de  agropecuária, a indústria leiteira. E se você fala de desmatamento hoje na Amazônia, 70% é por causa da agropecuária, atividade econômica principal causadora do do desmatamento. Eu sempre morei no Rio, sempre fui muito ligada à natureza. Eu vivi lá, mas parte da minha vida, sempre fui ligada à praia, aos parques. Mas eu só me considerei uma ativista do meio ambiente, depois que eu vi o filme Cowspiracy. Eu fiquei muito chocada com essa dicotomia de vida que a gente leva. Então, a gente luta pelo meio ambiente, não é a favor do desmatamento, quer que todas as florestas sejam preservadas, mas consome gado. Ele atrapalha muitos biomas. Eu também me tornei vegana. Tenho dois anos e meio de veganismo. É assim, é um pouco difícil viver na sociedade atual, se alimentando assim, vivendo numa vida normal, vida urbana. Temos que selecionar os alimentos. É muito difícil, mas eu acho que é uma atitude coerente com a minha vida de defesa do meio ambiente.

Luca: Sim, eu como morador de Goiás, aqui é muito mais difícil a questão de ativismo ambiental, porque é um estado que depende da agropecuária e tudo mais. Mas, assim, é bizarra a visão que os cidadãos residentes de Goiás têm do ativismo ambiental. É um negócio, assim, quase pejorativo. Chega a ser anormal como que a região centro-oeste inteira tenha um um culto à carne animal. Esquisito até. 

Tiago: Aqui é o AgroPop.

Luca: É total, é AgroPop aqui. É realmente estranho isso pra mim, mesmo tendo nascido em Tocantins, que não é exatamente um estado santo nisso, que também é outro estado extremamente industrial na questão agropecuária.

Tânia: É, é um esforço que todos nós devemos fazer. Reduzir a ingestão de alimentos derivados de animais. É uma coisa muito gritante que 70% do desmatamento sejam provenientes da da atividade agropecuária. E a gente que gosta de defender qualquer bioma ainda continuar sendo conivente com essa indústria chega a ser conflitante. Eu acho que as pessoas não vivem bem assim. Ao mesmo tempo que existe um conflito interno. Quando você pensa que você é a favor do meio ambiente, você ingere produtos, frutos da agropecuária, que muito ligado ao desmatamento, é quando nessa sociedade você senta pra comer com as pessoas, gera aquele conflito externo. É sempre um incômodo. E é como se você não tivesse seguido o ritmo natural das coisas. E, realmente, é uma escolha que você pode fazer ou não. Depois que você percebeu que o seu consumo vai contribuir pro desmatamento nada nas correria que fica porque você não vai fazer mais parte. Mas quando você diz pra você mesmo e pros outros, que você não vai fazer mais parte daquilo, a convivência às vezes é um pouco difícil. E assim, você vai na casa de uma pessoa, a pessoa te dá um pedaço, dá um bolo, aí tem, sei lá bolo é feito com com ovo e com leite. 

Tiago: Nós aqui do Introvertendo, já queríamos falar sobre a Greta há muito tempo, mas como episódios muitas vezes são gravados com muita antecedência, muitas vezes nós deixamos alguns temas pra frente, mas ocorreu no final de agosto, início de setembro, a publicação de um texto no jornal Estado de São Paulo, que movimentou a comunidade do autismo de uma forma que foi impossível não mudar o nosso planejamento e falar da Greta o mais rápido possível. Esse texto que eu menciono foi escrito pela jornalista Sheila Leirner, ela mora na França, embora seja brasileira, e ela publicou um texto no blogue dela dentro do Estadão, chamado “As Trancinhas Teleguiadas por ‘produto’”. Esse texto, ele tem como objetivo, aparentemente, do que eu pude interpretar, criticar as pessoas relacionadas à própria Greta. Ela parte do pressuposto de que a Greta é uma pessoa que não está fazendo esse ativismo sozinha e de que ela, na verdade, está sendo usada um produto por interesse de empresas e de pessoas particulares. Esse texto foi polêmico em vários sentidos, ele foi polêmico tanto em termos políticos, sobre a questão ambiental, e também por causa dos termos que a Sheila usou pra falar sobre o autismo. É importante destacar que na França, especificamente, a discussão autismo, ela é muito diferente de outros países do mundo. Aqui no Introvertendo, nós fizemos, lá no episódio 43, a cobertura do evento Dia do Autistão. E o evento foi organizado pelo Eric Lucas, que é um francês, que mora no Brasil, e ele sempre foi muito crítico da França, da forma que a França enxerga o autismo e eu nunca tinha entendido. Depois eu fui entender historicamente, como a França pensa o autismo, eu fui entendendo. Então, muitas vezes dizem que as discussões sobre autismo na França estão atrasadas há cinquenta anos e que o autismo ainda é visto muito sob a ótica de autores ligados à psicanálise. Lembrando que a psicanálise em termos de história do autismo foi uma “culpada” daquela visão de que o autismo era causado pelas mães. Depois, com o tempo, a gente foi vendo que o autismo, na verdade, é uma questão genética. E até hoje, um pouco desse estigma permanece. Esse artigo, ele foi imediatamente repudiado, às vezes, eu acho, particularmente. Eu como jornalista, eu achei que o hate em cima do texto foi um pouco desproporcional porque eu penso assim, do e aí vocês me dizem se vocês concordam ou discordam de mim. Eu penso que quando um jornalista, ele escreve um texto, as pessoas discordam desse texto e esse texto, não necessariamente violam o direito humano natural, esse texto tem que tá no ar pras pessoas poderem criticar e ter acesso e fazerem a crítica a ele. E aí, quando esse texto sai do ar né? Quando a resposta de um veículo é simplesmente remover esse texto, não só o texto, mas como toda a coluna do jornalista e cortar essa relação profissional, isso tá muito próximo de um silenciamento que ocorre nas redações de jornalismo do Brasil de uns anos pra cá. Por que acontece? A gente não tem mais censura. Aquela censura na época da ditadura que textos eram vetados e se colocavam receitas de bolo no lugar, mas hoje, a questão da responsabilidade, saiu muito do veículo do jornal, porque o jornal não quer assumir responsabilidade, passa pro jornalista. Então, tem sempre aquela questão do filtro comercial, o que os anunciantes esperam, o que o público espera e se move para atender esses interesses. Então, a partir do momento que um texto como o dela causou esse choque, dentro da comunidade, e toda uma campanha pro Estadão remover o texto, eu penso que o jornal não estava, necessariamente, preocupado com a qualidade da crítica, que a jornalista fez e muito mais no sentido de atender, simplesmente, uma demanda de mercado. só o texto em si, eu não estou defendendo o texto, tá? Porque eu acho que é um texto extremamente superficial, é um texto que tem uma argumentação pobre. Existe uma questão que poderia ser importante de ser discutida, que inclusive outro artigo que o Estadão publicou depois é muito mais eficaz, que é de simplesmente falar assim: “olha, as críticas da Greta são válidas, mas do ponto de vista prático, o que que a gente pode fazer para além dessas críticas?”. Que é basicamente o que o outro artigo fala. E aí essa coisa que é mais importante da discussão, ela é substituída, inicialmente, por uma antipatia natural que a Sheila tem pela Greta. Então, já começa o texto falando “A menina Grita Tumberg sempre me irritou além da conta e nunca soube porquê….” E aí eu penso no seguinte, assim, não sei o que que vocês acham, mas quando alguém diz imediatamente, que detesta alguém, como que eu posso confiar que essa pessoa vai fazer uma crítica séria e uma crítica que, pelo menos, tente ser coerente com a realidade.

Tânia: Sobre essa última parte que você falou  eu não sei se tem uma empatia inicial que é uma antipatia. Isso tem influência sobre todo o resto, mas  eu acho que ela foi muito infeliz nos comentários que ela fez, muito indelicada. Talvez ela não conheça, não sabe que existem espectros, níveis muito altos e níveis baixos, que podem, que as pessoas podem conviver normalmente, sem causar nenhum incômodo ao redor, na sociedade. Então, ela foi muito indelicada e mal educada. E tirando essa parte da grosseria, ela entrou falando que ela foi teleguiada, mas isso é uma crítica que se faz a todos os jovens também. Quando os jovens começam a entrar na política, sempre falam que eles estão sendo manipulados de alguma forma. Se um jovem quer fazer parte de um movimento ciclista, uma coisa boba, ser um ativista de mobilidade urbana. Nossa, eles falam que os jovens estão sendo guiados, teleguiados para lutar contra o sistema. Quando na verdade as pessoas só querem andar de bicicleta, entendeu? Então, por exemplo, a Tumberg ela só quer falar sobre um ponto sensível. E isso incomoda. Incomoda todos. Porque tem que sair da zona de conforto pra entender qual é o problema ambiental que está acontecendo no momento. Então, se pras pessoas comuns é fácil você ligar um ar-condicionado e fica tudo ou você pegar um carro e pronto, já tá resolvido o problema de transporte, não é assim com o resto da população. Então, é sempre aquele questionamento indigesto sobre o problema. Então, o problema é um problema planetário, é como resolver na área. Então, assim, a Greta também não tá resolvendo ela tá cutucando. Tá cutucando com a vara. Então, é claro que ela vai incomodar essa questão, vai incomodar, bem como incomodou, desde os anos 60. Quando foi o primeiro movimento ativista contra os os resíduos  nucleares. Que queriam colocar numa determinada região e foi um monte de gente lá falar que não, aquilo é um lugar pra isso. E qual é o lugar? É o lugar mais pobre. É um país subdesenvolvido, é a China? É o país mais escondido, e o problema é geral. A gente tem que fazer um movimento contrário, só que o movimento contrário, é mais custoso, por isso que ela incomoda.

Luca: Então, eu ia falar que era algo na linha que você tinha dito, eu apesar de discordar muito do que a escritora falou no texto, tive uma impressão de que o Estadão, como uma empresa, teve uma preocupação muito mais estética no aspecto de que viu que tava pegando mal pra eles ter aquele texto ali, então simplesmente removeu ele invés de manter ele e fazer um editorial, falando que discordava ou simplesmente manter ele ali pra fomentar uma discussão, por mais que o posicionamento da jornalista evidentemente fosse muito mais grosso do que deveria com a Greta, eu achei que foi tosco da parte de ambos, tanto do Estadão de ter removido o texto, quanto da moça de ter escrito aquilo. Mas falando sobre o texto mesmo, pra você ter ideia, eu só fui saber do espectro autista da Greta por meio daquele texto. Porque pra maioria das pessoas, quando iam tratar sobre o eco ativismo dela, sinceramente não importava se ela era autista ou não, o que importava era o que ela trazia. O fato da jornalista ter focado tanto no espectro autista dela, como algo genuinamente pejorativo, é tosco da parte dela, porque não adiciona nada e se muito só caracteriza a Greta como maliciosa e controlada, incapaz de pensar por si mesma, não adiciona em nada a discussão. Então, eu achei muito tosco isso, e só a partir daí que eu fui saber que a que a Greta está no espectro autista, pra vocês terem ideia. Então assim, eu por mais que discorde de tudo do texto eu ainda acho que ele devia estar lá no no Estadão porque eles possuem um editor, ele era responsável por analisar isso antes de publicar. E se ele avaliou que pra empresa seria bom que publicassem aquele texto, deveriam ter mantido ele até o fim. Por mais que fizesse uma errata depois, ou um próprio editorial, esclarecendo o posicionamento da empresa. Eu achei que foi muito mais midiático do que qualquer outra coisa, remover. 

Tânia: Tem, tem tantos erros ali é tão cheio de falhas que foi complicado assim discutir talvez ponto-por-ponto. Lá é uma perda de tempo discutir porque só tem grosseria. Uma falta de respeito com pessoas que têm nível de autismo baixo e podem conviver sem nenhuma percepção da sociedade por coisas estranhas, mesmo assim se for e daí? O importante é a mensagem e ela tá sendo muito bem dada, melhor do que você ficar discutindo. Agora a segunda parte da entrevista foi pior ainda. A gente, que fala sobre preservação, não está necessariamente atrelada ao comunismo e à defesa do marxismo. A gente, quem fala sobre preservação, está preocupado com a riqueza da biodiversidade, a pena por perder tantos recursos, por perder tantos bichos, por diminuir as riquezas desses biomas,  por  dificultar várias pesquisas que poderiam ser feitas com medicamentos. A própria  maravilha de saber que tem tantos animais ainda não descobertos sobre vários biomas. Então essa é a pena, não não tem assim, é porque a gente quer lutar, eu quero lutar pra meio ambiente nada, eu gostaria de ficar na minha casa vendo televisão todos os dias, entendeu? Mas é uma questão que me incomoda. Então, eu sempre tô numa oportunidade que eu tenho de fazer de dar uma aula sobre qualquer tema de socioambiental, eu me movo. Eu tenho meu trabalho, oito horas por dia, seis horas por dia, mas eu sei que tô fazendo trabalhos voluntários. Porque ó, é uma necessidade, assim, quase eu me ligo muito com com os biomas e com  a causa. Então, não é porque eu sou de esquerda, ou se eu tenho preferência mais a esquerda, que eu então, agora, eu arranquei uma luta pra lutar. Puxa. sociedade voltada pro meio ambiente, a gente falasse assim, ah, deixa eu ficar aqui, deixa eu apertar um botão aqui, ah, eu vou escolher aqui onde eu vou usar mais os meus recursos. Ah, vai ser aqui, vai ser ali. Não, não, é ao contrário. É um, é um do homem  ele escolher entre o desenvolvimento e a preservação, isso é uma luta, não é uma coisa tranquila. 

Luca: Eu passei a ver depois desse artigo do Estadão que parece que ele deu energia pra pessoas que já que iam criticar a Greta, a usar o autismo como justificativa, sabe? Eu passei a ver muitas piadinhas dela, que ela, evidentemente, tem um problema pra dar entrevista, ou fica nervosa com isso, ela perde um pouco da compostura, ela não consegue pensar direito em qual palavra falar em seguida. E muita gente fala, ó, a menina, ela não é, ela não é nem humana, olha aí,  ela não consegue nem falar direito, burra demais. Então, isso é uma característica evidente do autismo. Esse tipo de piadinha só passei a ver depois do quadro do Estadão. Então, querendo ou não, acho que seria uma responsabilização que teria que fazer ao Estadão, como empresa, de que, cara, eles voluntariamente ou involuntariamente, acabaram fomentando um tipo de de crítica ainda mais tosca à Greta, que não compete a nada do que ela defende, é simplesmente o que ela é e as pessoas tão criticando aquilo que ela é, é muito mais tosco do que simplesmente criticar ela por conta do que ela defende, sabe? 

Tiago: Tem uma questão aí que é o seguinte, vocês falaram sobre o, a própria postura do Estadão em si e as pessoas que quiseram, que que pressionaram para remover o texto, fizeram todo, toda uma campanha na internet se moveram firmando que o texto violava  o código de ética do do Estadão. O que é algo que eu, particularmente, discordo em parte, porque eu penso que tirando as grosserias mais claras do texto, o texto na verdade, ele era uma crítica conservadora, comum e pobre, sabe? Esse tipo de texto, eu vejo a torto e direito todos os dias dos grandes jornais do Brasil. Tem um pouco de apelo maior porque é uma figura, como uma da Greta, mas não é um texto que foge tanto a regra de alguns textos de opinião que são publicados nos grandes jornais. Eu acho que se não tivesse tido nenhuma pressão por meio de ativistas autistas com relação a remoção do texto, o Estadão não teria feito nada. E eu penso que a remoção do texto e o blog dela de uma forma geral é muito problemática por uma questão assim que pra mim ficou muito óbvia depois, é o reforço da opinião dela, porque ela diz dentro do texto. A linha de argumentação dela é que existe, entre aspas, uma ditadura verde, que as pessoas não têm, digamos assim, abertura a críticas, etc. Aí o que acontece com o texto dela e o blog dela, todo removido do Estadão, o que que ela faz? Ela publica no Facebook que está mais convencida ainda de que ela está com a razão. Então, no fim das contas, as pessoas não têm acesso ao texto dela para criticá-la. Segundo, ela vai se sentir cada vez mais correta na análise do que ela fez, porque o comportamento dela, de certa forma, foi reforçado, porque o texto dela foi removido. Quando eu vejo uma crítica conservadora na internet, uma que ideologicamente eu discordo, a primeira coisa que eu quero é que o texto permaneça, para que a pessoa, se a pessoa tiver falando besteira, que ela receba o máximo de críticas possíveis, se o texto  não fere direitos humanos, se o texto, sei lá, não faz apologia ao nazismo, mas se for só um texto.  que não chega a esse extremo, por mim, eu acho que que tecnicamente é o, é o justo ficar, até porque como jornalista eu penso o seguinte, pode chegar um momento em que eu que estou em outro ponto do espectro político, posso ser prejudicado da mesma forma por pessoas que pensam diferente de mim. E e aí nesse aspecto eu acho perigoso, só pra pra fechar essa questão do jornalismo, eu fico muito preocupado porque eu vejo dentro da comunidade do autismo de uma forma geral, tanto por parte de pais, mas também por parte de autistas que eu estou entre mais autistas, um descrédito da formação jornalística. Então, por exemplo, quando esse texto do Estadão começou a passar pelos grupos de autismo, eu vi pessoas xingando jornalistas, falando que jornalistas eram incompetentes, etc. E eu penso que isso é um desrespeito à profissão, um descrédito lá. A profissão do jornalismo é muito atacada no Brasil. E eu penso que a postura ideal foi a que dois jornalistas, autista, fizeram, que são a, a Selma Sueli Silva e o seu filho, Victor Mendonça, inclusive o Victor participou do Introvertendo, o que que eles fizeram? Eles usaram a plataforma deles, o site deles pra escrever um artigo de resposta, falando de uma forma bastante educada, o porquê que eles discordam do posicionamento dela e foi um tapa de luva. 

Tânia: O importante é o que ela tá fazendo, ela tá tá enfrentando aquele pessoal lá, já subiu no parlamento pra falar sobre um assunto sério. É isso que é importante, sabe? E se ela fica tranquila, porque ela consegue falar isso com tranquilidade e chamar atenção. E ser uma pedra de tropeço. E ela consegue viver bem com isso? Tá, eu acho que você tá fazendo certo? A sociedade precisa se colocar contra os caras ruins. Que é muito muito ruim a gente ter daqui a dez anos a gente saber que a gente não fez nada. Então, até falando, olha, daqui a dez anos, daqui a vinte anos, vocês vão se arrepender. O que vocês querem? Vocês querem se arrepender no futuro? Ou vocês querem ouvir os que cientistas tão falando? Né? Existe um ponto de reversibilidade do que a gente pode fazer. Então daqui a duas gerações vocês vão falar que vocês tinham tudo pra vocês mudarem, vocês não mudaram? Então, o que ela fala, eu repito, eu repito em todos os grupos que falam assim pra mim, ah, a gente tá fazendo um trabalho de formiguinha. Ah, daqui a vinte anos, as próprias últimas gerações já vão sair melhor. Gente, não, a gente tá numa crise climática  que não pode esperar vinte anos para mudar as coisas. A gente tem que levar essa mensagem de que existem coisas a fazer. Sobre sustentabilidade, sobre mudança de energia, mudanças de transporte. Todas as fontes de emissão de gás carbônico e de metano, elas têm que diminuir, os governos deveriam tá pensando nisso. E se não tão, tão errados. Então, a gente não, a gente tem que fazer isso ser transformado no dia a dia. Quem tá na boca do povo. Pra isso reverter em ações que gerem um movimento grande. Então, tudo que a Greta faz é isso. as pessoas, sociedade e governo.

Tiago: Isso que você falou se interliga bastante com um texto opinativo que foi assinado por vários profissionais, não El país que, na verdade, é baseado não só nesse texto do Estadão, com as críticas que sofreu, quanto às críticas feitas à Greta, nos últimos meses na imprensa internacional também, por outras lideranças políticas. E eles falam exatamente disso. Que ela é uma pessoa que incomoda, que ela é uma pessoa que tá chegando onde, onde vai chegar e que as pessoas estão usando tanto o autismo, quanto o fato de ela ser mulher, pra poder atacá-la. E aí, como eu falo novamente, ad hominem não é argumento, é falácia. muito obrigado pela participação aqui do Introvertendo, com certeza a sua participação colaborou bastante, porque com as discussões ambientais, elas, definitivamente, muitas vezes, não fazem parte da questão do autismo, às vezes a própria figura da Greta, não é muito presente, porque ela não se, não discute muito a questão do autismo, foi só mais recentemente então,  a sua participação, com certeza, agrega muito ao debate. Muito obrigado. 

Tânia: Ah, OK, obrigada você. Eu adorei conversar e passaria o dia inteiro conversando sobre o meio ambiente. É sempre uma boa oportunidade. Né?

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Equipe Introvertendo Escrito por: