Introvertendo 02 – Terapia do Amor

Se você é daquelas pessoas curiosas em saber como autistas se relacionam ou flertam nas redes sociais, estamos trazendo Terapia do Amor, um episódio (que terá continuação futuramente) sobre as experiências engraçadas dos nossos podcasters com aplicativos como o Tinder e com temas sexuais no geral. Surfe com a gente nas histórias de internet, mas evite webnamoros, sério.

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Participam deste episódio Abner Mattheus, Luca Nolasco, Michael Ulian e Tiago Abreu.

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Transcrição do episódio

Tiago: Olá, pra você que ouve o podcast Introvertendo, meu nome é Tiago Abreu, como vocês sabem, nós somos o podcast de autistas, feito para neuro diversos e neurotípicos e estamos hoje com o Luca Nolasco…

Luca: Olá.

Tiago: Abner Matheus…

Abner: Olá. 

Tiago: Michael Ulian. 

Michael: Eu amei essa acústica assim, deu dor de cabeça. 

Luca: Já começou errado!

Tiago: E hoje, como sempre, falando temas ultra relevantes, nós vamos falar sobre as nossas experiências minúsculas em aplicativos de relacionamentos e também nos dá vida geral.

Luca: E web relacionamento. 

Tiago: Sim. E amigos também. 

Luca: O web amizade já entra no web relacionamento já. Bom, de qualquer maneira vamos dar início. 

Michael: Ou seja, hoje estaremos na competição de cornos. Em busca descobrir quem tem o maior chifre aqui. 

Luca: Cê não tá vendo o meu aqui não?

(Risos)

Michael: Vai encarar? 

(Risos)

Tiago: E você que acompanha o nosso podcast também pode enviar aí a sua sugestão de tema, seus comentários também para o nosso endereço de e-mail que aparece aí no nosso site e na nossa página do Facebook, e também no nosso Twitter OK? 

Michael: E se você quiser ir na porrada com alguém, o Luca tá aceitando. 

Luca: Tomei chá de grilo aqui e aceito qualquer um.

(Risos)

Bloco geral de discussão

Michael: A gente poderia conversar sobre naquele começo clássico de que a vida começou em reprodução assexuada e os caralhos a quatro. Mas foda-se essa parte. Tudo começa quando um animal surge ele tem um instrumento chamado *PINTO* e outro animal da mesma espécie, tem um instrumento chamado *NÃO PINTO*. Esses dois animais quando se encontram ao invés de se reproduzirem se cortando no meio e assim, surgindo dois animais de cada um.  Os dois “cagam” material genético, dentro do portador do *NÃO PINTO* e esse material genético e é expelido para fora corpo dele. Formando outros animais que vão ter *PINTOS* e *NÃO PINTOS*. Depois que isso acontece, você tem um pouquinho mais pra frente, quando o desenvolvimento do feto para de ser fora do corpo dos animais e vai pra dentro, onde o *PINTO* entra num buraco feito especificamente para acomodar um *PINTO*  e retirar os filhotes quando sair dali. Passando um pouquinho mais pra frente, você vai ter uma criatura chamada Homo sapiens. Ele começa a colocar o *PINTO* no *BURACO*, sem necessariamente ter a intenção de criar filhotes. E esse é basicamente o nicho de onde os relacionamentos humanos surgem, eles deixam de ser apenas relacionamentos reprodutivos passa a ter uma uma “união” dos dois, onde você vai ter os indivíduos que fazem [*PINTO* no *BURACO* e suas variantes] puramente por diversão e não por reprodução, como forma de aprimoramento nos relacionamentos. Ou seja um relacionamento onde você não enfia *PINTO* no *BURACO*, seria um relacionamento que você não tem nenhuma intenção a mais [também conhecido como amizade, mas eu a esta altura aparentemente desconhecia esse termo]. Quando você tem um relacionamento que você enfia *PINTO* no *BURACO*, você tem um relacionamento que começa a ser exclusivo entre aquelas indivíduos, o que a gente chama de relacionamento monogâmico. Embora cientificamente falando, o relacionamento humano seria um tipo falso monogâmico, mas isso é assunto para outro dia.

[Michael Director ‘s Cut: Se eu tivesse que separar um trecho do podcast inteiro como meu favorito, um trecho somente. Seria este que eu intitulei de “A longa história do Pinto.”. Não só é um ponto alto do podcast como provavelmente será a fala mais emblemática que eu deixarei para a história.]

Luca: Ocorre dos relacionamentos modernos. De ocorrer de colocarem o *PINTO* na *ENTRADA USB* do computador pra praticar o famoso websexo. 

Michael: Mas antes da gente chegar nisso, a gente começa no final do século XX. Ou melhor, desde o século XIX, mas isso fica mais evidente no século XX. Uma “[re]desmistificação” de que o *PINTO* no *BURACO* deve ser exclusivo de relações monogâmicas de longo prazo [aparentemente, a palavra casamento também era inédita para mim naquela época]. O ser humano começa a aceitar culturalmente, novamente, desde que a sociedade ocidental como a conhecemos se estabeleceu. Que *PINTO* no *BURACO*, pode ser feito simplesmente por prazer e não como algo exclusivo de um relacionamento de longa data. 

Abner: E hoje isso é grande, né? Você acha na internet uma grande quantidade de *BURACOS ARTIFICIAIS* 

Michael: E para as pessoas que não conseguem achar o seu *PINTO* ou o seu *BURACO*. Como os nossos colegas falaram, hoje em dia, graças a nossa sociedade capitalista moderna, é possível ter fácil acesso a *PINTO* no *BURACO*, seja com outro ser vivo, ou seja, com seres inanimados.

Luca: Não venha falar sobre 2D aqui não, esse aqui é um espaço livre de 2D.

Michael: Não, eu tava falando mesmo de pintos de borracha. 

Luca: Ah, eu pensei que tu estava falando de *WAIFUS*. 

Michael, em voz baixa: 2D é melhor que 3D.

[Michael Director ‘s Cut: para aqueles que não entenderam sobre o que eu e o Luca estávamos falando aqui, eu recomendo fortemente a não ir atrás sobre. Sua vida será melhor sem entender sobre essas coisas, confie em mim]

Tiago: É tipo o consolo feito em tamanho real do pênis do Kid Bengala, né? 

Luca: O pior que consolo existe já tem um tempo razoável. 

Michael: A gente tem registros arqueológicos de pintos de madeira, até porque não existe borracha até tempos relativamente decentes. [E de couro, e bronze. E ainda mais antigos de pedra, alguns com 30 mil anos. Se me lembro bem, o exemplo que eu dei foi de madeira por ter visto uma notícia na época sobre isto]

Luca: No começo o consolo começou a ser difundido não como um negócio de prazer, mas com outro motivo cultural. 

Tiago: Seria tortura? 

Luca: Não, não, a cultura dos caravaneiros do séc XIX levavam consolos como um método de ajudar mulheres “histéricas” a ficarem calmas e tudo mais, não era algo de prazer, saca? 

Michael: Não acredito que deu muito certo isso.

Luca: Sim, mas aí com pouco tempo, tipo, dez anos os caras perceberam que era uma parada que ia…

Tiago: Dar muvuca. 

Luca: É, exatamente.

Michael: Mas é engraçado que um dos registros mais antigos de criações da humanidade não é uma ferramenta, é uma estatueta do que era considerado sex appeal naquela época. A mulher de Vênus, se não me engano, é uma representação do que seria a mulher ideal. Basicamente uma estatueta para se bater punheta. E endêmico, que desde a origem do ser humano a nossa espécie, se diferencia das outras… A sua espécie, na verdade, porque eu sou uma ave superior, obviamente. 

Luca: Eu sou um alienígena, fala deles.

Michael: Porque [o ser humano] é uma das poucas espécies que trepa por prazer. 

Luca: Tem o macaco…

Michael: Os bonobos e algumas espécies de golfinhos. 

Tiago: Acho que outras espécies também como os cães que transam com tudo.

Luca: Com pernas. Mas eu acho que às vezes é por reprodução. 

Michael: Os cachorros são um nível completamente diferente. Cabe um episódio inteiro falando sobre isso. 

Luca: Mas os golfinhos chegam num nível bizarro. O macaco usa isso como um método de cumprimento, de falar “Ei, tudo bem”. Para eles isso é dar uma uma trepadinha ali. Enquanto o golfinho, o que, o que ele achar no mar, ele já tá se maturbando com. 

Tiago: Mas a prática de *PINTO* no *BURACO* ela passou a ser mais mal aceita socialmente nos último século, né? 

Michael: Sim, porque você começa a ter uma cultura mais organizada e centrada em leis morais bem definidas, bem restritivas. E isso é bem recentemente mesmo. Pós Roma, na verdade, até durante o próprio Império Romano, quando eles passaram pelo processo de cristianização.

Luca: Tinha até a questão dos banhos públicos. 

Michael: Você tinha surubas nas saunas e os caralho a quatro. 

Abner: Até porque não tinha banheiro ainda, né? Porque a gente construir banheiros é algo muito recente.

Tiago: Até no Brasil, né? Tem famílias até a década de 1980, no interior, que não tinham banheiro, só tinha em locais como escolas públicas.

Michael: Roma era uma exceção em termos sanitários. Mas eles se fuderam porque usavam canos de chumbo. HA HA HA.

Luca: Falando de relacionamentos modernos, quais foram as suas experiências mais… Estranhas com aplicativos de relacionamentos ou relacionamentos em geral?

Michael: Cara, minha experiência mais estranha que eu tive com o relacionamento foi a primeira vez que eu vi um par de peitos. Para dar um pequeno contexto, quando eu fazia natação, na época dos meus treze ou quinze anos, eu era a única pessoa de sexo masculina da minha turma. E uma das garotas que ironicamente é minha melhor amiga até hoje em dia. Ela estava saindo da piscina e veio falar comigo. O maiô dela era folgado e quando ela se abaixou para falar comigo e bem. Né? Essa foi a primeira vez, mesmo que não seja metade do que eles são hoje, e isso é um elogio. Mas puta que pariu. Peitos a parte, essa é uma das pouquíssimas experiências que eu tenho pra contar.  

[Michael Director ‘s Cut: Normalmente em casos onde uma frase não passa exatamente o que o locutor queria passar. Como aqui em que eu queria descrever a minha reação, ou melhor a falta dela, durante o acontecido. Eu normalmente reescreveria a frase por completo de forma que deixasse mais claro o que a pessoa tentou falar. Nesse episódio em geral eu optei por evitar ao máximo esse tipo de correção pois para mim esses detalhes fazem parte da alma desse episódio e de vários outros do começo do podcast… E também para me dar mais desculpas para continuar fazendo esses meta-comentários enquanto eu lentamente transformo essa transcrição no meu próprio “Director’s Cut”, para desespero do Tiago que muito provavelmente, queria publicar isso ainda no domingo]

Luca: E você, Tiago?

Tiago: Pessoas ou conteúdos no geral? 

Michael: O que você achar de mais bizarro dentro de todos as coisas bizarras que aconteceram na bizarrice que é sua vida, tu fala.

Tiago: Eu acho que a situação mais bizarra de, temas sexuais no geral da minha vida foi quando eu tinha 13 anos, a minha mãe tinha uma melhor amiga que morava na rua vizinha. E essa e essa vizinha dela, que até hoje é uma pessoa muito legal, de vez em quando, visita a gente ainda. Ela era casada com um cara, que era mais velho e que já tinha um filho antes de ter ela. Então, sei lá, ela tinha 34 anos na época e o filho dele já tinha 17. E esse filho mais velho dela era gay. Isso todo mundo já sabia. Só que ele ficava a madrugada toda no computador e ninguém sabia o que ele fazia nesse computador. Um dia de manhã, ela chegou lá em casa e falou assim, “ô Tiago, você que manja de computadores aí, tem como você ir lá na minha casa pra poder ver um negócio pra mim?” Eu falei, “tá”. Ela falou,” então bora”. Aí eu fui lá com ela e tal, ela chegou no computador, falou: “olha, eu quero que você saiba o que que o carinha tal está acessando”. Aí eu: “beleza, né”? A gente foi lá ligar o computador, fuçando o Windows XP da época. Aí quando eu acho uma pasta, é uma pasta com tanto pornô gay, mas tanto pornô gay e ela ficou toda animada em assistir e eu todo sem graça lá, sabe, vendo cada cena de pornô gay, sabe? E aí ela acessou outra pasta, “olha, tem contos eróticos aqui, bora ler”. Ela não conseguia ler, sabe? Ela pediu pra eu ler. E eu lendo contos eróticos pra ela, sabe? 

Luca: Já teve gente que pediu pra eu ler contos eróticos para ela. Foi uma experiência bem engraçada. Mas a minha experiência mais estranha não foi com relacionamento, mas no Tinder. Eu estava com uma pessoa que vai soar meio estranho e pesado ficar zoando isso. Então, vou evitar zoar. Mas a pessoa era podólatra. Sentia tesão em pé. Daí, OK, eu não ligo. O foda foi que, no meio da conversa, lá, parou tudo, falou, cara, tira seu tênis aí, porque se seu pé for bonito a gente transa.

Tiago: Caramba.

Luca: No meio da conversação, eu fui lá e tirei o tênis e nós não transamos e não foi por escolha minha, foi por escolha dela, porque meu pé é horrível. É muito feio.

Tiago: Então outras podólatras podem fugir da sua vida.

Luca: Infelizmente sim. 

Michael: Engraçado de falar de coisas estranhas, cara, você gosta de Jojo. Você é um Jojofag cara. Não. 

[Michael Director ‘s Cut: Eu me pergunto se eu soubesse o quão grande seria o nosso público. Se eu teria feito tantas referências a animes assim. Mas este é apenas um monólogo meu.

Luca: Vocês já chegaram a usar Tinder ou alguma coisa do tipo? 

Tiago: Eu usei Tinder durante dois anos e assim. As experiências de Tinder que tive, elas foram horríveis no geral. mas eu vou destacar duas experiências. A primeira, foi com um menina daqui de Goiânia, que eu conversava, ela mora ou ela morava, pelo menos, na época, no Bueno. E ela falou: “olha, eu não entro muito por aqui, me adiciona no WhatsApp”, aí eu fui começar a conversar com ela no WhatsApp. E aí, a gente começou a ter uma boa interação, ela gostava muito de música, ela tocava um monte de instrumento, tocava piano, teclado, violão e tal. E eu assim, eu sou meio stalker. Aí então eu fui pesquisar ela em outras redes, achei o Facebook dela, quando eu entrei no Facebook eu levei um susto. Ela era casada e o marido dela tava na Suíça e enfim. Não conversei mais com ela depois disso. 

Michael: Ou seja, o Tiago não precisa esmagar a rata dela.

[Michael Director ‘s Cut: OK, de todas as referências que eu fiz neste episódio, eu diria que essa é a que perdeu sentido mais rápido. Esse meme era muito bom, pelo menos.]

Luca: Não quis colocar a web chifres no no web esposo dela. 

Tiago: Minha segunda experiência foi uma outra pessoa que eu conheci no Tinder e a gente se conheceu pessoalmente. Mas eu não fui aceito porque eu era tímido demais, porque a pessoa também, teoricamente, era tímida demais. 

Michael: Ou seja, a pessoa não quis esmagar a sua rata. 

Luca: Acho engraçado que com o Tinder, eu comecei a usar pra um motivo completamente obtuso, que era aprender a conversar com gente. E eu até agora acho que aprendi um pouco. Depois que tiveram as experiências mais voltadas ao sexual, mas inicialmente foi basicamente só pra conversar. 

Tiago: A melhor forma de treinar o autismo. 

Luca: Cara, foi realmente muito boa, porque para conversar pela internet. É um processo razoavelmente fácil, então, pra mim foi ótimo, eu realmente aprendi muita coisa. Hey, usem Tinder, crianças. É muito produtivo. 

Tiago: Não podem porque a gente denuncia, tá? Menores de idade eu já clico para denunciar.

Michael: Não, pode sim, é só tomar cuidado com rolas muito desproporcionais ao seu tamanho, porque senão isso vai acabar dando ruim pra cês dois. E isso vale em qualquer rede social que você tem experiência. Ou você vai dizer que você nunca se cadastrou nesses sites de relacionamento querendo esmagar umas ratas? Cara, até eu.

Abner: Bom, falando da minha experiência agora, né, com o Tinder. Então, é aquela coisa, você dá, dá 500 mil coraçõezinhos lá. Mas, geralmente, com muita sorte, só um match ou dois. E foi o que eu recebi. Mas das duas vezes não deu em nada com as meninas que eu conversei. Uma delas eu quase conheci pessoalmente na faculdade, na mesma faculdade que a minha. Ela cursa psicologia. Mas a outra também, é de outra cidade de Anápolis. Mas, bom, pra mim, eu já acho que o time, você conhece, mas fica meio que naquela, como pode ser? Você quer chutar o gol, mas não chuta. Enfim, é aquele atacante perna de pau mesmo. Então, pra mim, pra mim hoje não faz diferença mais não, esse aplicativo.

Tiago: Inclusive, tem outras redes com objetivos mais diretos. Se a pessoa que é sexo, ela vai no Bate-Papo UOL. Ou no Badoo.

Luca: Ou nos comentários do G1. 

Tiago: Nos comentários do G1 ou então em sites de sexo, né? Que as pessoas ficam trocando o WhatsApp. 

Michael: Quem nunca teve experiência no Bate-Papo UOL?

Luca: Eu, nunca tive. Sou um jovem, sou criança.

Michael: Você é um Jojofag, é por isso. Mas a minha única crítica ao Tinder é a ausência de pássaros nele. A gente tá tão próximo do império antártico e até hoje eu não dei, eu não vi nenhum outro pássaro por lá. 

Luca: Eu vou, vou criar um perfil para cada pombo da minha rua. 

Michael: Eu prefiro aves, mas menos encorpadas. 

Luca: Vou criar um perfil para cada galinha que tem aqui de perto do, eu não sei, de onde vem aquelas galinhas? Tem granja por aqui? 

Michael: Aqui em Goiânia, é bem comum ter galinhas criadas no meio da rua. Se você se perguntaram por que o Otávio não está aqui, sinto-lhe informar, mas ele não morreu, ele só tá doente mesmo. 

Luca: Tá no processo, mas ainda não. 

Tiago: E o Marcos também não está aqui pra nos atender. 

Michael: Provavelmente, ele ao invés de estar falando sobre putaria está fazendo putaria. 

Luca: Que isso, jamais! Ele é uma pessoa proba, é um garoto brilhante. 

Michael: Vocês são seres humanos, seres humanos só pensam em trepar, vai tomar no cu!

[Michael Director ‘s Cut: Ok, se alguém estiver se perguntando. Sim, eu conversava exatamente desse jeito nessa época. E falaria assim até hoje, teria a vida adulta cobrado um preço tão alto]

Luca: Mas, cara, é engraçado que, no Tinder, eu formei boas amizades de verdade. Uma galera que que virou amigo assim, não tem nem interesse sexual e tudo mais. Só amizade que eu prezo, assim, acho legal. É uma uma coisa que existe um estigma no Tinder, até porque a maior parte das pessoas usam, de fato, só pra acalmar a coceira que tem na virilha. 

Tiago: A chamada fast foda. 

Michael: Então, a partir do momento, falaremos apenas rata. 

[Michael Director ‘s Cut: Frases desconexas e irrelevantes para conversa. Pelo menos esse costume eu nunca perdi.]

Luca: Mas, cara, e comigo funcionou pra fazer amizade, foi produtivo. É isso, cara. Não tenho muito mais o que falar no momento. 

Tiago: As minhas experiências não foram nada agradáveis, por isso eu sempre usei outras coisas, mas tem umas redes sociais mais submundos ainda, que são muito mais pesadas e o pessoal já vai direto mesmo. A pessoa nem conversa com você, já manda foto do membro…

Michael: Mas isso é comum, cara. É praticamente uma regra universal, se você está conversando com homens em redes sociais, com o objetivo de encontro. Você vai receber toneladas e mais toneladas de *PINTO*.

Luca: E as vezes nem com objetivo de encontro. Se você nunca recebeu uma foto de pinto na internet, você está fazendo algo de errado. É simples assim. 

Tiago: Você tem que receber, pelo menos, uma foto de pênis para avaliar, sabe? 

Michael: Mas, sério, se você nunca presenciou uma raid do 55ch no bate papo Uol em que tinha mais CP sendo postado pelos usuários comuns que pelo pessoal atacando o site. Você não viveu ainda. Ou você é um jojofag.

[Michael Director ‘s Cut: Houve um trecho de áudio cortado aqui, pela baixa qualidade. Mas a minha frase aqui completava uma curta conversa que tivemos sobre o lado mais obscuro desses sites. Tentando manter o clima leve com uma dose cavalar de humor negro. Clássico Introvertendo velha guarda.]

Abner: Mas gente, saber o que eu estou aprendendo agora? A arte da encenação, para flertar. Porque parece que realmente você está encenando a pessoa entende o ar de…

Michael: Ar de tesão. 

Abner: É de tesão, coisa que, numa conversa online, pelas redes sociais, fica um pouco inacessível, por mais que você opte por colocar emojis. Nem sempre tem emojis que demonstram exatamente o que que você quer.

Michael: Isso provavelmente vai vir como tema futuro, coisa bem interessante. Falar sobre como funciona a comunicação intrapessoal na internet. Ela é bem diferente da comunicação pessoal 

Tiago: E inclusive assim essa questão de flertar eu acho que é um desafio assim gigantesco pra nós principalmente pelas sutilezas da linguagem. Por isso que pela internet é menos caótico ainda do que pessoalmente. Porque eu, particularmente, sou um tipo de pessoa que eu só sei corresponder ao desejo de ficar com alguém se a pessoa falar, eu quero ficar com você, porque eu sou uma completa pedra na hora de entender se uma pessoa está interessada ou não por mim. 

Luca: Só um adendo aqui, não mandei foto de *PINTO* para uma pessoa que não pediu foto de pinto. É isso que eu queria falar. 

Michael: E se você não tem pinto, o conselho vale também pra você, porque futuramente é bem provável que a pessoa vá querer ver seu pinto, mesmo que você não tenha. 

Luca: E outra coisa, se se a pessoa pediu foto do seu pênis, geralmente não fodas, pessoas, óbvio, mas geralmente ocorre só dela, querer ver tamanho, não é porque sente um certo tesão. Mas é só uma dica que eu tô dando porque às vezes não é muito legal você ultrapassar o limite que a pessoa já estabeleceu. Não o faça. 

Michael: Tem dúvida acerca do tamanho? Mandar use um rolo de papel higiênico. Se não caber, provavelmente a pessoa ficará feliz. [E você não precisa mandar a foto, todo mundo ganha com isso.]

Abner: Gente, foi bom estar com vocês compartilhando sobre esse assunto, mas eu preciso ir nessa. Beijinhos no coração e até mais.  

Tiago: Então, pessoal, o Abner já se despediu. E agora nós somos três. 

Luca: Cara, o flerte comigo é engraçado, porque eu consigo até flertar razoavelmente bem na internet. Eu só consigo flertar com pessoas que eu já tive contato inicial na internet, em geral assim. Então, pra mim facilita bastante isso. Se eu tiver conhecido a pessoa pessoalmente, é improvável que eu tenha capacidade de flertar com ela com pouco tempo de conversa, que seja só pessoal. Não sei vocês, podem falar aí. 

Michael: É, eu simplesmente, não sei o que acertar isso é algo que não existe. Na verdade, existem algumas espécies de aves mais dentro do gênero Larus, simplesmente não existe. Ainda mais com uma gaivota autista então, realmente, não existe duplamente. No caso então. Eu seria bem direto, simplesmente, vamos reproduzir aí? 

[Michael Director ‘s Cut: Certas coisas nunca mudam, mas a essa altura, eu estou começando me perguntar se não foi melhor para mim ter saído do personagem.]

Tiago: Eu também sou muito ruim de flertar, inclusive, todas as pessoas que eu já fiquei na minha vida até hoje, nenhuma delas já tomei uma iniciativa direta a todas as pessoas ou se tinha um consentimento, assim, mútuo de que era pra existir um envolvimento ou a pessoa me agarrou. 

Luca: Flerte não é necessariamente você ter essa essa pegada. Flerte é mais aquele jogo da sedução, de ficar mandando indiretinha, de ficar falando sobre como você queria sarrar na pessoa pela internet, quando, na verdade, não vai ocorrer. coisa, não é necessariamente tomar iniciativa. 

Tiago: É quase ter uma web namorada, né? 

Luca. É quando você tem um web namoro, ocorrem muitos flertes.. 

Tiago: E você já teve uma web namorada? 

Luca: Já, já, quatorze anos, foi uma época de…

Michael: Temos um webcorno entre nós. 

Tiago: Como foi a história? 

Luca: Foi um envolvimento interessante até, era uma amiga minha que nós começamos a gostar um do outro. Chegamos até a dar presente, assim, eu dei coleção d’o Guia do Mochileiro das Galáxias para ela de aniversário, que era bem próximo do meu, e ela me deu uma blusa do Pink Floyd. Foi bem produtivo, bem legal mesmo. Até hoje ela é muito amiga minha. 

Tiago: De que álbum do Pink Floyd?

Luca: The Dark Side of the Moon.

Tiago: Mais clássico impossível. 

Luca: Devia ter dado um do Final Cut.

Tiago: Ou do Momentary Lapse of Reason.

[Michael Director ‘s Cut: Nunca mude, Tiago, nunca mude.

Michael: Reza a lenda que eu já fui casado. Eu já tive um web casamento. Reza a lenda.

Luca: Eu também.

Tiago: Dê detalhes, por favor.

Michael: Esses são todos os detalhes. É uma lenda, cê acha que eu sei?

[Michael Director ‘s Cut: Confesso que eu tinha me esquecido disso. Então tecnicamente eu realmente não sei? Bem, a minha memória voltou agora e… Céus

Luca: Os meus web casamentos são só de brincadeira. 

Tiago: Eu tive um web pré-namoro em 2013, mas eu não até hoje eu não sei dizer se era simplesmente uma brincadeira, ou se era algo sério e enfim, ficou por assim mesmo também. Mas eu nunca levei muito a sério essa coisa de relacionamento pela internet não, inclusive eu não coloquei nenhuma fé no Tinder quando eu comecei a usar, mesmo sendo o raio daqui de Goiânia, mas tem um experimento de Tinder que é muito legal, principalmente se você tiver no meio do sertão e você o Tinder com raio de cem quilômetros, você praticamente só vê gente de fora. As pessoas da cidade, do interior assim, elas não tem muito costume de usar Tinder. 

[Michael Director ‘s Cut: Uma coisa desse episódio que eu queria ser capaz de transmitir em texto. São os tons de voz do Tiago nesse episódio, principalmente nessas partes em que o tom de voz mais triste eleva a fala dele para outro patamar. Mas isso é aquém das minhas habilidades como escritor atualmente.]

Luca: Eu acho engraçado porque todas as pessoas com quem eu me envolvi como na verdade com todo mundo, mas começou como amizade sabe? E, em geral, a amizade começou na internet. Como minha ex-namorada, que eu conheço ela pessoalmente, mas a maior parte do tempo conversamos inicialmente, foi pela internet. Qualquer pessoa que, que eu planejo sair, não necessariamente com envolvimento amoroso ou ou planejamento sexual, eu preciso antes ter uma afinidade e essa afinidade desenvolvo conversando pela web e tudo mais, sou um jovem moderno.

[Michael Director ‘s Cut: O mesmo vale para o Luca. Em todos os episódios. Ele usa muito bem a entonação de voz para carregar contexto em suas frases que também nem sempre é facilmente convertida em texto.]

Tiago: E e essa afinidade seria uma espécie de sexualidade? 

Michael: Moderno? 

Luca: Não, moderno. Modernoso. 

Michael: Tu é coxinha! Tu é conserva! Como assim você já não cai de boca na piroca da mulher, cara? 

Luca: Pô, cara, porque é difícil, eu preciso gostar da pessoa.

Michael: Então, cara, essa coisa de conserva, cara. Só conserva age assim. Vai dizer que só transa antes do casamento também?

Luca: Sim.

Tiago: Era depois, não? 

Michael: Desculpe, obviamente, como eu sou de outra espécie, eu não sei direito o costume de vocês, humanos. 

[Michael Director ‘s Cut: Por outro lado, meu sarcasmo é tão forçado que eu realmente não preciso fazer absolutamente nada sobre para transmiti-lo em texto. E isso não é um auto-elogio, mais para o contrário. Bem mais.]

Luca: Você tinha perguntado sobre envolvimento… Demissexualidade! Pra quem não conhece, demissexualidade é uma questão de pessoas que só sentem afinidade voltada ao sexual por pessoas que, cujo os quais elas se interessam pelo…

Tiago: Pela qual elas sentem uma conexão, né?

Luca: É! Uma conexão, é aquele negócio, tudo mais, eu não sei descrever, desculpa.

Michael: No reino aviano, isso é uma necessidade reprodutiva. 

Luca: O que ocorre comigo é que eu preciso conhecer a pessoa, porque eu tenho muita timidez e muita dificuldade de me expressar com estranhos. Então, se eu for sair com uma pessoa semi desconhecida, eu acho meio difícil. Ocorre de eu fazer isso com pessoas do Tinder, mas eu, quando faço isso, acabo me alcoolizando pra conseguir interagir bem. Até agora deu certo, uma hora vai dar errado. 

Tiago: Uma característica que eu já percebi assim, pelo menos, na maioria dos aspies que eu conheço, é essa questão você ter um vínculo com alguém, antes de você estabelecer uma intimidade, e parece que é um modo de segurança, assim, que que a gente estabelece. Até porque a gente não consegue manter vínculos com muitas pessoas, né? Então, eu acho que é uma questão artificial assim de proteção que a gente tem. 

Michael: Esse comportamento do asperger é ainda mais complicado, porque nem sempre dá certo. Como eu disse, a espécie humana possui uma falsa monogamia, não é uma espécie realmente monogâmica, a gente tem relações mono que são facilmente “quebradas”, são relações sólidas. Você vai no reino animal e pega uma relação realmente monogâmica, um casal, vai ser um casal do começo desde o primeiro ano, até o último. E quando um dos morrer, o outro não vai ter outro relacionamento até ele morrer. Isso não é regra na espécie humana. Mas quando cê pega o asperger. A forma de pensar dele se assimila muito mais ao comportamento de animais verdadeiramente monogâmicos do que animais falsos monogâmicos.

Luca: Eu não tenho essa questão de monogâmica tão estrita comigo não. Tudo bem que eu tenho uma dificuldade enorme para desenvolver laços e quando são desenvolvidos é muito difícil de eu me largar deles, mesmo que a outra pessoa tenha largado, mas não acho que me aproximo tanto da monogamia verdadeira a ponto de ser mais próximo dela do que da, dos humanos. 

Michael: O engraçado é que apesar de ser o comportamento do asperger sugerir uma tendência a monogamia verdadeira. Isso não quer necessariamente dizer que ele só vai esmagar uma rasta na vida. 

Tiago: É porque tem a questão do apego, né? Muito forte. 

Michael: Sim também, tem a questão da fidelidade. Quando eu falo de monogamia verdadeira e falsa, eu tô falando de traços genéticos que influenciam traços comportamentais. Mesmo animais com uma monogamia verdadeira, eventualmente podem ter um segundo parceiro. Ou seja, da mesma forma que Aspergers podem ser garotos de programa. Geralmente quando a pessoa, asperger ou dentro espectro quer desenvolver uma relação. Ela quer. Então se isso falhar, isso não sair do jeito que você está pensando, dessa interação ser negada é bem impactante. Enquanto para maior parte das pessoas e fora de um espectro neurotípico, isso já é parte do processo. Você vai interagir com uma quantidade absurda de pessoas onde poucas vão ter resposta, das poucas respostas, poucas vão ter continuidade, os poucos vão ter continuidade. Eu não sei o que acontece depois… Eu nunca cheguei nesse ponto. 

Luca: O que ocorre comigo é que eu já entrei num estado de aceitação depois de muito sofrimento de que eu não vou conseguir manter amizades por muito tempo. Então eu só me esforço para estabelecer a amizade. E até pra isso é um pouco difícil. Ocorre de eu não me interessar mais pela pessoa. Assim, a conversa estava fluindo ótimo e tudo mais, mas eu não tenho interesse nenhum mais em manter aquilo lá. Pode votar e, possivelmente, vai votar um interesse com o tempo, mas na hora não. Então, eu sou muito dependente de pessoas que tenham uma vontade enorme de conversar comigo, porque se não ocorrer é improvável que eu mantenha uma conversa diária. Mas também ocorre de pessoas que compreendem isso e aceitam conversar comigo quando eu tô no clima. Então, as conversas não são nem um pouco contínuas, mas quando ocorrem. São bem prazerosos e ocorre bem tranquilo. Mas é algo difícil de acontecer. 

Tiago: Inclusive, uma coisa, assim, nesse aspecto mais relacional, que o Marcos fala muito e vou falar isso porque o Marcos não tá aqui, talvez seria interessante. Ele fala muito que num relacionamento nós precisamos, nós temos uma necessidade de solidão, né? No sentido de que por mais que nós interagimos e nós estamos de coração dentro de uma integração romântica, a gente precisa ter o nosso espaço e nem todo mundo consegue entender isso, né? Tem gente que principalmente as pessoas emocionais, pessoas mais com algum problema emocional, mais fragilizados. Com com algum diagnóstico e aí são pessoas um pouco mais complicadas assim de lidar, porque às vezes o asperger pode soar como uma pessoa muito fria ou muito calculista. Mas como nós falamos em outro episódio, nós não precisamos às vezes dizer, te amo e nós demonstramos o amor de outras formas, às vezes de formas bem desagradáveis, bem chatas.

Michael: Por favor, não demonstre amor pelo amiguinho, arrancando do estômago dele, fazendo sopa de intestinos, não é legal. 

Luca: Não demonstre seu amor pelo amiguinho mandando uma foto do pau para ele. Ao menos que ele peça.

Michael: É, isso também não é legal.

Tiago: Também não mandem nude da alma, tá? Muito obrigado. 

Luca: Poetas modernos, eu odeio vocês!

Michael: Odiamos vocês.

Tiago: O único poeta que eu aceito é o poeta de sunga. 

Luca: O único poeta que eu aceito é o Romero Britto, porque ele é poeta que não escreve, ele só demonstra os sentimentos pelas pinturas belíssimas dele. 

Michael: Tinha que ser Jojofag para gostar de Romero Brito. 

Tiago: Não, ele só não gosta do Romero Brito. Como ele tem uma coleção de talheres. De talheres não, de panos de prato e copos do Romero Britto. 

Luca: Eu tenho talheres também.

Tiago: Eu fico imaginando panos de prato do Romero Britto, sabe? 

Michael: É tipo um pano de prato normal, cheio de figura sem noção, ele só tem uma assinatura, Romero Brito. 

Tiago: E já que a gente tá falando de Romero Britto e de relacionamentos, imagina uma camisinha do Romero Britto?

Luca: Eu não sei porque você trouxe esse assunto cara. Me perturba muito saber. 

Michael: Eu cheguei a conclusão que o da posse porte de lança-chamas no Brasil é estritamente proibida por causa do Tiago. 

Luca: Um assunto delicado pra mim por favor. Romero Britto me emociona um pouco. Desculpa galera. 

Michael: Finalizando esse episódio, eu gostaria de citar o pensamento dos grandes filósofos Dedo No Cu e Gritaria.

Luca: Achei que cê ia falar do Python.

Michael: “Vamos dançar todos nus, todos nus.”

Luca: Já pode fechar!

Michael: “Todo mundo com o dedo no cu, menos eu.” É com essa grande frase, nós encerramos, eu quero que vocês realmente pensem nessa frase, porque ela meio que sumariza todo episódio de hoje em apenas alguns segundos.

[Michael Director ‘s Cut: Você tinha razão, Gaivota de um passado distante. O que significa que infelizmente eu termino aqui essa pequena edição especial de comentários sem ter algo tão marcante quanto isso para dizer.]

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Equipe Introvertendo Escrito por: